Economia

IPCA-15 aponta inflação próxima do zero em julho

Índice ficou em 0,07% no mês, e o acumulado em 12 meses foi de 6,40%, abaixo do teto da meta

RIO - A prévia do índice oficial da inflação aponta para uma variação média dos preços próxima de zero em julho, conforme afirmou a presidente Dilma Rousseff na 41ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social , realizada na quarta-feira. O IPCA-15 ficou em 0,07%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, e no acumulado em 12 meses, ficou em 6,40%, abaixo do teto da meta estipulada pelo governo.

Para o economista Luiz Roberto Cunha professor da PUC-RJ, o resultado veio dentro do esperado com desaceleração dos preços dos alimentos, impacto negativo dos trasnportes e a suprersa veio do grupo de serviços pessoais, sobretudo empregados domésticos.

—Os serviços pessoais tiveram alta de 0,69% no mês e em 12 meses continuam muito pressionados, com variação de 8,60%. Empregada doméstica subiu muito no mês, 1,45%, mais que o dobro do mês anterior. Foi uma surpresa e não me parece que tenha a ver com a nova lei — diz o economista

Os principais responsáveis pela desaceleração da inflação, que em junho tinha sido de 0,33%, foram os grupos de alimentação e bebidas, que passou de alta de 0,27% em junho para queda de 0,18% em julho, e transportes, que teve alta de 0,10% no mês passado e queda de 0,55% neste mês, de acordo com os dados preliminares.

O tomate, até recentemente um dos vilões da inflação elevada, ajudou a puxar a queda, com redução de 16,78%. Já os preços do feijão carioca e do óleo de soja caíram 3,86% e 3,13%, e a cenoura chegou a ficar 18,78% mais barata.

As maiores altas, por outro lado, foram registradas nos grupos despesas pessoais (de 0,37% em junho para 1,08% em julho)e e habitação (de 0,57% em junho para 0,60% em julho) . Neste último, o avanço foi puxado pela energia elétrica (de 0,01% para 0,26%) e gás de botijão (de 0,01% para 0,49%); nas despesas pessoais, pesaram os custos itens empregado doméstico (de 0,50% para 1,45%) e recreação (de 0,19% para 1,36%)..

No grupo transportes, o recuo também foi generalizado. Além de etanol (-3,71%), gasolina (-0,69%) e ônibus urbano (-1,02%), caíram os preços de seguro voluntário (-1,82%), ônibus intermunicipal (-0,91%), metrô e trem (-2,02% e -1,15%, respectivamente).

Cunha acredita que o IPCA fechado de julho venha ainda mais baixo e possa inclusive registrar deflação. A partir de agosto, prevê, a inflação volta a subir um pouquinho, mas o resultado em 12 meses deve continuar recuando e fechar o ano em torno de 5,8%.

— A grande questão não é número em si, mas o tipo de inflação. Até o ano passado, tínhamos uma inflação pressionada por serviços, que é um indicador relativamente positivo, significa ganho de renda é algo que as pessoas podem deixar de consumir. Nos últimos doze meses, além dos serviços, houve uma pressão forte sobre alimentos e isso atinge a todos e não tem como deixar de comprar. Essa inflação ficará menos intensa, mas vai continuar — diz.

Ele acredita que o efeito da alta do dólar sobre o IPCA não será muito maior, pois boa parte já foi absorvida, sobretudo no preço do pão. O grande problema, segundo Cunha, são os subsídios a energia e transporte, que devem entrar na conta da inflação do ano que vem.


— Em algum momento esse subsídio será repassado, senão não há fiscal que aguente, então não dá para ver como o IPCA volta para 4,5%. O que pode ajudar a conter a inflação em 2014 a economia crescer menos, mas essa coisa possível para o país, que é o baixo crescimento.