Edição do dia 10/03/2013

10/03/2013 22h36 - Atualizado em 10/03/2013 23h41

Menor que disparou sinalizador teve ajuda de outro torcedor

De acordo com peritos, o menor que assumiu a culpa foi, com certeza, quem soltou o sinalizador.

O Fantástico traz uma revelação no caso do menino boliviano morto depois de ser atingido por um sinalizador, no jogo do Corinthians. De acordo com peritos, o menor que assumiu a culpa foi, com certeza, quem soltou o sinalizador. Mas o que ninguém sabia até agora é que outro torcedor da Gaviões da Fiel ajudou o garoto.

O Fantástico teve acesso a alguns vídeos e fotos que ajudam a entender melhor o que aconteceu nas arquibancadas do jogo Corinthians e San Jose, 18 dias atrás, em Oruro, Bolívia.

As cenas foram ampliadas, e, com recursos de computação gráfica, ganharam nitidez.

A pedido do Fantástico, peritos criminais analisaram o material. O perito Nelson Massini, professor de medicina legal da Universidade Federal do Rio de Janeiro, chama a atenção para um ponto importante.

Segundo ele, a imagem - captada por uma TV boliviana - mostra que o corintiano, de 17 anos, contou com a ajuda de pelo menos mais um torcedor da Gaviões da Fiel.

A imagem mostra quando o menor pega o sinalizador dentro da mochila, entrega a bolsa para outro torcedor e só então faz o disparo.

Ao Fantástico, no dia 24 de fevereiro, o menor afirmou que tinha feito tudo sozinho. “Não, não protegi ninguém não. Eu só quero assumir meu erro mesmo”, disse ele.

Em detalhes, mostramos passo a passo as conclusões dos peritos. As fotos do corintiano que assumiu ter disparado o sinalizador não podem ser mostradas por ele ser menor. Mas os peritos viram todas as cenas "limpas", sem o efeito que esconde o rosto.

Nelson Massini diz que algumas características físicas ficam evidentes, mesmo com o recurso de embaçar as imagens. Por exemplo: o formato do rosto.

“Ele tem um rosto fácil de ser identificado. O pescoço. A gente pode notar as orelhas salientes, em abano”, analisa o perito Nelson Massini.

Primeiro, o perito analisa a imagem de uma TV boliviana que mostra o instante exato do disparo de um sinalizador. Até o momento, as investigações indicam que esse foi o sinalizador que matou o boliviano Kevin Espada, de 14 anos. Depois, Nelson Massini analisa outra imagem - bem mais nítida - captada por uma equipe da TV Globo, segundos depois do lançamento.

Comparando as duas cenas, o perito identifica a posição exata de quem soltou o sinalizador. Usa como referência três pessoas que estão ao redor dele.

“Ele se localiza no centro do triângulo. Ele continua na mesma posição. Ele está aqui agora de maneira muito mais perceptível. Ele percebe que alguma coisa deu errada. Ele sai da posição e se desloca para um outro local da torcida”, mostra o perito e professor da UFRJ, Nelson Massini.

A partir dessa imagem, o perito afirma: trata-se do menor que confessou tudo. “É ele mesmo que se apresentou e a gente localiza ele perfeitamente nas imagens. Sem dúvida nenhuma, diz  Nelson Massini.

Uma foto da Agência Corinthians reforça a conclusão de Nelson Massini. Ela foi tirada cerca de 30 minutos depois do disparo do sinalizador. O menor aparece bem de frente, em outra posição na arquibancada.

“100% de garantia de que é ele”, afirma o perito.

O Fantástico também consultou a Associação Brasileira de Criminalística.

“Existe a possibilidade realmente clara de que pode ser a pessoa”, diz Cássio Thyone Almeida, da Associação Brasileira de Criminalística.

E quem seria o corintiano que segurava a mochila enquanto o menor fazia o disparo do sinalizador? Nelson Massini analisou uma foto dos 12 torcedores presos na Bolívia, acusados de envolvimento na morte do menino Kevin. Segundo o perito, aparentemente, não é nenhum deles.

“Isso que é importante, que alguém estava realmente ali que deve ser investigado, próximo a ele”, destaca Nelson Massini.

O promotor de Justiça que cuida do caso no Brasil avisa: “Qualquer pessoa que tenha concorrido para a prática do crime, essa pessoa também vai responder pelo crime, na medida da sua culpa”, afirma o Thales Cezar de Oliveira.

Procurado pelo Fantástico, o advogado Ricardo Cabral, que defende o menor de idade e também a Gaviões da Fiel, não quis gravar entrevista. Em nota, disse que o jovem "equivocou-se na declaração sobre a localização de sua mochila e, agora, reconheceu que ela estava com um torcedor desconhecido, num degrau superior ao seu, na arquibancada".

Segundo o advogado, esse outro torcedor está no Brasil e se chama Cristiano Rocha de Miranda, apelido ‘Magrão’. Ainda de acordo com a nota, Cristiano alegou que o menor de idade pediu para que ele pegasse a mochila. Mas que ele, Cristiano, não sabia que o sinalizador estava dentro.

Cristiano disse ainda que não conhecia o menor, apesar de terem viajado para Bolívia no mesmo grupo. O advogado disse que Cristiano não daria entrevista, porque só vai se pronunciar na Justiça.

A justiça boliviana deve decidir na próxima terça-feira o futuro dos 12 torcedores que continuam presos em Oruro. O depoimento que o menor prestou ao Ministério Público de São Paulo vai ser enviado esta semana para a polícia da Bolívia, que concentra as investigações.

As autoridades de lá já adiantaram que o corintiano que assumiu ter disparado o sinalizador deve ser considerado cúmplice na morte de Kevin Espada. E não o único responsável.

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