O relacionamento entre Jefferson e Wilson Gottardo azedou de vez no Botafogo. Horas depois de o goleiro ter concedido entrevista coletiva, na qual disse ter sofrido "covardia" por parte do gerente de futebol, o dirigente rebateu. Em entrevista à Fox Sports, o cartola alvinegro desmentiu o atleta. O ex-zagueiro do Botafogo nos anos 1980 e 90 afirmou que pediu com antecedência ao camisa 1 para que ele jogasse contra o Santos. O Alvinegro, com Andrey no gol, foi goleado por 5 a 0 e eliminado.
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- Sei o que tem que ser feito. Ele tem que trabalhar, cumprir
com as obrigações.
Não preciso ter amizade com ele. Mantenho a conduta com todos os atletas.
Todo os atletas do Botafogo que treinaram e não foram relacionados, todo
receberam a programação de jogo. Eu pergunto: tenho 20 atletas no hotel
em São Paulo vendo a não apresentação do Jefferson? Por isso sou radical mesmo.
Não olho nome, estrelismo, vaidade, olho a pessoa, o profissional - disse Wilson Gottardo.
Jefferson entrou em campo na última terça-feira para seu segundo amistoso pela seleção brasileira, contra o Japão, em Cingapura. O voo de volta levou mais de 20 horas. O goleiro chegou em São Paulo, onde o Botafogo estava para pegar o Santos, e seguiu para o Rio de Janeiro. Na véspera, na quarta-feira, Diego Tardelli, que também estava na Seleção, chegou no Brasil e defendeu o Atlético-MG contra o Corinthians. (Confira a linha do tempo ao lado)
- Falei: 'Vou mandar a passagem para você', e ele falou que não ia à tarde
porque estava cansado. Falou que treinaria leve, em um treino
regenerativo. Fiquei surpreso quando ele falou isso. Ele falou não que
não ia jogar, que não estava em condições. O Diego Tardelli viajou também e
jogou 60 minutos, se não me engano.
Jefferson alegou que em nenhum momento havia sido comunicado para se apresentar em são Paulo. Disse que a programação do Botafogo marcava sua apresentação no Rio de Janeiro e que, durante o período em que estava na Seleção, conversou por mensagens com Gottardo e não foi informado da necessidade de atuar no Pacaembu.
- Eu posso ter minhas diferenças de comportamento, mas não aprovo o
comportamento, ele não é profissional para mim, tem conduta de
indisciplina. Dei três chances a ele de se apresentar no hotel. A
primeira no aeroporto de Cumbica, depois falei com o empresário dele,
que disse que ele estava dormindo. Tentei falar pela manhã que ele estava convocado para o jogo, o Jefferson sempre treina forte, não teria problema de jogar. Pela manhã, um funcionário do Botafogo telefonou dizendo que ele estava no Engenhão. Expliquei a ele tinha que se apresentar no hotel. O Jefferson estava por dentro de tudo. Não jogar contra o Santos talvez tenha sido um ato de covardia dele. Minha equipe é muito competente, não houve falha de comunicação - prosseguiu Gottardo. (Veja abaixo vídeo com reportagem sobre o jogo contra o Santos)
Confira outros trechos da entrevista de Wilson Gottardo:
Punição
Não vou pedir punição, senão punirei o Botafogo. O Jefferson tem uma falha no caráter. Falou de mim sem me conhecer. Não sou baba ovo de atleta. Trato com seriedade. Ele não tem nenhum privilegio comigo, por isso não agrado a ele.
Relacionamento era bom?
Era normal. Ele fez críticas à diretoria
em uma outra ocasião, mas me mandou mensagem dizendo que eu não fazia
parte dela (crítica). Eu tenho a mensagem aqui, posso mostrar. Eu
perguntei a ele como estava na Seleção e a primeira coisa que ele
perguntou para mim foi sobre dinheiro. Depois falou que o Dunga era
bacana, que os jogadores eram legais... É isso aí. Não tenho telefone
exclusivo para ligar para todos os jogadores. Tenho certeza absoluta,
sem arrogância, que essa função que estou há três meses, poucas pessoas
aguentariam a pressão.
Situação pode tirar você do clube?
O
Jefferson tem a história dele, a minha já está escrita. Estou iniciando
um novo livro, não está sendo fácil, mas estou recebendo apoio de
pessoas que conhecem o meu caráter, a minha conduta. Estou escrevendo
essas páginas com muitas mãos. Eu não estou preocupado com isso. Encaro
com profissionalismo. Não preciso amanhã apertar a mão do senhor
Jefferson. Ele tem que trabalhar com respeito. Eu respeito o Jefferson,
mesmo quando ele fez colocações com as quais eu não concordava, que vou
dizer amanhã. É uma situação dele, não do grupo.
Goleiro estava na lista de afastados?
Ele não fez parte, nem foi
mencionado, nada a ver. O presidente tomou a iniciativa, conversei, dei
minha posição, o departamento de futebol também, mas ele nem foi
cogitado. Agora é um fato isolado. Ele tem totais condições de cumprir o
contrato. Ele andou negociando com clubes da Europa, foi assediado por
clubes no Brasil, sabemos tudo isso.
Negociando com o São Paulo?
Não
vou dizer que está negociando, sei que ele é assediado por clubes.
Ninguém me procurou para falar de negociação. Se tivesse procurando, eu
teria conversado com o presidente, com o Jefferson e seu representante.
Pagamento feito esta sexta?
Não
falei com o financeiro. Hoje, teoricamente, era um dia mais suave, de
trabalho regenerativo, fisioterapia, gelo para recuperar. Não tive
contato com o financeiro, mas o assunto estava em pauta. Conversei com o
presidente na quinta sobre alguns pagamento CLT e imagem.
Jefferson teria evitado goleada?
Isso
é relativo, subjetivo dizer. O Andrey chegou da seleção olímpica,
treinou, é um cara batalhador. Não é justo falar de situações assim.
Eliminação da Copa do Brasil
Estamos
com um time jovem, uma garotada com vontade, alguns sentem um pouco o
ritmo. Jogadores que não se machucam como Junior Cesar, Bahia, problemas
de cartão. O fato de diminuir a carga de jogo é um benefício, podemos
fazer um treinamento melhor, tem um lado positivo. O lado ruim é
que deixamos de disputar um título, o reconhecimento financeiro da CBF.