Valor OnLine

02/01/2013 12h57 - Atualizado em 02/01/2013 13h47

Caixa e BB suspendem crédito para MRV por lista de trabalho escravo

Construtora voltou a ter filial incluída em cadastro de trabalho escravo.
Problema foi em obra em Curitiba, segundo site do Ministério do Trabalho.

Do G1, com informações do Valor Online

A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil suspenderam novos contratos de crédito para a MRV Engenharia, que teve seu nome incluído no Cadastro de Empregadores, lista de pessoas físicas e jurídicas que cometeram infrações contra trabalhadores.

Segundo a Caixa, apenas os novos créditos ficam suspensos. Os empreendimentos já contratados terão seu curso normal para liberação das parcelas e para o financiamento para os compradores das unidades habitacionais.

"A Caixa Econômica Federal informa que já adotou as mesmas providências adotadas em relação à ocorrência anterior, ou seja, suspendeu a recepção e contratação de novas propostas de financiamento de produção de empreendimentos com a referida empresa", afirmou o banco em nota.

Em nota, o BB afirmou que "cumpre rigorosamente o estabelecido na portaria interministerial n° 2, de 12/05/2011. Ela trata da inclusão de empresas infratoras no cadastro de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas às de escravos. O Banco do Brasil também é signatário do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil". O banco no entanto, alegou que suas relações comerciais com seus clientes "são protegidos pelo sigilo bancário e comercial".

Lista
A MRV Engenharia informou nesta quarta-feira que uma das filiais da construtora mineira foi incluída em cadastro do Ministério do Trabalho de empregadores que tenham submetido funcionários a condições análogas às de escravo, conforme a mais recente atualização da relação.

Segundo comunicado, a inclusão é referente a uma fiscalização conduzida em 2011, "em que foram identificadas supostas irregularidades promovidas por empresa terceirizada que prestava serviços para a MRV, a qual não trabalha mais para a companhia desde 2011".

A empresa não especificou o projeto nem a localidade em que foram identificadas as irregularidades, mas, no site do Ministério do Trabalho, a versão atual do Cadastro de Empregadores cita a inclusão, em dezembro, das obras do Edifício Cosmopolitan, em Curitiba, no Paraná. O ministério atualiza o cadastro a cada semestre.

Queda na bolsa
Na manhã desta quarta, os investidores reagem à notícia vendendo os papéis da empresa, que lideram as perdas do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, com baixa de 3,67% às 12h20 (horário de Brasília), cotados em R$ 11,54. No mesmo horário, o índice registrava alta de 2,44%.

"A queda das ações acontece mais por conta da imagem da companhia do que por um resultado material, pois ainda é muito cedo para calcular quais serão os impactos. A MRV já não tem reportado resultados bons e o público da empresa, principalmente de baixa renda, está atento a este tipo de propaganda negativa", diz o analista Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research.

Um outro analista afirma que o principal problema é a insegurança criada entre investidores pela reincidência da MRV na lista do Ministério do Trabalho. 'Já no ano passado a MRV teve três casos, em municípios diferentes, e agora em um quarto local, Curitiba. Fica a incerteza se poderão ocorrer mais casos', diz.

 

Eduardo Silveira, analista do Banco Espírito Santo, ressalta ainda a insegurança maior entre investidores internacionais. Silveira considera exagerado se falar em "trabalho escravo" no caso da MRV, mas que o termo acaba saindo na mídia internacional e assustando o investidor estrangeiro. "Ver lá fora a palavra 'escravidão' acaba sendo extremamente negativo".

Inclusão anterior
Em agosto passado, a construtora e incorporadora mineira teve dois projetos incluídos na lista do Ministério do Trabalho: Residencial Parque Borghesi, em Bauru, e Condomínio Residencial Beach Park, em Americana, ambos no interior de São Paulo.

Em setembro, a empresa obteve liminar em mandado de segurança junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ter seu nome retirado do cadastro.

No comunicado desta quarta-feira, a companhia informou estar tomando medidas e ações cabíveis para promover a exclusão de seu nome do cadastro "e prestar os devidos esclarecimentos necessários junto aos órgãos competentes e ao mercado em geral".

"A MRV construiu uma reputação alicerçada na ética, na credibilidade e no respeito a todos com os quais se relaciona e vem a público reafirmar seu compromisso com a responsabilidade social", acrescentou.

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