27/03/2013 10h24 - Atualizado em 27/03/2013 10h24

Brics discutem detalhes do acordo para criação de banco

Banco quer criar infraestrutura para financiar projetos de desenvolvimento.
Países seguem debate porque ainda precisam acabar com divergências.

Do G1, em São Paulo

As potências emergentes do grupo Brics discutiam nesta quarta-feira (27), no segundo e último dia de sua cúpula em Durban (África do Sul), os detalhes que permitirão tirar do papel um novo banco de desenvolvimento como alternativa ao Banco Mundial, e para financiar obras de infraestrutura, segundo a agência AFP.

Os cinco países do grupo Brics também têm por objetivo criar uma agência de classificação, um mecanismo de resseguros, um conselho de empresários e uma classificação das Universidades.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul acertaram na véspera criar esta entidade financeira, mas ainda precisam limar certas divergências.

"O banco dirigido pelo Brics mobilizará a economia interna e fornecerá financiamento conjunto a infraestruturas em regiões em desenvolvimento", considerou nesta quarta-feira o presidente sul-africano, Jacob Zuma.

Mas o ministro de Comércio da África do Sul, Rob Davies, indicou que ainda eram negociados os detalhes do acordo. "Obviamente haverá um processo de implementação do resto dos detalhes", indicou em declarações à AFP.

As negociações prosseguirão em setembro na Rússia, paralelamente ao G20 previsto em São Petersburgo, afirmou o ministro das Finanças russo, Anton Silaunov.

A criação deste banco pretende estabelecer uma infraestrutura de empréstimos para projetos de desenvolvimento, em paralelo ao Banco Mundial (BM), principal ator neste campo há sete décadas.

Trata-se de um projeto-chave para o objetivo do Brics de construir alternativas para as instituições dominadas pelas potências ocidentais.

O BM disse na terça-feira que saudava a criação do novo banco e que estava pronto para trabalhar 'estreitamente com esta nova entidade para terminar com a pobreza'.

Em termos mais gerais, os Brics - que representam 25% da economia e 40% da população mundial - procuram aumentar a cooperação entre eles e ter mais influência internacional, refletindo os novos equilíbrios planetários diante de um ocidente afundado na crise econômica.

Zuma voltou a se referir nesta quarta-feira a um projeto de cabo submarino que permita transferir dados de banda larga do Brasil à Rússia através da África do Sul, Índia e China.

China e Brasil assinaram na terça-feira um acordo deste tipo (já delineado em junho) por R$ 60 bilhões.

Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, este acordo será útil "em caso de turbulências nos mercados financeiros".

Presidente Dilma Rousseff na foto oficial com demais líderes dos Brics  (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)Presidente Dilma Rousseff na foto oficial com demais líderes dos Brics (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Estes fundos poderão ser utilizados para apoiar o comércio se os dólares começassem a escassear nos mercados e inclusive em casos de crise global, como a de 2008.

No âmbito diplomático, os participantes da cúpula receberam um pedido do presidente sírio, Bashar al-Assad, de interceder para deter a violência que há dois anos atinge seu país. Grande parte dos países ocidentais e árabes reconheceram a oposição como representante legítima da Síria, afundada em uma guerra civil.

O presidente russo, Vladimir Putin, convocou o Brics, antes do início da cúpula, a "coordenar iniciativas para encontrar uma solução pacífica para a crise síria".

A sessão desta quarta-feira também será amplamente consagrada a discutir o desenvolvimento da África, que espera se beneficiar do dinamismo do Brics, embora com temores diante do poderio da China, frequentemente denunciada por impor condições de comércio com efeitos equiparáveis aos das velhas metrópoles coloniais.

A cúpula também abre espaço a encontros bilaterais, como o que será realizado no fim da tarde entre o presidente da China, Xi Jinping, e Dilma Rousseff.

Sem obstáculos
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira, na África do Sul, que os problemas dos países desenvolvidos não podem criar obstáculos para os países em desenvolvimento.

“Não podemos permitir que os problemas dos países avançados criem obstáculos para os nossos países. Nosso desafio é encontrar um caminho mais vigoroso”, ressaltou.

Para Dilma, os países em desenvolvimento vão se afirmar no século 21 e reduzir a distância social que os separa dos mais desenvolvidos.

“Eu estou certa de que o século 21 será de afirmação do mundo em desenvolvimento. Nós vamos reduzir a distância econômica e social que ainda nos separa dos países mais avançados. Seremos, BRICS, África e América do Sul protagonistas decisivos deste novo cenário histórico de uma cultura  de paz, de solidariedade, de justiça social e de cooperação fraterna”, afirmou.

Dilma também afirmou que  a lição dos Brics é agir com “otimismo” e não “pessimismo” que atinge outras regiões do mundo.

“As lições que tiramos dessas reuniões dos Brics e desta reunião em particular é que devemos ter o otimismo e o dinamismo e sempre reiterar a confiança e mantermos uma atitude contra o pessimismo e a inércia que muitas vezes atinge outras regiões do mundo”, afirmou durante sessão plenária da cúpula.

Para Dilma, os países do Brics vão responder à crise internacional “com vigor e mantendo a determinação de continuar gerando empregos e combater a pobreza em nossos países”. Ela destacou as iniciativas dos Brics que, segundo a presidente, permitiram que esses países resistissem à crise internacional.

"Resisitmos à crise global, que afeta os mercados dos países desenvolvidos, com políticas que reforçam nossa capacidade e nossa estabilidade econômica. Nós nos distinguimos também porque temos aplicado um modelo de desenvolvimento com inclusão social [...] Em todos os Brics ocorreu uma sensível redução das pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza", afirmou a presidente.

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