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Uma das sequestradas sofreu cinco abortos por fome e agressão

Ariel Castro, acusado pelos sequestros de três jovens americanas, deixou Michelle Knight sem se alimentar e a espancava

Michelle Knight, Amanda Berry e Gina DeJesus (da direita para a esquerda) foram mantidas durante anos em cativeiro
Michelle Knight, Amanda Berry e Gina DeJesus (da direita para a esquerda) foram mantidas durante anos em cativeiro

OHIO, EUA - Michelle Knight, uma das três mulheres encontradas após dez anos desaparecida em Ohio, atuou como parteira no nascimento da filha da outra refém Amanda Berry em 2006. A jovem que ajudou sua colega de cativeiro a dar à luz também ficou grávida do acusado pelos sequestros, Ariel Castro, mas sofreu cinco abortos causados pela crueldade do homem, que a deixou sem se alimentar por duas semanas e a espancava na barriga, informou a imprensa americana. O sequestrador compareceu à Justiça nesta quinta-feira pela primeira vez.

Os detalhes da condição de vida das reféns foram incluídos em relatório policial com base na declaração das sequestradas, divulgados por uma TV local de Cleveland na quarta-feira. A filha de Amanda, identificada como Jocelyn, de 6 anos, teria nascido em uma piscina inflável dentro de casa, de acordo o conselheiro municipal Brian Cummins em entrevista à emissora ABC.

Ariel Castro teria ameaçado Michelle se Jocelyn não sobrevivesse e a jovem chegou a fazer respiração boca a boca quando a criança parou de respirar. Durante a gravidez, mãe e bebê não foram examinados por profissionais da saúde. Nos dez anos de cativeiro, as sequestradas teriam saído de casa apenas duas vezes disfarçadas.

Segundo fontes da emissora WKYC, ao chegar ao segundo andar da casa, os policiais encontraram Michelle, que começou a chorar dizendo “vocês me salvaram, vocês me salvaram”. Minutos depois Gina foi encontrada e todas foram retiradas.

Depois de serem libertadas, as jovens contaram que passaram os primeiros anos de confinamento acorrentadas no sótão. Eventualmente, elas eram soltas e andavam pela casa com portas e janelas trancadas. As autoridades confirmaram que as mulheres eram acorrentadas, passaram fome, sofreram abuso sexual, espancamento e abortos induzidos pelo captor. Na quarta-feira, Amanda e Gina DeJesus deixaram o hospital e ganharam festas ao chegarem em casa. Michelle permanece internada em um hospital local, mas passa bem.

O documento da polícia revela que Amanda conseguiu fugir na segunda-feira graças a um descuido incomum de Castro, que ao sair de casa rumo ao McDonald´s do bairro se esqueceu de trancar uma porta interna da residência.

Castro, que é ex-motorista de ônibus escolar, foi acusado formalmente por sequestrar e estuprar as jovens que manteve em cativeiro durante os últimos dez anos. Seus irmãos, Pedro e Onil, antes suspeitos de envolvimento no caso, não receberam acusações por enquanto.