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Coreia do Sul entra em alerta de 'ameaça real' diante de ameaças do Norte

É o último nível antes da situação de guerra

Soldados patrulham em Paju, perto da zona desmilitarizada de Panmunjom, na Coreia do Sul
Foto: Ahn Young-joon / AP
Soldados patrulham em Paju, perto da zona desmilitarizada de Panmunjom, na Coreia do Sul Foto: Ahn Young-joon / AP

SEUL - A União Europeia afirmou nesta quarta-feira que não vai retirar seus diplomatas da região, apesar do aumento das tensões na Península Coreana. Os exércitos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos elevarem seu nível de alerta para “ameaça real” - último nível antes da situação de guerra - perante indícios que o governo norte-coreano estaria se preparando para o lançamento de mísseis de médio alcance. O Ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Yun Byung-se, confirmou que o Norte deslocou um projétil balístico à sua costa leste e que está pronto para ser disparado a qualquer momento.

Um míssil de médio alcance não conseguiria atingir o continente americano, mas estaria num raio de alcance de bases dos EUA no Pacífico, como Guam, assim como Coreia do Sul e Japão.

- Apesar das atuais tensões, que deliberadamente tentam aumentar através da retórica agressiva, julgamentos que a situação no terreno não justifica evacuar ou realocar as missões diplomáticas dos estados membros da União Europeia, nem na Coreia do Norte, nem na Coreia do Sul - disse Catherine Ashton, porta-voz da representante da UE para a política externa, que também apelou para que Pyongyang “evite mais declarações ou ações provocativas”.

A mensagem foi uma resposta ao alerta dado pelos norte-coreanos na semana passada, de que o país não poderia garantir a segurança dos diplomatas após 10 de abril. Yun Byung-se pediu à China e à Rússia para interceder por um acordo com o Norte, em um esforço de aliviar a crise na Península Coreana. Desde que o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções a Pyongyang depois de um novo teste de armas nucleares no mês passado, o governo norte-coreano tem feito reiteradas ameaças de uma guerra nuclear.

- De acordo com os dados obtidos por nossos serviços de inteligência e dos Estados Unidos, a possibilidade de lançamento de um míssil pela Coreia do Norte é muito alta - disse Yun Byung-se, segundo a agência Yonhap.

Em meio ao aumento de tensões na Península Coreana, Pyongyang ameaçou, também hoje, atacar cidades japonesas. Como medida de precaução, o Japão instalou baterias antimísseis no centro de Tóquio para proteger a capital. Na terça-feira, os EUA admitiram pela primeira vez que veem como real a possibilidade de que a Coreia do Norte lance um míssil sem aviso prévio e sem esclarecer se o lançamento serviria a um teste ou a um ataque.

Apesar das ameaças, a capital da Coreia do Sul, Seul, mantinha um clima de tranquilidade. Os escritórios funcionaram normalmente e a população lotou os cafés da cidade. Já a Coreia do Norte entrou em um período de festividades. O país celebra, nos próximos dias, o primeiro ano de ascensão formal do presidente Kim Jong-un ao poder, o 20º aniversário do regime de seu pai, Kim Jong-il, morto em 2011, e o aniversário de seu avô Kim Il-Sung, o fundador do Estado, na próxima segunda.

Devido às celebrações, as ameaças quase diárias contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos nas últimas semanas foram silenciados pela mídia estatal nesta quarta-feira. A agência de notícias KCNA informou que os norte-coreanos estavam “fazendo o seu melhor para decorar cidades”.

Em Washington, o almirante Samuel Locklear, comandante das forças dos EUA na região do Pacífico, disse que os militares dos EUA acreditavam que a Coreia do Norte tinha deslocado um número indeterminado de mísseis Musudan à sua costa leste. O Musudan pode atingir alvos a uma distância de 3,5 mil quilômetros ou mais, de acordo com a Coreia do Sul, o que colocaria o Japão dentro do alcance e poderia ameaçar Guam, base americana.