22/04/2013 12h48 - Atualizado em 23/04/2013 08h41

Pais suspeitos de abandono são presos após morte de filho, no PR

Casal vai responder por homicídio qualificado. Caso ocorreu em Foz.
Criança morreu com quadro de desnutrição grave, segundo a polícia.

Do G1 PR, em Foz do Iguaçu

Marcos Araguari (Foto: Airton Serra / RPC TV)Delegado Marcos Araguari disse que o crime "chocou até
mesmo os policiais" (Foto: Airton Serra / RPC TV)

O pai e a mãe de um adolescente de 13 anos, que morreu vítima de desnutrição no dia 5 de abril, foram presos pela Polícia Civil de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Os dois são suspeitos de abandono e omissão com os cuidados necessitados pelo menino e responderão por homicídio qualificado e maus tratos. Segundo a polícia, o padrasto também deve ser responsabilizado.

De acordo com o delegado de Homicídios, Marcos Araguari, o inquérito foi instaurado no dia 12 de abril, data em que o pai e a mãe foram presos. O caso chamou a atenção dos legistas do Instituto Médico Legal (IML) pelos efeitos da forte desnutrição e da grave desidratação. Quando morreu, o garoto estava pesando apenas 8,8 kg.

“Além da magreza, das unhas e cabelos compridos, o corpo estava sujo e com crostas na pele. Esse quadro chocante foi passado à delegacia e ao Ministério Público no mesmo dia da morte. E, assim que tomamos ciência do fato, instauramos o inquérito e pedimos a prisão preventiva do pai e da mãe”, explicou Araguari em entrevista à imprensa na manhã desta segunda-feira (22).

A criança era especial, fato noticiado pelos próprios pais no interrogatório. Mas, esta limitação não seria motivo para que o menino fosse colocado à míngua a ponto de morrer por desnutrição"
Marcos Araguari, delegado

Ainda de acordo com o delegado, o adolescente tinha uma aparente disfunção neurológica que será confirmada pelos peritos. “A criança era especial, fato noticiado pelos próprios pais no interrogatório. Mas esta limitação não seria motivo para que o menino fosse colocado à míngua a ponto de morrer por desnutrição.”

Omissão
O adolescente era palestino e a mãe brasileira. “O pai, também de origem árabe, simplesmente deixou o filho de escanteio, embora visitasse os outros filhos que teve com a ex-mulher”, comentou. O delegado observou que apesar de o padrasto não ter obrigação alimentar com o enteado, não poderia ter sido omisso.

O caso vinha sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar, que notificou e procurou a família várias vezes, orientando a mãe para que levasse o filho ao Centro de Nutrição ou procurasse algum tipo de socorro.

Encaminhados à Cadeia Pública Laudemir Neves, os pais permanecerão presos até a conclusão das investigações.