25/06/2013 10h45 - Atualizado em 25/06/2013 11h45

Na contramão do juro básico, bancos reduzem taxa para pessoas físicas

Juro bancário de pessoa física e jurídica é o menor desde dezembro, diz BC.
Queda do juro bancário, segundo autoridade monetária, 'não é tendência'.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Os juros bancários médios dos empréstimos para pessoas físicas, com recursos livres (que excluem habitação, BNDES e crédito rural), recuaram pelo terceiro mês consecutivo em maio e atingiram 34,2% ao ano, com queda de 0,2 ponto percentual frente a abril (34,4% ao ano), de acordo com informações divulgadas nesta terça-feira (25) pelo Banco Central. Trata-se do menor patamar desde dezembro do ano passado (33,9% ao ano).

A redução da taxa nos últimos meses aconteceu apesar do aumento dos juros básicos da economia, definidos pelo próprio Banco Central, em abril e maio deste ano. Em abril, a taxa Selic subiu de 7,25% para 7,5% ao ano e, em maio, avançou para 8% ao ano. Ao todo, a alta foi de 0,75 ponto percentual nestes dois meses.

Acumulado do ano
Apesar de a taxa de juros bancária das pessoas físicas ter recuado nos três últimos meses, os números do BC ainda mostram elevação de 0,3 ponto percentual no acumulado deste ano, visto que estava em 33,9% ao ano em dezembro do ano passado.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, isso mostra que os bancos se anteciparam ao ciclo de aumento de juros elevando a taxa no começo de 2013. "As taxas de juros mostraram alguma antecipação em relação ao ciclo no início do ano", declarou.

Para ele, o comportamento recente das taxas de juros bancárias, com queda nos três últimos meses nas operações com pessoas físicas, "não é uma tendência"."O custo de captação [que tem por base a taxa básica da economia, fixada pelo BC] não recuou e a gente está em um ciclo de alta dos juros", afirmou ele.

Taxa de captação e spread bancário
O aumento do juro básico da economia influenciou o chamado "custo de captação" dos bancos, que, nas operações com pessoas físicas, estava em 8,4% ao ano em janeiro. Em abril, a taxa de captação dos bancos estava em 8,9% ao ano, passando para 9% ao ano em maio. Na parcial deste ano, o custo de captação dos bancos, nas operações com pessoas físicas, subiu 0,7 ponto percentual.

Com a queda dos juros bancários, em um cenário de custo de captação mais alto dos bancos, o chamado "spread bancário", que é a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores finais do crédito, recuou em maio, atingindo 25,2 pontos – o menor patamar, pelo menos, desde dezembro de 2011. Além do lucro dos bancos, o spread também é composto pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

Taxa média de empresas e geral
No caso das operações dos bancos com as empresas, ainda com base nos chamados "recursos livres", a taxa média somou 18,5% ao ano em maio – com queda de 0,7 ponto percentual frente ao patamar de abril (19,2% ao ano). É o menor valor desde dezembro do ano passado, quando somou 18% ao ano.

Com a queda dos juros bancários de pessoas físicas e de empresas também recuou, em maio deste ano, a taxa média geral de todas as operações com recursos livres, que somou 25,8% ao ano no mês passado, contra 26,3% ao ano em abril. Também é o menor valor desde dezembro do ano passado, quando estava em 25,8% ao ano.

Nova metodologia
A autoridade monetária mudou, no início deste ano, o formato de registro dos dados relativos aos juros bancários e, ao mesmo tempo, também desativou a série histórica que vigorava anteriormente. Pela nova metodologia, as operações com recursos livres (que não têm relação com o crédito direcionado, que é rural, BNDES e habitação) passaram a englobar algumas modalidades de empréstimos, como arrendamento mercantil (leasing), descontos de cheques (operações que se assemelham com "factoring"), além de cheque especial pessoa jurídica e antecipação de faturas de cartão.

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