O dólar mudou de rumo e fechou em queda nesta quarta-feira (27), após o Banco Central (BC) anunciar um leilão de swap cambial - que equivale à venda de dólares no mercado futuro. É a primeira intervenção deste tipo desde 28 de janeiro, segundo o Valor Online.
A moeda norte-americana caiu 0,3%, para R$ 2,0105. Veja a cotação
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 4,3 bilhões.
Na semana, o dólar acumula queda de 0,02% e no ano, de 1,67%. No mês a moeda tem valorização de 1,67%.
O BC vendeu todos os 20 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados, movimentando o equivalente a US$ 995,1 milhões, segundo o Valor Online.
Antes do leilão, o dólar chegou a flertar com a máxima desde o fim de janeiro, perto de R$ 2,03.
Com a venda do lote integral desses contratos hoje, o BC na prática anula sua posição no mercado via esses papéis, já que a operação desta quarta-feira serviu para antecipar vencimento de montante similar em swaps reversos, que funciona como uma compra de dólares no mercado futuro, marcado para o próximo dia 2 de maio.
O dólar encerrou em queda frente ao real, após o Banco Central atuar no mercado quando a moeda norte-americana estava no patamar de 2,02 reais, reforçando interpretações da existência da banda informal de 1,95 a 2 reais.
Patamar
"Tem uma ideia do governo de tentar, por um lado evitar que a inflação piore... e ao mesmo tempo uma preocupação com o setor industrial", afirmou o economista sênior do BES Investimento Flavio Serrano. "Talvez eles tenham encontrado entre R$ 1,95 e R$ 2 um nível que seja confortável (para o dólar)".
A divisa norte-americana tem sido negociada acima de R$ 2 desde quinta-feira, após a queda no apetite por ativos de risco motivada pela crise financeira no Chipre impulsionar as cotações para acima do teto informal.
O dólar registrava alta de quase 0,5% quando o BC anunciou a realização de um leilão de contratos de swap cambial tradicional --que equivale à venda de dólares no mercado futuro-- nesta manhã. Após o anúncio, o dólar reverteu a trajetória, descolou-se dos mercados internacionais e passou a cair frente ao real.
"Por conta da formação da Ptax, o BC entrou num momento bastante elevado", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, referindo-se ao fechamento da Ptax nesta quinta-feira.
Intervenção do BC
Embora o dólar tenha encerrado acima do patamar de R$ 2 mesmo após a intervenção, analistas afirmavam que a moeda deve caminhar naturalmente para patamares mais baixos, sob o olhar atento do BC.
"Quando o BC dá o sinal, o mercado começa a ajustar. Então, eu acho que na próxima semana o dólar desce um pouquinho", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
Segundo analistas, essa queda deve ser auxiliada também por maiores entradas de dólares decorrentes de safras agrícolas, que ganham fôlego nos próximos meses, e pela perspectiva de aumento na taxa básica de juros, o que tornaria a economia brasileira mais atraente a capitais estrangeiros.
Dados divulgados pelo BC mostraram que o Brasil registrou entrada líquida de US$ 264 milhões em março até o dia 22.