Economia

Dólar fecha em queda cotado a R$ 2,12; Bovespa inverte sinal na reta final do pregão e sobe 0,16%

Ibovespa inverteu sinal acompanhando índices americanos

SÃO PAULO - Num pregão mais tranquilo, o dólar comercial fechou em queda nesta quinta-feira depois da forte instabilidade de ontem. A moeda americana se desvalorizou de 0,37% frente ao real, sendo negociada a R$ 2,121 na compra e R$ 2,123 na venda. Na máxima do dia, a moeda foi negociada a R$ 2,133 e na mínima bateu em R$ 2,116. De acordo com operadores, o mercado de câmbio trabalha na expectativa de que o Banco Central anuncie novas medidas para conter a alta do dólar, depois de zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, principal índice do pregão inverteu a tendência de queda verificada durante todo o dia, acompanhando o mercado americano. Por volta de 17h, o Ibovespa subia 0,16% aos 52.882 pontos e volume negociado de R$ 5,7 bilhões.

Pela manhã, o Ibovespa se desvalorizou reagindo à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que sinalizou que a alta do juro pode ser mais forte do que o esperado. A queda dos pregões externos, principalmente europeus, com perspectiva de recessão mais profunda na zona do euro, também influenciaram o índice. Mas com a virada dos índices americanos para o azul, à tarde, o Ibovespa acompanhou o movimento.

Entre as cinco maiores altas do pregão, ficaram os papéis ON do frigorífico JBS com alta de 3,90% a R$ 7,20 e os papéis ON da Marfrig, que se valorizaram 3,20% a R$ 7,74. Segundo analistas, existe a expectativa de que a JBS feche a compra de ativos da concorrente Marfrig.

Este ano, após o anúncio de resultados do primeiro trimestre, o futuro presidente do grupo Marfrig, Sergio Rial, afirmou que a companhia tem planos vender ativos e reduzir sua alavancagem. Ele disse que a Marfrig venderá quatro unidades da Seara Brasil ainda neste ano.

"As vendas já estão em andamento, mas ainda não podemos dar mais detalhes. Devemos terminar as vendas em junho", declarou Rial à época.

Já a maior baixa foi apresentada pelas ações ON da Cosan, com perda de 4,57% a R$ 43,90.

Entre as blue chips, Vale PNA subiu 1,40% a R$ 29,58; Petrobras PN ganhou 0,20% a R$ 19,48; OGX Petróleo terminou estável a R$ 1,36; Itaú Unibanco subiu 0,93% a R$ 31,47 e Bradesco PN teve ganho de 0,06% a R$ 32,04.

Juros futuros sobem após ata do Copom

A expectativa de alta mais forte da Selic também fez os contratos de juros futuros subirem, com os investidores se ajustando a este novo cenário. Na BM&F, o contrato de DI para janeiro de 2014 teve taxa de 8,56% alta de 0,82% em relação à taxa de ontem. O papel com vencimento em janeiro de 2015 subiu 1,65% a 9,22% e o papel com vencimento em janeiro de 2017 se valorizou 1,43% a 9,92%.

Depois da divulgação da ata do Copom, economistas avaliam que a taxa básica de juro pode ser elevada com mais força, já que as pressões inflacionárias persistem, segundo o Copom. De acordo com o documento do Banco Central, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos 12 meses persistam no horizonte.

Para o economista da CM Capital Markets, Darwin Dib, o Banco Central deve fazer mais duas elevações na Selic, de 0,5 e de 0,25 ponto percentual, com a taxa encerrando 2013 em 8,75%, mesmo patamar esperado pelos economista do Itaú Unibanco. Já a consultoria LCA está revisando sua expectativa para a Selic após a ata do Copom. A consultoria esperava que a taxa ficasse em 8,75% até o fim do ano, mas como o documento indica um aperto mais forte, a LCA aposta numa Selic entre 9% e 10%.

Câmbio: mercado trabalha à espera de novas medidas para frear a alta do dólar

A queda do dólar frente ao real foi em menor intensidade do que no exterior, onde a moeda americana teve desvalorização mais forte frente ao euro e outras divisas de países emergentes, segundo analistas. Segundo operadores de câmbio, houve um movimento mais acentuado de saída de recursos do país.

Por isso, de acordo com os operadores, cresce a expectativa de que o governo adote novas medidas para atrair mais dólares para o país e, em consequência, derrubar a cotação da moeda. Na terça, o governo zerou os 6% de IOF nas aplicações de estrangeiros em renda fixa. De acordo com Ítalo Abucater, especialista em câmbio da Icap Brasil, a dólar se desvalorizou com mais intensidade pela manhã, chegando a cair mais de 0,7%, após rumores de que a reunião entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, em Brasília, seria para discutir o fim do IOF de 1% no mercado de câmbio futuro. Mas nenhuma decisão foi anunciada. Oficialmente, a reunião foi para discutir o projeto da Bovespa para incluir pequenas empresas no mercado de capitais.

- O mercado trabalha na expectativa de novas medidas. Hoje o dia foi de ressaca depois da forte instabilidade de quarta, quando mesmo com o BC intervindo no mercado, o dólar fechou em alta. A retirada do IOF de 1% nas operações vendidas no mercado futuro de dólar é a que tem mais força para aumentar o fluxo de moeda americana para o país - afirma Abucater, da Icap Brasil.

Para Sidnei Nehme, o fim do IOF de 1% no mercado futuro de dólar é praticamente a última carta que o governo tem na manga para tentar atrair mais capital estrangeiro para o país. Segundo ele, o governo precisa desses recursos já que há uma deterioração visível na perspectiva das contas externas brasileiras, com perda de atratividade dos investidores estrangeiros, fragilização do saldo da balança comercial e aumento das saídas de capitais.

- O mercado de câmbio tende a pressionar o governo para retirar o IOF de 1% sobre os derivativos, com o objetivo de aumentar a liquidez no mercado futuro, que em tese influencia fortemente a formação do preço no mercado à vista - diz Nehme.

Como o governo está preocupado com a redução do fluxo de dinheiro estrangeiro para o Brasil - o que deve se acentuar se os Estados Unidos reduzirem o programa de estímulo à economia - Nehme acredita que, mesmo a contragosto, Brasília deve anunciar em breve o fim do IOF sobre os derivativos.

O dólar se valoriza frente a outras moedas no exterior diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) reduza a política de estímulos à economia, via compra de títulos. Todo mês, o Fed compra cerca de US$ 85 bilhões em papéis, o que vinha abastecendo o mercado de dólares. Se essa política cessar, a tendência de alta da moeda americana fica ainda mais evidente.

A ata do Copom, sinalizando que o aumento de juro pode ser mais forte este ano, também contribuiu para a desvalorização da moeda americana nesta quinta, segundo operadores. Em tese, juros mais elevados tendem a atrair mais capital externo. A ata do Copom também alertou que está em curso uma tendência global de apreciação do dólar.

- Tudo é possível agora. O mercado está sem saber o que vai acontecer. Como as contas externas estão ruins, a expectativa é de que novas medidas sejam anunciadas para atrair capital externo. O fim do IOF de 1% no mercado futuro é a principal. O governo pode também zerar o IOF de 6% nos empréstimos feitos por empresas em moeda estrangeira de até um ano - diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.

No exterior, Bolsas da Europa fecham em queda

Nos EUA, a expectativa é para esta sexta-feira, quando serão divulgados os números do mercado de trabalho. Nesta quinta, foi divulgado que o número de americanos buscando seguro-desemprego recuou na semana passada. Os pedidos iniciais do benefício caíram em 11 mil, para 346 mil, nível considerado consistente com o crescimento do emprego. Alguns economistas esperavam uma leitura de 345 mil. Os principais índices acionários recuaram durante a maior parte do dia, mas inverteram o sinal na reta final do pregão e fecharam em alta: o S&P 500 ganhou 0,85%; o Dow Jones teve alta de 0,53% e o Nasdaq avançou 0,66%.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa básica de juro em 0,5%, mesmo com a perspectiva de recessão na zona do euro. Os principais pregões, que estavam em alta, inverteram o sinal. O índice Cac, da Bolsa de Paris, caiu 0,99%; o Dax, da Bolsa de Frankfurt, perdeu 1,19%; o FTSE, de Londres, se desvalorizou 1,30% e o Ibex, do pregão de Madri, perdeu 0,89%.