23/11/2014 07h19 - Atualizado em 23/11/2014 08h06

Mulheres são metade do público de festival de cerveja no Rio

'Mondial de La Biére' acontece em espaço climatizado no Centro.
Cervejarias apostam em mulheres para produção e degustação da bebida.

Káthia MelloDo G1 Rio

Na segunda edição do Festival Internacional de cervejas "Mondial de La Bière", no Terreirão do Samba, Centro do Rio, as mulheres estão disputando com o público masculino o consumo da bebida que é preferência nacional. De acordo com os organizadores, das cerca de seis mil pessoas que estão participando diariamente do festival, 50% são mulheres. Um crescimento em relação ao ano passado, quando elas representaram 45% do total do público nos quatro dias do festival. A expectativa dos organizadores é atrair 23 mil pessoas ao longo dos quatro dias de evento.

Mestre cervejeira e sommelier de cervejas trabalham no Festival Internacional de Cervejas no Rio (Foto: Káthia Mello/G1)Mestre cervejeira e sommelier de cervejas trabalham no festival de cervejas no Rio (Foto: Káthia Mello/G1)

O G1 percorreu por algumas horas o pavilhão climatizado de 4 mil metros quadrados do evento, e encontrou consumidoras de cerveja que buscavam novidades. "Nós gostamos de experimentar e costumamos frequentar locais onde existam novas cervejas", disse a juíza Simone Ferraz, que foi ao festival na companhia de mais doze amigas.

A dona de casa Maria da Penha Soares Garrido, 64 anos, de Maricá, município a cerca de 50 quilômetros do Rio, aproveitou a tarde para provar sabores diferentes. Em meia-hora, na companhia do filho Igor Garrido, 31, ela já tinha provado quatro cervejas. "Está frenética", disse Igor. Maria da Penha disse que o gosto pela bebida está no sangue. "Eu gosto das tradicionais,  mas aproveito para testar outras. Também gosto de fazer passeios para visitar fábricas e degustar", acrescentou.

São aguardadas 23 mil pessoas durante os quatro dias de festival (Foto: Káthia Mello/G1)São aguardadas 23 mil pessoas durante os quatro dias de festival (Foto: Káthia Mello/G1)

E a cervejinha, que para muitos é só fonte de prazer, também pode ser fonte de renda. É o caso da arquiteta Paula Pampillón, 25 anos, que há cerca de um ano também é sommelier de cervejas, e diz que mulher tem paladar mais sensível para experimentar. Ela fez um curso técnico e entende sobre produção e harmonização da bebida, por exemplo, na alta gastronomia.

Fernanda Ueno Marques, 27 anos, é mestre cervejeira de uma empresa de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ela contou que começou a fazer cerveja em casa e gostou. Se formou em engenharia de alimentos e decidiu se especializar. Há dois anos como cervejeira, Fernanda diz que se dedica à profissão e tem que se aprimorar sempre. Segundo ela, a profissão não é só beber cerveja, é preciso controlar o processo de fabricação e avaliar se a bebida está dentro dos padrões. Além disso, também pode desenvolver novas marcas. "É claro que é bom beber também. A gente tem muita hora-copo", brincou.

Fernanda diz que percebe que há cerca de três anos, as mulheres têm se interessado mais pela bebida. "E elas gostam das amargas. Muitas vezes os homens é que pedem as mais fracas", revela.

Grupo de amigas se uniu para participar do festival de cervejas  (Foto: Káthia Mello/G1)Grupo de amigas se uniu para participar do festival de cervejas (Foto: Káthia Mello/G1)

Mercado promissor
Além de degustar as bebidas, o festival está oferecendo concursos, bate-papos, shows, um pub e uma "beer boutique". Também estarão presentes mestres cervejeiros de rótulos premiados, como o dinamarquês Jeppe Jarnit-Bjergsø, da cervejaria Evil Twin, que aparece entre as dez melhores do mundo. O encontro é uma oportunidade de negócios e reúne marcas sólidas no mercado e novatas.  Estão participando 50 cervejarias, a maioria delas do Brasil.

A mais jovem é a Three Monkeys, fundada por quatro amigos em dezembro do ano passado. Segundo Leonardo Gil, eles fizeram um curso de um dia e partiram para produzir uma cerveja que agradasse a todos. "Descobrimos uma receita, testamos e gostamos. Um mês depois já estávamos produzindo", contou. Ele disse que alugam uma fábrica em Jacarepaguá, na Zona Oeste para produzir mil e 500 litros da bebida por mês, por enquanto distribuídos para bares da Zona Sul. "Só temos uma tipo, a Golden Ale, mas já estamos testando três novas receitas", disse.

Amigos fundaram há 11 meses mais jovem cervejaria do festival (Foto: Káthia Mello/G1)Amigos fundaram há 11 meses a mais jovem
cervejaria do festival (Foto: Káthia Mello/G1)

Para auxiliar quem está interessado em produzir cerveja em casa, a  Associação dos Cervejeiros Artesanais Cariocas ( ACerva Carioca) incentiva o desenvolvimento da cultura da cerveja artesanal, no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.

Eles promovem encontros, palestras, cursos, concursos e degustações das mais variadas cervejas, em grande parte produzidas pelos próprios associados.

Cervejas sofisticadas
A Jeffrey é uma cerveja do Rio que aposta na sofisticação. Nesta edição do festival, os criadores da marca estão lançando cervejas com sabores que misturam raspas de laranja, gengibre e noz moscada. "É uma parceria com grandes chefs da cidade. Fazemos um laboratório de sabores com ideias que serão testadas", diz  Gilson Val, um dos donos.

No evento, uma cerveja com limão siciliano e coentro é atração. Segundo Gilson, a bebida é servida nos restaurantes de luxo da cidade.  "Hoje eu digo que a cerveja ocupa a mesma quantidade de prateleiras que  o vinho e se sofisticou", acredita.

Mãe e filho foram degustar novas cervejas no festival (Foto: Káthia Mello/G1)Mãe e filho foram degustar novas cervejas no festival (Foto: Káthia Mello/G1)

 

     
 

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