10/04/2013 15h31 - Atualizado em 10/04/2013 18h33

BRF tem que pensar em internacionalização, diz Abilio Diniz

Eleito para presidir conselho, empresário se diz 'animado e 'inquieto'.
Ele promete levar sua experiência em 'gestão de pessoas e processos'.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo

O presidente eleito do conselho da BFR, Abilio Diniz, e o presidente da empresa, José Antonio Fay. (Foto: Darlan Alvarenga/G1)O presidente eleito do conselho da BRF, Abilio Diniz, e o presidente da empresa, José Antonio Fay. (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

O novo presidente do Conselho de Administração da BRF, Abilio Diniz, afirmou nesta quarta-feira (10) que irá trabalhar pela internacionalização da companhia, defendendo os interesses da empresa como um todo.

“Não vou ser aqui nesta companhia de nenhum dos acionistas, vou ser uma pessoa da companhia. Vou fazer o melhor que eu puder pela companhia, para fazer com que a BRF seja muito maior do que ela é”, afirmou nesta quarta-feira em sua primeira entrevista para jornalistas após ser eleito como 'chairman' da gigante de alimentos em assembleia de acionistas realizada na véspera em Itajaí (SC).

“Uma companhia que domina 65% do mercado interno tem que pensar em internacionalização”, destacou Abilio. Ele informou que hoje a BRF exporta para 130 países e tem cerca de 40% de sua receita gerada por vendas para o exterior.

“Fazer internacionalização será bom, a empresa irá se desenvolver mais ainda, ela vai colher experiências de fora para dentro”, acrescentou, defendendo ainda que a BRF passe a “vender mais marcas e não tanto commodities”.

Ele confirmou também que o atual presidente da BRF, José Antonio Fay, permanecerá como CEO da companhia e que o conselho irá avaliar "sem pressa" as alternativas de reestruturação, incluindo a criação de uma empresa global e subsidiárias em outros países.

"Vamos procurar, neste momento, revisitar a companhia, e depois escolher qual é o melhor modelo", disse Abilio.

Fay, que também participou da entrevista, afirmou que entre os próximos pontos da pauta do novo conselho, está a avaliação e decisão sobre a construção de uma fábrica na China.

'Nunca fiz nada de importante' fora do GPA, diz Abilio
O empresário afirmou estar muito feliz, motivado e "até um pouco inquieto" com o novo desafio. “É um dia muito especial para mim. Nunca tive outra casa para trabalhar que não tivesse sido o Pão de Açúcar. Nunca fiz nada de importante profissionalmente que não fosse dentro do Pão de Açúcar, com exceção dos 10 anos que trabalhei para o governo como membro do Conselho Monetário Nacional, mas que eu considero minha década perdida”.

Abilio Diniz afirma que não há conflito de interesses com o Pão de Açúcar (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Abilio diz que não há conflito de interesses com o Pão
de Açúcar (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

Segundo Abilio, entre as contribuições que ele poderá dar para a companhia, além da sua experiência em distribuição e varejo, é na área de gestão e liderança. “Vou começar por aquilo que conheço melhor, conversando com as pessoas, vendo como estão os métodos de gestão e os processo, e além disso, olhar no macro”, disse.

Ele revelou ainda que a primeira conversa sobre a sua ida para o conselho da BRF foi feita pelos acionistas do fundo de investimento Tarpon, e que, em seguida, o assunto também foi discutido com a Petros, fundo previdenciário da Petrobras.

Participação de quase 3% na BRF
Abilio informou ainda que não pretende aumentar a sua participação acionária na BRF e que deverá manter a maior parte do seu patrimônio no Grupo Pão de Açúcar (GPA).

“Tenho alguma coisa [de participação na BRF], quase chegando a 3%. Não é minha intenção aumentar muito mais do que isso”, afirmou, elogiando a atual divisão acionária pulverizada da companhia, que não possui um único dono.  “Não é de ninguém e é de todos”, disse.

Hoje, os maiores acionistas individuais da companhia são os fundos Previ (12,2%), Petros (12,2%), Tarpon (8%) e Blackrock (5,1%).

“A companhia está pronta para um novo ciclo. O Abilio traz todo um conhecimento de mercado e distribuição que vai contribuir para que a companhia continue acelerando o seu processo de internacionalização”, destacou o presidente da BRF, José Antonio Fay.

'Vim muito seguro, ouvindo muita gente'
Sobre os desentendimentos com o Casino, que vê conflito de interesses na permanência de Abilio na presidência de dois conselhos, uma vez que a BRF é uma das principais fornecedoras do GPA, o empresário rechaçou a tese.

"Vocês não devem imaginar que se eu vim para cá, eu vim assim aéreo. Eu vim muito seguro, ouvindo muita gente", disse, descartando qualquer possibilidade de conflito de interesse.

"Se houvesse, eu simplesmente não estaria nos dois conselhos. Procuro ter uma padrão de correção na minha vida”, afirmou. “Não há nenhum problema, nenhuma incompatibilidade. Eu não sou CEO das duas empresas, sou presidente do conselho de administração. Não participo do dia a dia e das discussões operacionais”, acrescentou.

Segundo Fay, do ponto de vista da companhia, a discussão sobre o possível conflito de interesse não existe mais. “Esse assunto foi superado ontem pela assembleia. Não é mais  uma discussão da BRF”, afirmou.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de