Economia

Na indústria do Rio, refino de petróleo e fabricação de bebidas em alta, veículos em queda

Estudo da Fundação Ceperj mostra variação de participação de setores na atividade industrial

RIO - A indústria fluminense viu o refino de petróleo e a fabricação de bebidas avançar de um lado, enquanto o segmento de veículos automotores perdeu espaço entre 2008 e 2012, segundo o estudo “A estrutura industrial no Estado do Rio de Janeiro”, da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj), lançado nesta quarta-feira. O levantamento foi feito com base em dados do IBGE, de Secretaria de Estado de Fazenda, Ministério da Fazenda e Receita Federal.

A fatia do refino de petróleo no valor bruto da transformação fluminense subiu de 30,58% em 2008 para 32,14% em 2012. Esse montante não inclui a exploração e produção de petróleo, que é contabilizado dentro da indústria extrativa.

Um destaque no levantamento é a indústria de bebidas, cujo peso no total fluminense deu um salto de mais de 50%, passando de 3,96% para 6,22%. Ao mesmo tempo, houve aumento de 23,4% da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no segmento. Com isso, sua fatia no total de recolhimento do imposto no Estado também subiu, de 8,28% em 2008 para 12,54% em 2013.

O movimento, segundo o coordenador de Políticas Econômicas da Fundação Ceperj, Armando de Souza Filho, reflete o aumento da alíquota da bebida, mas também os investimentos no Estado:

— Nesses últimos anos, muitas cervejarias vieram aqui para o Rio de Janeiro, houve ampliação de fábricas. Isso levou ao aumento da participação dessa indústria.

Apenas a Ambev investiu mais de R$ 160 milhões na ampliação da fábrica de Piraí e outros R$ 40 milhões, com incentivos do governo do Estado, na reativação da fábrica da Bohemia em Petrópolis.

Já a confecção de vestuário dobrou sua participação, para 3,07%, ante 1,54%, embora ainda se mantenha com participação pequena.

INDÚSTRIA AUTOMOTIVA RECUA

Se a indústria de bebidas avançou, movimento contrário foi registrado pela metalurgia (cuja fatia caiu de 14,61% para 11,10%) e pela fabricação de veículos automotores (8,18% para 5,92%).

— Grande parte da produção de automóveis no Rio de Janeiro vai para a Argentina, cuja economia está em crise nos últimos anos. Isso prejudicou a produção — apontou Souza Filho.

A indústria fluminense como um todo, no entanto, ganhou espaço no mercado nacional. A parcela do Rio no total da indústria brasileira passou de 10,60% para 11,25%, fruto de um recuo da indústria extrativa no total nacional (40,02% para 31,02%) e de alta da indústria de transformação (7,37% para 8,10%).

O levantamento também traz dados sobre arrecadação de ICMS e de IPI. A arrecadação de ICMS no Rio de Janeiro subiu 34,9% entre 2008 e 2013, ritmo bem acima dos 26,9% do país e dos 17,8% de Minas e de 23,5% de SP. Reestruturação da Secretaria de Fazenda e aumento da fiscalização são algumas das razões apontadas para esse aumento. Já o IPI, que é de competência da União, registrou queda de 18,5% na arrecadação no Estado entre 2008 e 2013, enquanto no Brasil a queda foi de 9,2%. Segundo Souza Filho, esse desempenho pode ser explicado pelas desonerações no setor de automóveis.