06/03/2013 20h58 - Atualizado em 07/03/2013 15h14

Veja a repercussão da decisão do Copom de manter a taxa em 7,25%

Pela terceira vez seguida, taxa de juros é mantida na mínima histórica.
Especialistas se dividem quanto à decisão, mas veem porta aberta para alta.

Do G1, em São Paulo

Pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6) manter a taxa básica de juros em 7,25% ao ano.

Especialistas e entidades da sociedade civil se dividem quanto ao acerto da decisão e sobre a possibilidade de esta ser a última reunião em que o Copom manteve a taxa. De todo modo, veem indicações de que, daqui para frente, haverá aumento na Selic por conta da pressão sobre a inflação. A avaliação, no entanto, não é unânime.

Veja a repercussão da reunião desta quarta:

Carlos Acquisti, economista da Infinity Asset
"Alteraram o tom do comunicado, o novo texto tira a expressão ‘por tempo suficientemente prolongado’, o que abre porta para mudança na política monetárias. É precipitado dizer que vão aumentar a Selic na próxima reunião, mas pelo tipo de comunicação, deu liberdade muito grande para aumentar se for necessário. Vai depender de como ocorrer a pressão nos preços, mas podem mexer na taxa já a partir de abril."

Eric Universo Brasil, economista e professor do curso de Economia da FECAP
"Já era esperado porque o BC demonstra estar em uma fase na qual tolera maior inflação desde que ela se mantenha dentro do limite da meta. Se você olhar indicadores dos últimos 12 meses, tudo indica uma convergência da inflação para algo próximo ao teto da meta. É uma decisão perigosa porque representa uma aposta de que no segundo semestre haverá um arrefecimento natural da elevação de preços e isso pode não se concretizar na intensidade que o Banco Central está esperando. Na próxima reunião, no entanto, pode haver revisão dessa posição.”

Luiz Roberto Cunha, professor do departamento de economia da PUC-Rio
"É exatamente o que se esperava, o BC manteve o que vinha colocando, acaba não trazendo muita informação nova. O BC não está dizendo que vai elevar, apenas tirou a avaliação de juros mantidos 'por tempo prolongado', o que cria mais liberdade para mexer na taxa. Foi eliminada qualquer possibilidade de queda, ainda que fosse pouco provável, e trouxe possibilidade de alta. No entanto, claramente a avaliação do BC leva em conta a inflação e a atividade."

William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças (GVcef) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP)
"Tinham duas possibilidades, subir a taxa para tentar conter a inflação ou manter para tentar estimular o crescimento econômico. O mundo está numa situação complicada, não se pode acreditar que Brasil sairia de uma forma isolada. Se o Copom subisse taxa, estaria complicando um pouco mais a taxa de crescimento. O Copom pode ter pensado que a própria contenção do crescimento poderia reduzir a pressão nos preços. Achei que iam subir a taxa, mas depois dessa reunião, acho que não sobem nas próximas."

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp
“O Brasil não precisa de aumento de juros, mas de aumento de produção. Claramente, aqueles que nesse momento e com essa conjuntura econômica ainda defendem aumento na taxa de juros não estão interessados no desenvolvimento do país, mas no ganho fácil que vem do rentismo."

Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
"A decisão revela que o governo não deve usar a taxa básica de juros como um remédio para conter a inflação. O governo brasileiro, a partir de agora deve aguardar os desdobramentos da economia, sobretudo se a alta dos preços dará ou não sinais de trégua nos próximos meses."

Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ
“O Copom não elevou juros desta vez, mas é possível que o faça em breve, em meio a um cenário de disseminação das altas de preços ao consumidor e dentro da política de metas de inflação. O Banco Central certamente não fugirá de suas responsabilidades prudenciais, ainda mais diante dos aumentos de combustíveis, da retomada de alíquotas fiscais e da resistência dos aumentos em serviços.”

Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)
Faltou coragem para dobrar a pressão do mercado financeiro e retomar o bom caminho da redução da Selic. A manutenção da Selic em 7,25% ao ano não ajuda o Brasil a crescer”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. O pífio crescimento do PIB em 0,9% em 2012 requer ações do governo para romper a estagnação da economia. Uma das medidas deveria ser a redução dos juros que permanecem entre os mais altos do mundo e travam a expansão do crédito, freando a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social.

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical
"A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de  manter a taxa Selic é nefasta para o país. Consideramos que a  política de juros baixos é uma das condições para estimular os investimentos na produção, na geração de empregos e no aumento do consumo. Reduzir a taxa Selic é fundamental para que isto ocorra."

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