Economia

Inflação deve estourar teto da meta mas não sai do controle, afirma Tombini

Presidente do BC diz que órgão está ‘vigilante’ e que combate ao aumento dos preços vai trazer mais confiança aos brasileiros

Tombini: "Podemos ter um terceiro trimestre de acomodação, isto é esperado pelos participantes do mercado, mas será mais favorável do que as pessoas estavam esperando" Foto: Ailton de Freitas/2-4-2013
Tombini: "Podemos ter um terceiro trimestre de acomodação, isto é esperado pelos participantes do mercado, mas será mais favorável do que as pessoas estavam esperando" Foto: Ailton de Freitas/2-4-2013

BRASÍLIA — O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, admitiu nesta terça-feira que a inflação acumulada nos últimos 12 meses deve estourar o teto da meta em breve. Atualmente, o IPCA — índice usado oficialmente — está em 6,5%, o limite máximo aceitável dentro dos objetivos traçados pelo próprio governo. Numa audiência no Senado Federal, ele alertou que o Brasil precisa reduzir o nível de indexação da economia e reafirmou que o BC está "vigilante" para que a inflação caia no segundo semestre e que essa tendência permaneça ao longo do tempo.

— A avaliação do Banco Central é que a inflação tem estado, está e continuará sob controle — afirmou o presidente do BC, que completou: — Posso assegurar que o Banco Central está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre e para assegurar que essa tendência persista neste e nos próximos anos.

Indagado por um dos parlamentares se o BC tenta jogar o dólar para baixo para tentar frear a inflação, Alexandre Tombini afirmou que o BC não usa o câmbio para controlar os preços, mas que atua apenas para evitar volatilidade.

— Nossa política é neutra. O câmbio flexível é uma fortaleza para a economia. Temos uma política de retirar volatilidade do mercado. Nós estamos sempre preparados para extrair volatilidade do mercado quando entendemos que essa volatilidade é excessiva.

Ele ressaltou que nas últimas semanas tem crescido a volatilidade nos mercados pelo mundo na expectativa de que os Estados Unidos voltem a aumentar os juros. E isso traz duas consequências importantes para o Brasil: o encarecimento dos financiamentos externos e a alta do dólar, que é um fenômeno mundial, e deve aumentar o rombo nas contas externas.

— Mas o Brasil está e estará preparado para enfrentar eventuais ventos contrários — afirmou antes de lembrar que o país tem reservas internacionais em torno de US$ 375 bilhões.

Sobre crescimento, Tombini disse que a tendência global é que haja uma intensificação em 2014. No Brasil, segundo ele, o principal suporte da atividade continuará a ser o mercado interno. E os investimentos devem continuar a crescer.