11/04/2013 11h54 - Atualizado em 11/04/2013 12h44

Fiscais de São Sebastião encontram barreira de óleo em mangue

Para administração, material foi 'esquecido' pela Petrobras após vazamento.
Por nota, a estatal nega que a barreira esteja encharcada de óleo.

Carlos SantosDo G1 Vale do Paraíba e Região

Prefeitura de São Sebastião encontra barreira com óleo em manguezal  (Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião)Barreira de contenção encharcada de óleo foi encontrada na quarta-feira (10), durante trabalho de vistoria das áreas atingidas pelo vazamento marítimo. (Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião)

Uma barreira de contenção de óleo foi encontrada no mangue da praia da Enseada por fiscais da Prefeitura de São Sebastião no fim da tarde de quarta-feira (10) - cinco dias após o vazamento de 3.500 litros de combustível marítimo no píer do Terminal Almirante Barroso (Tebar). Os danos ambientais causados pelo incidente estão sendo investigados por órgãos ambientais e pelo Ministério Público. Por nota, a estatal negou que a barreira esteja encharcada de óleo, como é divulgado pela Prefeitura de São Sebastião.

A barreira de contenção tem cerca de três metros de comprimento e foi 'esquecida' pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, após os trabalhos de limpeza e contenção do vazamento, que tiveram início no dia do acidente e foram concluídos na segunda-feira (8).

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito do Rego, a barreira estava encharcada de óleo. Segundo ele, o caso é grave e mostra a negligência da estatal com o vazamento de óleo na cidade.

"Eles esqueceram uma barreira de contenção em um local atingido. Isso é, mais do que qualquer coisa, prova do tamanho do desleixo da empresa. Agiram com bastante imperícia nesse caso. Fazem a limpeza, mas não são capazes nem de levar o lixo embora", explicou ao G1.

Para o secretário, a recuperação do mangue atingido deve levar ao menos seis meses, mas ambientalmente ainda é preciso fazer uma avaliação mais precisa. Rego também disse que vai anexar o caso em um relatório que está sendo feito pela prefeitura para mostrar que o vazamento atingiu importantes ecossistemas de São Sebastião.

"Isso mostra que, primeiro, o lugar foi contaminado por óleo e, segundo, que é um desleixo danado. O mangue é um dos ecossistemas mais frágeis que temos, é berçário de vida na natureza", afirmou.

Os trabalhos de vistoria das áreas atingidas devem ser finalizados nesta quinta-feira (11), quando devem ser feitas navegações para se chegar a alguns locais ainda não acessados. Com o relatório, a prefeitura irá responder órgãos que cobram informações sobre o vazamento, como o Ministério Público.

Além do relatório com os impactos ambientais, a Prefeitura de São Sebastião contesta a informação da Petrobras de que 3.500 litros de combustível marítimo teriam vazado no acidente. Para a prefeitura, a quantidade é muito superior ao que foi divulgado pela estatal. A prefeitura informou que vai multar a Petrobras em R$ 50 mil, o que equivale a dez autuações de R$ 5 mil. O valor da autuação é o máximo que pode ser aplicado.

Nesta quinta-feira (11), a Transpetro informou que  mantém equipes de prontidão para a realização de vistorias constantes e recolhimento de amostras em toda a orla de São Sebastião e Caraguatatuba, conforme estabelecido em acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

A empresa também informou que foi confirmado nesta quinta-feira que não há resquícios de óleo no mar e na região costeira das cidades de São Sebastião e Caraguatatuba. As equipes de monitoramento recolheram a barreira encontrada na Praia da Enseada e diz que, ao contrário do que foi informado pela Prefeitura de São Sebastião, a barreira não está encharcada de óleo.

A estatal afirma ainda que a praia da Enseada e a Foz do Rio Juqueriquerê não foram atingidas pelo vazamento.

Investigação
O Ministério Público Estadual e o Federal abriram inquérito para apurar os danos ambientais causados pelo vazamento de combustível marítimo no píer do Tebar em São Sebastião.

A mancha de óleo atingiu 11 praias das cidades de Caraguatatuba e São Sebastião. O trabalho de contenção e limpeza durou quatro dias. A Cetesb multou a empresa em R$ 10 milhões na última segunda-feira e a presidente da estatal, Graça Foster, informou na terça-feira (9) que a Petrobras vai recorrer da decisão do órgão ambiental. De acordo com a empresa, o vazamento foi 3,5 mil litros, mas a prefeitura de São Sebastião contesta a informação e afirma que foram de 8 a 12 mil litros lançados ao mar.

São Sebastião pede que banhistas evitem nove praias da cidade (Foto: Reginaldo Pupo/ Estadão Conteúdo)Funcionário da Petrobras durante o trabalho de remoção do óleo em São Sebastião. (Foto: Reginaldo Pupo/ Estadão Conteúdo)

Vazamento
O vazamento de óleo foi detectado pela Transpetro durante um teste em uma rede que, segundo a empresa, estava sem uso há algum tempo e havia passado por um reparo. O incidente foi por volta das 17h50 de sexta-feira (5) e a comunicação à Cetesb ocorreu 30 minutos depois, ainda de acordo com a empresa. Desde então a empresa realizou ações de contenção e remoção das manchas.

Para remover as manchas de óleo que se espalharam pela orla, foram lançadas barreiras de contenção e utilizados helicópteros na identificação de eventuais manchas de óleo que possam ter escapado desses limites.

Durante a tarde de sábado (6), a mancha chegou a atingir Caraguatatuba. Inicialmente, a mancha que atingiu a enseada da cidade vizinha tinha cerca de três quilômetros de extensão, mas ela chegou a se dividir. Uma parte dela ficou localizada próxima à Praia da Enseada, em São Sebastião, e a outra no Rio Juqueriquerê, no limite entre as duas cidades. Neste domingo, pelo menos três praias de Caraguatatuba foram atingidas.

No início da limpeza, a empresa informou que disponibilizou uma equipe de 300 pessoas e 37 embarcações, algumas usadas no recolhimento e armazenamento do produto, e outras para lançamento ao mar de vários tipos de barreiras de contenção e de absorção.

De acordo com levantamento feito pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foram 23 ocorrências de vazamento de navios que fundeaiam o terminal e do óleoduto nos últimos dez anos. As duas maiores, segundo a base de dados, foram uma em agosto de 2011 com lançamento de 2 mil litros de resíduos no mar e o da última sexta-feira.