22/04/2013 14h03 - Atualizado em 22/04/2013 14h03

Gargalo em porto causa perdas, e Guarujá busca solução provisória

Acesso provisório terá 600m de comprimento, 50m de largura e três pistas.
Prefeitura projeta uma redução de 40% do tráfego na Rua do Adubo.

Anna Gabriela Ribeiro e Lincoln ChavesDo G1 Santos

Guarujá busca solução provisória para resolver gargalo em via portuária (Foto: Ivair Vieira Jr/G1)Congestionamentos são constantes na Cônego no auge das safras (Foto: Ivair Vieira Jr/G1)

Terminais de carga operando acima da capacidade, congestionamentos nas rodovias que dão acesso ao porto, atraso no embarque de grãos e prejuízo para todos os envolvidos na cadeia de exportação. A falta de infraestrutura no porto de Santos, o maior da América Latina, foi responsável por enormes problemas financeiros e logísticos em 2013. 

Até 20 de março, as perdas para os agentes marítimos já alcançava R$ 115 milhões, de acordo com o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar).

Parte desses problemas foi acompanhada pelo repórter do G1 Dhiego Maia: depois de viajar quatro dias, de Sorriso (MT) a Santos (clique aqui e veja no blog Rumo ao Porto como foi a viagem), o caminhão em que estavam ele e o motorista Adagirio entrou na fila do porto de Santos. À frente, estavam 119 caminhões esperando para descarregar suas cargas.

Congestionamentos
Do final do mês de fevereiro até meados de março, houve congestionamentos quase todos os dias no sentido Guarujá da rodovia Cônego Domênico Rangoni, por onde os caminhões chegam ao porto. A partir do dia 20 de fevereiro, uma grande quantidade de veículos comerciais passou a carregar e descarregar em Santos a super safra de grãos. Sem espaço nos terminais, os caminhões tiveram que esperar pela vez na rodovia, provocando filas quilométricas.

Durante esse período, caminhoneiros fizeram greve e reclamaram da falta de estrutura dos terminais. Ruas foram bloqueadas e os congestionamentos atingiram outras vias que levam ao porto de Santos, como a Rua do Adubo. Foram realizadas reuniões entre terminais portuários, prefeitura e autoridades do setor. O problema, no entanto, não foi resolvido até que a demanda de grãos diminuísse.

Área selecionada é o local da construção do novo acesso ao Porto, nas áreas da Fassina e Dow Química (Foto: Reprodução)Área selecionada é o local da construção do novo
acesso ao Porto, entre a Rodovia Cônego Rangoni
e a Avenida Santos Dumont (Foto: Reprodução)

Alternativas
Algumas alternativas vêm sendo trabalhadas para tentar resolver o problema. A prefeitura de Guarujá pediu ao governo do estado de São Paulo a recuperação da marginal da rodovia Cônego Domênico Rangoni, para que ela opere como via auxiliar, com uma faixa somente para caminhões de contêineres, que serão direcionados para a Rua do Adubo – que dá acesso aos terminais da margem esquerda do Porto de Santos.

A Secretaria Municipal de Planejamento de Guarujá já desenvolveu o projeto, que foi encaminhado ao governo estadual no começo desta semana, de acordo com o vice-prefeito e secretário de Coordenação Governamental, Duino Verri Fernandes. A estimativa é de que serão necessários R$ 15 milhões para a execução da obra.

Segundo Fernandes, o trecho a ser recuperado tem 3.250 metros e será pavimentado para que a via suporte o tráfego de caminhões. Ele crê que o posicionamento do governo paulista quanto ao projeto será feito em breve. “Acredito que em até dez dias teremos uma resposta. É uma solicitação antiga, que tem sido analisada com bons olhos. Queremos proteger até julho a safra de grãos. Se não agirmos agora, não será de grande ajuda depois”, explicou.

Outra opção para minimizar os congestionamentos é a construção de um acesso provisório, com 600 metros de comprimento e 50 metros de largura, tendo pistas e dois acostamentos, que ligaria a avenida Santos Dumont à rodovia Cônego Domênico Rangoni. A ideia é que o acesso seja utilizado por caminhões de grãos e líquidos. Com a obra, a prefeitura de Guarujá projeta uma redução de 40% do tráfego na Rua do Adubo.

Como o terreno previsto para a obra (orçada em R$ 1,5 milhão) é particular – pertence às empresas Dow Química e Fassina – Estado e prefeitura não podem financiar as obras. Assim, empresas portuárias e retroportuárias que atuam na margem esquerda do porto de Santos decidiram custear a construção do acesso.

O terreno, de 30 mil m², deverá ser desapropriado, mas só depois desse processo é que receberá uma obra definitiva. “Para o sistema não entrar em colapso, as empresas se reuniram com a Codesp (Companhia Docas de São Paulo, responsável pela administração do porto) para discutir a viabilidade da obra do ponto de vista legal, sem ter de esperar a desapropriação. É necessária uma solução rápida, e as empresas pretendem concluir (a obra) em até 45 dias, a partir da liberação legal”, explicou Fernandes.

Congestionamento na Cônego Domênico Rangoni (Foto: A Tribuna de Santos)Congestionamento na Cônego Domênico Rangoni
(Foto: A Tribuna de Santos)

Em nota, a Codesp disse também que ainda este ano será entregue a avenida Perimetral da Margem Esquerda, com dois viadutos para eliminar o conflito rodoferroviário na entrada de terminais de contêineres e granéis sólidos.

De acordo com a Codesp, a Perimetral da Margem Esquerda “dará mais fluidez ao tráfego de veículos de carga nos arredores do porto”. O investimento do governo federal na obra é de R$ 71 milhões, “somados a execução da obra, o desenvolvimento do projeto executivo e o gerenciamento ambiental do empreendimento”.