Economia

Os pontos fortes e fracos do Brasil na atração de investimentos

Conclusões são de estudo do Boston Consulting Group

RIO – Confira abaixo a capacidade do Brasil de atrair o olhar estrangeiro ponto a ponto, segundo o estudo do Boston Consulting Group.

1 - Infraestrutura Física

O elogio. Serviços básicos estão disponíveis para praticamente toda a população.

A crítica. Segundo o levantamento, “a qualidade da infraestrutura aérea está agonizando em comparação com os outros 13 países”. O estrangulamento da demanda e a baixa oferta são apresentados como a principal razão para o desempenho ruim do setor. O Brasil fica entre as piores posições em 4 dos 5 pontos verificados neste pilar, com destaque para a qualidade ruim e os custos das telecomunicações, a péssima mobilidade urbana e, destacado com a última posição, a qualidade do transporte aéreo.

— A infraestruturada está saturada em portos, aeroportos e rodovias. O grau de investimento tem que aumentar exponencialmente em muitos setores. O governo não tem capacidade financeira, dado o déficit que temos, de fazer todos os investimentos sozinhos.. — analisa André Xavier, sócio do BCG. – O país precisa deste fluxo de capital e os estrangeiros estão, ainda, olhando com bons olhos para o Brasil. É um casamento importante, não podemos perder este momento.

2 - Conectividade Global

O elogio. O país tem feito grande progresso na abertura para a economia globalizada, com destacado papel na América Latina.

É de longe o quesito mais criticado. Foi reprovado em todos os 11 itens analisados, incluindo abertura a produtos importados, a serviços estrangeiros, ao fluxo de capitais, expansão de suas multinacionais e abertura para imigrantes. Em suma, apontou o país como uma nação fortemente protecionista, o que dificulta a entrada dos investimentos estrangeiros, justamente, no momento, o fator mais importante para o país manter a trajetória ascendente da economia.

— Observando os dados mais recentes da economia brasileira, os investimentos realizados no Brasil são altamente concentrados em poucos segmentos, o que é muito pontual dada a necessidade de investimentos em quase todos os setores da economia — analisa Daniel Cunha, economista da XP Investimentos.

3 - Ambiente macroeconômico

O elogio. O país conta com estabilidade e certo grau de previsibilidade econômica. É crescente sua posição como um lugar seguro para se investir. Dos sete itens avaliados para este quesito, o Brasil só se destaca positivamente com a primeira posição quando se trata da estabilidade econômica.

A crítica. Os pontos mais fracos são a desigualdade de renda e a baixa taxa de poupança e de Investimento. Isso significa que o Brasil vai continuar precisando de investimentos estrangeiros a fim de alcançar as taxas de crescimento desejadas - que giravam em 3% antes da divulgação do Produto Interno bruto (PIB) na última quarta-feira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que deve ficar abaixo desse patamar.

— O governo demonstra esforços em melhorar esta situação. O modelo de crescimento brasileiro está bem questionável e próximo do limite — diz João Paulo Brugger, da Leme Investimentos.

4 - Ambiente Institucional

O elogio. Investidores interessados no país encontrarão uma democracia estável e com leis mais sólidas.

A crítica. No entanto, terão que lidar com um judiciário lento e com taxas astronômicas para calcular os custos de se fechar um negócio. O Banco Mundial calcula que para uma empresa se estabelecer em Hong Kong são necessários 280 dias, enquanto no Brasil não fica por menos de 731. Dos seis itens analisados neste quesito, o Brasil fica abaixo do patamar médio em todos, incluindo flexibilidade do mercado de trabalho, e se destaca com ampla folga como o pior lugar para se fazer pagamento de taxas empresariais, perdendo até da China.

5 - Capital Humano

O elogio. A demografia brasileira é de causar inveja a todos os países. Investidores estrangeiros encontrarão um amplo mercado com população jovem, figurando neste item com a primeira posição. Devido as expectativas econômicas, tornou-se atraente para profissionais estrangeiros qualificados.

A crítica. O país ficou atraente para profissionais estrangeiros bem qualificados justamente porque não possui uma educação primária de qualidade. Assim, não consegue formar a quantidade de capital humano necessária para sustentar o crescimento de sua própria economia. Cerca de 87% da população se matriculou no ensino fundamental, mas apenas 27% destes fizeram matrícula na universidade. Neste quesito, foi reprovado em 9 dos 11 itens analisados, entre eles, intensidade da pesquisa e desenvolvimento e disponibilidade de engenheiros e gerentes.

— O investimento na formação de profissionais de nível técnico é essencial para superarmos esta lacuna em alguns setores da economia. O ensino superior público no país, para aqueles que conseguem acessá-lo, é de qualidade e forma bons profissionais — analisa Adriana Vianna, gerente da consultoria britânica HAYS — Já o nível fundamental e técnico precisa ser reforçado e se faz necessário também um trabalho cultural para reforçar a relevância de profissionais destes níveis para a sustentação e crescimento econômico do país.

6 - Infraestrutura Financeira

O elogio. Segundo o relatório, os investidores no Brasil podem ficar despreocupados com seu dinheiro pois o país é protegido por um sistema bancário bem equipado e dito como um dos melhores do mundo, deixando-o a frente dos Estados Unidos e Reino Unido.

A crítica. Apesar da excelente posição, o Brasil perde quando se trata do mercado de capitais. Conta com poucas empresas listadas em bolsa e baixa exposição de debêntures – com apenas 1% do PIB, enquanto na China fica em 9%, 10% na França e 36% na Coreia do Sul. Dois oito itens avaliados, o Brasil fica abaixo da média em três.

7 - Imagem

De longe, é o pilar mais bem elogiado. Dos nove itens verificados, o país ficou abaixo da média em cinco. “É o país mais aberto a novas ideias entre todos os analisados. Está entre os mais atraentes a turistas muito por sua cultura”, aponta a pesquisa. A imagem positiva reflete na capacidade de atrair eventos internacionais: celebrou 304 congressos em 2011 contra 133 em 2003, colocando-o na 7ª posição no mundo.

A crítica. A insegurança coloca as cidades brasileiras longe do desejo de estrangeiros de tê-las como suas moradias fixas, perdendo inclusive de cidade mexicanas e indianas. Além disso, conta com poucas marcas e empresas com apelo internacional.