19/03/2013 18h03 - Atualizado em 19/03/2013 19h49

Com mais três corpos encontrados, Petrópolis tem 27 mortes após chuva

Mais cedo, corpos de 2 meninos e 1 menina foram achados em córrego.
Dezesseis mortos foram identificados no IML; veja a lista parcial.

Isabela Marinho e Tássia ThumDo G1 Rio, em Petrópolis

José Ventura (à esquerda) ajuda bombeiros a resgatar o corpo  do sobrinho Nicolas em Petrópolis (Foto: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)José Ventura (à esquerda) ajuda bombeiros a resgatar o corpo do sobrinho Nicolas em Petrópolis (Foto: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)

Mais três corpos foram encontrados no fim da tarde desta terça-feira (19) e o número de mortos em consequência da chuva em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, subiu para 27. A informação foi confirmada pelo coronel Sérgio Simões, comandante do Corpo de Bombeiros, em entrevista à GloboNews. Entre quatro e oito pessoas ainda estão desaparecidas, e as buscas foram interrompidas ao anoitecer.

Dezesseis corpos haviam sido identificados no Instituto Médico Legal (IML) até as 17h, segundo segundo o delegado titular da 105ª DP (Petrópolis), Alexandre Ziehe (veja lista no fim da reportagem). Sete continuavam sem identificação.

No início da tarde, três corpos – de dois meninos e uma menina – foram encontrados em um córrego na altura do km 82 da BR-040, no bairro Bingen. Segundo os bombeiros, os corpos percorreram cerca de um quilômetro desde o local do deslizamento que atingiu as crianças.

A chuva que atinge a região desde a noite de domingo (17) e que se intensificou na madrugada de segunda (18) já deixou outras 18 pessoas feridas e 1.466 desalojadas e desabrigadas.

A Prefeitura de Petrópolis contratou mais 100 pessoas para ajudar no trabalho de limpeza e recuperação da cidade.

Ao todo, 18 abrigos recebem pessoas que tiveram que deixar suas casas. Os locais precisam, de acordo com a administração municipal, de material de limpeza e higiene, como sabonete, papel higiênico, desinfetante, sabão em pó, além de colchonetes. O local para a entrega de doações é na rua Doutor Sá Earp, no Centro da cidade.
 

Por volta das 6h desta terça, os bombeiros retomaram as buscas pelos desaparecidos nos pontos mais críticos atingidos pelo temporal. Durante a madrugada, 18 sirenes foram acionadas nas comunidades como alerta.

Durante as 24 horas anteriores de chuva, o índice pluviométrico do bairro Quitandinha, o mais atingido pelo temporal, chegou a 428 milímetros, quase o dobro do esperado para todo o mês de março. Pelo menos quatro pessoas morreram nessa área. No bairro Independência foram confirmadas três mortes.

"Desde o início da operação, fizemos 37 ações de busca e resgate. Resgatamos 39 feridos e, lamentavelmente, na noite de ontem, computamos a décima sétima vítima fatal", informou o secretário estadual de Defesa Civil, Sérgio Simões, no início da manhã, antes da confirmação do aumento do número de mortos.

Presidente Dilma Rousseff dá entrevista em Roma, depois de participar da missa de inauguração do Papa (Foto: Juliana Cardilli)Presidente Dilma Rousseff dá entrevista em Roma
e fala sobre as chuvas no RJ (Foto: Juliana Cardilli)
Não deixar construir. Não pode deixar construir. Em uma questão de emergência, a pessoa tem que sair. Tem que ter essa consciência"
Dilma Rousseff

'Não pode deixar construir'
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (19), ao ser perguntada por jornalistas sobre quais seriam as medidas "um pouco mais drásticas", defendidas por ela na segunda, para evitar desastres causados pela chuva, que não se pode "deixar construir" em áreas de risco.

Dilma havia afirmado ontem que "vão ter de ser tomadas medidas um pouco mais drásticas para que as pessoas não fiquem nas regiões que não podem ficar, porque aí não tem prevenção que dê conta".

Nesta terça, ela voltou a comentar sobre o assunto, pouco antes de participar de uma reunião com o presidente da Eslovênia, Borut Pahor, em Roma. "Não deixar construir. Não pode deixar construir. Em uma questão de emergência, a pessoa tem que sair. Tem que ter essa consciência", afirmou a presidente.

Na manhã desta segunda, Dilma ligou para o governador Sérgio Cabral oferecendo ajuda. No Brasil, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foi mobilizada para, segundo a presidente, prover "todos os recursos necessários para que não haja mais vítimas".

Na tarde de segunda, o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, recebeu o governador Sergio Cabral, parte do secretariado estadual (Defesa Civil, Obras, Assistência Social, Educação, Cultura, Agricultura, Transportes e Governo) e mais a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, com três representantes do órgão, para dar início às ações conjuntas.

Junto com os R$ 200 mil liberados por Bomtempo para a realização de compras emergenciais de colchões, cobertores, alimentos, água potável e produtos de higiene pessoal, por meio do Fundo de Assistência Social, o governo do Estado afirmou que vai destinar mais R$ 3 milhões para dar continuidade às ações.

Chuva matou mais de 900 em 2011
Em janeiro de 2011, as chuvas fortes que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro a partir da noite do dia 11 provocaram deslizamentos de morros e enxurradas com velocidade de até 180 km/h, de acordo com especialistas. Estradas e pontes foram destruídas, e bairros inteiros ficaram isolados.

Mais de 900 pessoas morreram, e cerca de 400 mil moradores ficaram desabrigados. Nova Friburgo teve mais de 420 vítimas, e Teresópolis registrou mais de 380 mortos. Em Petrópolis, mais de 70 corpos foram encontrados.

Moradora Maria do Rosário observa no quintal alagado; água quase entrou pela janela durante temporal (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)Moradora de Duque de Caxias teve casa inundada
durante temporal (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)

Bairros alagados em Duque de Caxias
Sem chuva desde a madrugada desta terça-feira (19), moradores das áreas mais atingidas do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, começam a tentar limpar suas casas e contabilizar os prejuízos. A forte chuva que caiu no final da noite de domingo (17) até a noite de segunda-feira (18), deixou até as 9h da manhã desta terça-feira 115 pessoas de 32  famílias desalojadas no município. As informações são do major Vilson Santos, da Defesa Civil municipal.

Embora o nível da água nas ruas já tenha baixado bastante, ainda havia inúmeras áreas alagadas e trechos onde o Corpo de Bombeiros utiliza até um barco para chegar aos moradores. Segundo a Defesa Civil, a situação ainda é crítica em bairros como Parque Paulista, Jardim Anhangá, Santa Cruz da Serra, Bossa Nova, Chácara do Arcano e Parada Morabi. Em Xerém, segundo o major, a situação é bem mais tranquila, mas os rios Roncador e Capivari ainda estão em alerta máximo, quando há risco de transbordamento.

A União aprovou a destinação de R$ 12 milhões para os trabalhos da Defesa Civil de Duque de Caxias, para as obras de reconstrução e recuperação da cidade. O dinheiro será usado para a recuperação de algumas ruas e de uma ponte.

Veja a lista dos 16 mortos identificados:

Adalto Rodrigues de Araújo
Antônio Celio Teixeira
Diego Oliveira Vale
Fernando Fernandes Lima
Jade Barbosa de Oliveira
Lidia Antonia de Paula Sá
Lucas Ladislau Santos de Barros
Maria da Conceição Rufino
Monique Pereira da Silva
Nilton Pereira da Fonseca
Paulo Roberto Alves Freitas
Paulo Roberto Filgueiras
Raíssa Vitória Carvalho Araújo
Stefanie Pereira da Silva

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