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Mancini se defende após expulsão:
"É a 2ª em 10 anos, sempre respeito"

Técnico é expulso no meio do primeiro tempo por discussão com a arbitragem. Comandante ainda avalia que planos foram "por água abaixo" com gols cedo

Por Belo Horizonte

 

Vagner Mancini foi expulso aos 35 minutos do primeiro tempo e precisou acompanhar o restante da partida de um dos camarotes do Mineirão. Ao deixar o campo, sua equipe já perdia por 2 a 0 para o Cruzeiro - gols sofridos aos 5 e aos 15 minutos. Após a partida, o treinador se defendeu sobre sua expulsão. Justificou que era a sua segunda em 10 anos de profissão. E que sempre tenta respeitar os membros da arbitragem.

Mancini explica que o quarto árbitro o teria ignorado em algumas tentativas de tentar falar com ele. E que, em determinado momento, teria dito que não tinha obrigação de falar com o treinador, o que acabou irritando-o e provocando a confusão e, consequentemente, a expulsão.

Questionado sobre se seus planos táticos para a partida foram desfeitos com os dois gols sofridos logo nos primeiros minutos, Mancini nem tentou esconder. A desvantagem no placar mudou tudo o que planejara para o encontro com o líder do Brasileiro no Mineirão. O treinador viu um abatimento natural da equipe após o revés, além de uma queda no emocional dos atletas.

O técnico comentou ainda sobre um episódio, que deverá ser relatado na súmula da partida. O delegado do jogo, Juliano Lobato, confiscou dois telefones celulares que estavam em uma bolsa de um dos membros da comissão técnica alvinegra, sob a alegação de que estariam sendo usados para que os auxiliares recebessem instruções de Mancini, expulso. O técnico, contudo, disse desconhecer o episódio.

Confira a entrevista do técnico do Botafogo no Mineirão:

vagner mancinii cruzeiro x botafogo (Foto: Denilson Dias/O Tempo/Agência Estado)Mancini, em expulsão (Foto: Denilson Dias/O Tempo/Agência Estado)

Planejamento
- Foi, né (por água abaixo). Levar um a zero aos quatro minutos, depois o segundo gol, tem de alterar o plano de jogo. Você estuda o adversário a semana toda, pensando em uma solução, uma postura defensiva, que não sofresse risco, aí sofre o gol. Assim, as coisas tendem a ficar muito mais difíceis. O segundo gol foi um erro de passe nosso, o Egídio achou uma falta. Aí até arrumar a equipe leva um certo tempo. Além do abatimento natural, o emocional pesa, isso acabou só sendo acertado no intervalo e isso fez com que o Botafogo jogasse muito pouco no primeiro tempo. Sabíamos que seria um jogo muito difícil - completou.

Expulsão
- Difícil dizer se teve algum tipo de influência (no resultado). Claro que lugar de treinador é ao lado do time. Essa foi a minha segunda expulsão em 10 anos, sempre tento respeitar a arbitragem. Aconteceu uma falta do Dedé, o estádio inteiro viu que deveria ser aplicado o amarelo, aí aconteceu outra falta onde o atleta do Botafogo foi advertido com o amarelo. Me dirigi ao quarto árbitro, que já tinha falado comigo algumas vezes, e ele me ignorou. Ele simplesmente adotou uma postura arrogante. Saí da minha área técnica para falar com ele, e ele disse: "Não tenho obrigação nenhuma de te dar atenção". Me dirigi a ele com educação. Depois disso claro que não. Houve uma discussão ríspida, mas não entendi o motivo da arrogância, sempre com muita educação atendi a todos os árbitros. O árbitro veio, sem saber o que estava acontecendo, e me colocou para fora. A gente se vê desse 'tamanhozinho' diante de um poder absoluto. Não falei nada fora dos padrões e quem estava ali perto sabe disso aí. Então é óbvio que fico chateado, mas não é um assunto que gostaria de estar aqui falando - explicou.

Celulares confiscados
- Não procede, desconheço essa informação. Temos uma base no Rio de Janeiro, o meu outro auxiliar fica lá passando as informações. O meu está aqui, certamente esse não foi (neste momento, o técnico mostrou o seu celular).

Luta contra o rebaixamento
- Não está sendo fácil, não é difícil de entender, o Botafogo vive uma situação desesperadora porque tem de vencer as partidas e ao mesmo tempo superar uma série de problemas. Diariamente tem de superar alguma coisa para no fim de semana ter força para ir lá jogar. Não é fácil vir jogar aqui no Mineirão contra o Cruzeiro, em uma situação em que o líder tem de vencer para continuar a caminhar rumo ao título, e o Botafogo tem de vir somar pontos, sendo que o Cruzeiro perdeu muito pouco aqui. O momento é desconfortável, mas todos temos de dar aquela força interior, em um ano muito difícil, para que a gente possa se superar e tirar o Botafogo dessa situação. Uma vitória hoje nos tiraria da zona, então está tudo aberto ainda.

Jobson titular?
- Diante do que o Jobson mostrou hoje, sim. Ele ficou um período inativo, isso atrapalha, entrou duas partidas, não teve um bom desempenho, hoje entrou bem melhor, foi quem mais levou perigo ao gol do Fábio, então talvez tenha chegado o momento dele de novamente entrar na equipe.

Resultado no Mineirão
- Todos nós sabíamos que seria difícil pontuar aqui hoje, mas tínhamos de lutar porque o futebol te mostra sempre que havendo superação, entrega, muitas vezes você supera os seus limites. Temos de ter entrega, luta, e ponto a ponto tentar conseguir uma condição melhor. Que nesses próximos jogos possamos pontuar, sair da zona, e manter isso rodada a rodada para chegar feliz ao fim do Brasileiro por termos nos superado. Outras equipes também estão com a mesma dificuldade, é um campeonato muito disputado e vai assim até a última rodada. O Botafogo vai seguir lutando e sobrevivendo até a última rodada. Não é porque perdemos hoje no Mineirão que vamos sair daqui de cabeça baixa.

Desgaste
- Tínhamos uma certa dificuldade no segundo tempo, porque o Murilo sentia cãibra, o Andreazzi também, tinha de saber o grau de resistência. Tive de tirar o Andreazzi, o Murilo nos últimos minutos teve uma queda física. O Carlos Alberto está bem melhor, mas ainda também distante do que a gente sabe que ele pode ser. Espero que a gente consiga fazer contra o Atlético-PR algo mais semelhante com o que fizemos no segundo tempo hoje.

Carlos Alberto
- O Carlos Alberto é um cara que se envolve demais com tudo. É um dos pilares do grupo, tem ajudado bastante, a simplicidade dele faz com que todo mundo acredite muito no que ele já viveu no futebol e tenta passar. Tenho certeza que ele e alguns outros vão saber como injetar o ânimo nesses meninos, porque é um elenco que mescla jovens e alguns mais experientes.