Economia

Valor de mercado das empresas do ISE é quase 50% do total da Bovespa

Total, de R$ 1,112 trilhão neste ano, voltou ao patamar de 2008, mas número de companhias listadas no índice cresceu

RIO – O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa é o que os analistas chamam de carteira teórica, um grupo de ações que serve de referência para fundos comercializados por bancos e corretoras. É formulado a partir de um processo seletivo voluntário conduzido todo ano pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para integrar o índice, as empresas devem estar entre as 200 mais negociadas nos 12 meses anteriores, tendo sido negociada em pelo menos 50% das sessões deste período, e atender aos critérios de sustentabilidade definidos pelo Conselho do ISE.

As empresas selecionadas para o índice neste ano estão avaliadas em R$ 1,112 trilhão, mesmo patamar da 2008, equivalente a 44,8% do total da Bovespa; no ano em que a crise econômica detonada pelas hipotecas americanas atingiu o pico, porém, o índice contava com seis empresas a menos do que a atual. Em 2009, foram listadas 30 empresas valendo R$ 372 bilhões.

Para a carteira de 2013, foram escolhidas 51 ações de 37 companhias, sendo que 35 delas já estavam no índice de 2012; as novatas são a Telefônica e a WEG, de máquinas e equipamentos. A Bovespa e a FGV convidaram 183 das 200 empresas mais negociadas, das quais 45 se inscreveram para partiicipar do processo. Cinco estão “em treinamento” para ingressar nos próximos anos.

— Historicamente, cerca de 50 empresas participam do processo seletivo, que este ano passou a ser auditado pela KMPG, e mais três ou quatro devem aderir. Temos um limite de 40 empresas, é o número que entendemos como empresas benchmark. Já discutimos, no conselho, se deveria ampliar. Numericamente, parece pouco, mas elas representam quase metade do valor de mercado todas as empresas listadas na bolsa — afirma a diretora de Sustentabilidade da Bovespa, Sônia Favaretto.

‘Filtro voluntário que mostra comprometimento’

A carteira do ISE deste ano inclui companhias como a petroquímica Braskem, a siderúrgica Gerdau, a mineradora Vale, e a fabricante de papel Suzano — todas alvos de críticas dos movimentos ambientais. A coordenadora do Programa de Finanças Sustentáveis da GVCes e coordenadora-executiva do ISE, Roberta Simonetti, afirma que o fato de uma empresa apresentar problemas na área ambiental não significa que esta não esteja melhorando.

— O que a metodologia busca é estimular boas práticas e estratégias de valorização da sustentabilidade. Cada empresa tem que entender o seu papel, seus problemas, e a maneira de solucioná-los. Sempre vai haver questionamentos, mas o índice apenas mostra as que estão mais avançadas nesse sentido, seja no alinhamento, nas práticas ou no compromisso.

Os critérios são avaliados por meio de questionários abordando o uso de matérias-primas, a inserção formal do conceito de sustentabilidade na estratégia da empresa, entre outros. Se a empresa entrar em falência, recuperação judicial ou qualquer outra situação especial que afete seus "níveis de responsabilidade social e sustentabilidade", é automaticamente excluída. Para Roberta, a ampliação do índice é “um grande desafio”:

— Muitas empresas não participam porque não se sentem preparadas. Mas há as que colocam como meta se qualificar para entrar no ISE.

Apesar de destacar que a série histórica ainda é curta, Carlos Eduardo Lessa Brandão, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, diz que o índice de sustentabilidade da Bovespa é um “filtro voluntário” que demonstra se a empresa promove uma reavaliação periódica de suas práticas.

— Vemos uma grande preocupação das empresas que entram em um ano na carteira, mas não permanecem no ano seguinte, em rever seus processos e melhorar o que for possível para retornar ao índice.