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MP do Paraná notifica Batavo e BRF por formol no leite

Substância foi identificada em lote comercializado no estado, mas produzido no Rio Grande do Sul

Batavo com cálcio: formol foi identificado em dois lotes
Foto: Reprodução de internet
Batavo com cálcio: formol foi identificado em dois lotes Foto: Reprodução de internet

RIO - O Ministério Público do Paraná (MP-PR) notificou os representantes legais das empresas Batavo e BRF – Brasil Foods na noite da última sexta-feira para que prestem informações e esclarecimentos à Promotoria de Defesa do Consumidor de Curitiba, no inquérito civil que investiga adulteração de leite no estado. Representantes da BRF se reuniram nesta segunda-feira com integrantes do Ministério Público do Rio Grande do Sul - que ficou responsável pelo caso, já quie o leite foi industrializado pela Batavo no estado - e solicitaram que um laboratório de uma universidade local, credenciado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), também realize testes com amostras do lote em que a contaminação foi detectada. A solicitação foi acatada e o resultado deve ser divulgado no fim desta semana.

O MP paranaense adotou a medida após receber ofício da vigilância sanitária, acompanhado de laudos do Laboratório Central (Lacen), que indicaram a presença de formol no leite longa vida (UHT) da Batavo desnatado e enriquecido com cálcio. A substância foi detectada em amostras aleatórias de leite, recolhidas em estabelecimentos comerciais do Paraná. O formol estava presente nos lotes TT/04/ER e TT/04/DP, produzidos em 28 de fevereiro, com vencimento em 28 de junho, no município gaúcho de Teotônia.

O vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello, disse ao GLOBO que, no sábado, foram realizados testes de contraprova pela empresa nos dois lotes citados pelo MP paranaense, já que amostras de toda a produção são guardadas pelo fabricante. Nas três análises feitas pela BRF, o resultado para a presença de formol foi negativo.

- Estamos tranquilos. Não há qualquer problema. Acreditamos que o que houve foi uma falha metodológica ou análitica do laboratório que realizou o teste para a vigilância sanitária paranaense - afirma.

Segundo o executivo da BRF,  como os testes são qualitativos, a calibragem do equipamento e o conhecimento técnico podem influenciar no resultado. Ele explicou que, como o leite em questão é enriquecido com cálcio, não é difícil acontecer uma falha na análise.

- Um leite integral que tenha formol, ficará marrom ao ser exposto a determinado reagente. O leite com cálcio, mesmo sem formol, também terá coloração marrom - explica Mello, acrescentando que, ainda nesta segunda-feira, a BRF protocolou junto ao Lacen um pedido de contraprova.

O MP do Paraná entrou em contato com o Mapa, responsável pela fiscalização periódica dos locais de produção, e encaminhou cópias dos laudos à Promotoria de Justiça do Rio Grande do Sul, que investiga contaminação no leite produzido naquele estado.

De acordo com Mello, toda a produção da Batavo da fábrica localizada no município gaúcho de Teotônia é destinada apenas ao mercado paranaense.

Em nota, a Batavo informou que independentemente da discussão técnica e em respeito ao consumidor está recolhendo toda a produção do leite desnatado com cálcio fabricada no dia 28 de fevereiro que eventualmente ainda se encontre nos estabelecimentos comerciais

Embora a vigilância sanitária tenha determinado o recolhimento do produto no comércio paranaense, a Promotoria de Justiça orienta as pessoas que eventualmente já tenham comprado o leite desnatado Batavo enriquecido com cálcio, pertencentes aos lotes citados, que evitem consumi-los e que contribuam com as investigações, encaminhando a embalagem e o leite à Promotoria de Defesa do Consumidor do Paraná (Av. Iguaçu, 1251, no Rebouças) ou que façam contato pelo e-mail consumidor@mp.pr.gov.br. Já a BRF orienta o consumidor a procurar a empresa para troca do produto (www.batavo.com.br).

No início de maio, o MP gaúcho deflagrou a operação Leite Compen$ado para combater a adulteração de leite in natura . Transportadores adicionaram água a cerca de 15 milhões de litros do produto e, para esconder a fraude, colocaram ureia, que contém formol, no leite.