21/06/2013 10h45 - Atualizado em 21/06/2013 11h14

BC sobe para US$ 75 bi previsão de déficit externo em 2013, novo recorde

Na porcentagem do PIB, previsão para o déficit subiu para 3,22% em 2013.
Valor não será coberto por investimento direto, que deve somar US$ 65 bi.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Banco Central elevou de US$ 67 bilhões para US$ 75 bilhões a sua estimativa para o déficit em transações correntes, que é formado pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas, em 2013.

Se confirmado, o resultado será o pior da série histórica da autoridade monetária, que tem início em 1947. Até o momento, o maior déficit externo já registrado aconteceu em 2012, no valor de US$ 54 bilhões.

A deterioração das contas externas brasileiras também pode ser sentida na expectativa do BC para o déficit em conta corrente na proporção com o PIB - indicador que a autoridade monetária considera mais adequado.

A previsão para o déficit na comparação com o PIB para o ano de 2013 subiu de 2,78%, expectativa divulgada em março, para 3,22%. Se confirmado, será o pior resultado desde 2001 (4,19% do PIB), ou seja, em mais de dez anos.

Expectativa para balança comercial piora
A piora na estimativa do BC para as contas externas neste ano está relacionada com a piora da balança comercial brasileira – que já acumula um déficit de cerca de US$ 5 bilhões no acumulado deste ano ano.

A previsão para o superávit da balança comercial neste ano caiu de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões. A estimativa da autoridade monetária para as exportações neste ano passou de US$ 264 bilhões para US$ 248 bilhões, ao mesmo tempo em que a previsão para as importações recuou de US$ 249 bilhões para US$ 241 bilhões em 2013.

A expectativa da autoridade monetária para os outros componentes das contas externas, por sua vez, não se alterou tanto. A previsão de resultado negativo para a conta de serviços passou de US$ 43,6 bilhões para US$ 42,7 bilhões neste ano e a estimativa para o déficit na conta de rendas passou de US$ 41,4 bilhões para US$ 42,4 bilhões em 2013.

Investimentos estrangeiros
A autoridade monetária também manteve em US$ 65 bilhões sua estimativa para o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira deste ano.

Com isso, a expectativa da autoridade monetária para o resultado negativo da conta corrente não será integralmente "financiado" pela entrada de investimentos produtivos na economia brasileira – algo que, se confirmado, não acontece desde 2001.

Financiamento do déficit externo
Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Analistas alertam, entretanto, que em um cenário de juros baixos (que reduz o ingresso de divisas para aplicações financeiras), crescimento menor do PIB e menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), a atratividade da economia brasileira também é menor - o que pode significar problemas no financiamento do déficit das contas externas.

Resultados até maio
Dados do BC mostram que, em maio, o déficit em transações correntes somou US$ 6,42 bilhões, e, nos cinco primeiros meses de 2013, US$ 39,59 bilhões - com alta de 89% sobre o mesmo período do ano passado (resultado negativo de US$ 20,85 bilhões).

Já os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 3,88 bilhões em maio deste ano, e US$ 22,85 bilhões no acumulado dos cinco primeiros meses de 2013. Contra igual período do ano passado, quando os investimentos somaram US$ 23,9 bilhões, houve pequena queda.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de