18/01/2013 17h50 - Atualizado em 18/01/2013 18h27

Apesar de avanço, GM e sindicato não fecham acordo por empregos

Reunião desta sexta-feira (18) foi a penúltima da rodada de negociações.
Montadora ameaça demitir 1.598 trabalhadores após o fim do 'layoff'.

Suellen FernandesDo G1 Vale do Paraíba e Região

Representantes do sindicato após o encontro na sede do Ciesp. (Foto: Suellen Fernandes/G1)Representantes do sindicato após o encontro na
sede do Ciesp. (Foto: Suellen Fernandes/G1)

Apesar de terminar sem um acordo que assegure as manutenção de 1.598 empregos que estão ameaçados na General Motors de São dos Campos, a reunião desta sexta-feira (18) entre o Sindicato dos Metalúrgicos, representantes do Governo Federal, prefeitura e montadora sinalizou a possibilidade de um entendimento para evitar as demissões na montadora.

A empresa reiterou no encontro, que aconteceu no Ciesp de São José dos Campos e durou 4 horas, que espera que o sindicato flexibilize as negociações. O diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, pede propostas concretas dos sindicalistas.

A próxima reunião, a última oficialmente prevista na rodada de negociações, está agendada para a próxima quarta-feira (23) - três dias antes do fim do prazo definido pela GM para garantir os empregos. Se necessário, as partes acordaram a realização de uma última reunião no dia 26, data do fim do layoff (suspensão dos contratos de trabalho) dos 780 funcionários.

Após a reunião, a segunda de uma rodada decisiva de três encontros, o sindicato admitiu a possibilidade de aceitar o banco de horas na planta joseense e revisar a grade salarial. Além disso, para novos funcionários poderia ser negociado um novo piso, hoje fixado em R$ 1.714.

De acordo com o diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, apenas um acordo  flexível poderia assegurar os empregos. "Precisamos de flexibilização em vários pontos da negociação para que possamos trazer novos investimentos para a unidade e assim torná-la competitiva", disse Moan em entrevista coletiva.

Segundo ele, o custo da mão de obra em São José dos Campos, considerado elevado, é um dos entraves à novos investimentos na planta. A unidade emprega atualmente 7.500 pessoas.

Tensão
Mesmo com a possibilidade de acordo, o fim do prazo do layoff no próximo dia 26, preocupa os sindicalistas. Não foi fechado nenhum acordo com a empresa sobre o futuro dos trabalhadores, que continua indefinido a oito dias do término da suspensão dos contratos.

A partir da data, a montadora pode reincorporar o grupo aos postos de trabalho ou iniciar o processo de demissão, que não foi descartado. Se o Montagem de Veículos Automotores (MVA) for fechado, a mão de obra da fábrica também será considerada excedente e corre risco de demissão.

O setor produz atualmente o Classic, modelo que pode deixar de ser fabricado em São José dos Campos.

Por isso, até a próxima semana representantes do sindicato pretendem voltar a Brasília para pedir para a presidente Dilma Rouseff (PT) intervir nas negociações com a GM.

Entre as medidas solicitadas, estaria proibir a montadora de demitir por ser beneficiária de incentivos fiscais como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e também ampliar o prazo legal para manutenção dos trabalhadores no layoff, para o caso da montadora e o sindicato não fecharem acordo.

De acordo com a legislação, o prazo máximo para layoff é de cinco meses - o limite será atingido pelos 780 trabalhadores da empresa que estão suspensos no próximo dia 26. "Nada é impossível. O governo federal pode intervir nesse prazo, basta querer", disse Antônio Ferreira de Barros 'Macapá', presidente do sindicato.

Ele disse ainda que a rotina de mobilizações continua nos próximos dias, com passeatas, atos e até mesmo, se necessário, paralisações na GM.

Entenda o caso
Desde agosto de 2012, ocasião em que foi anunciada a intenção de fechar a Montagem de Veículos Automotores (MVA), a empresa mantém 780 funcionários afastados em layoff - suspensão temporária dos contratos de trabalho. Outros 818 são mantidos na linha, que poderá ter as atividades encerradas no próximo dia 26 de janeiro.

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