28/06/2013 19h20 - Atualizado em 28/06/2013 23h28

Ato contra a corrupção e por melhoria na saúde reúne multidão em Cuiabá

Passeata começou na Prefeitura e terminou na Praça das Bandeiras.
Manifestação serviu para cobrar melhoria na saúde e combate à corrupção.

Do G1 MT

Avenida do CPA foi mais uma vez parte da rota dos manifestantes em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)Avenida do CPA foi mais uma vez parte da rota dos manifestantes em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)

Manifestantes percorreram as avenidas do centro de Cuiabá no início da noite desta sexta-feira (28) em protesto por melhorias na saúde na capital e para cobrar combate à corrupção. Em menor número que no ato histórico de quinta-feira passada, que reuniu aproximadamente 45 mil pessoas, os manifestantes se reuniram no fim da tarde na Praça Alencastro, em frente à Prefeitura de Cuiabá, e depois seguiram pelas avenidas Getúlio Vargas, Tenente Coronel Duarte (Prainha) e Historiador Rubens de Mendonça (do CPA).

Os números sobre o total de manifestantes desta vez variam. A Polícia Militar apontou um máximo de mil no início do ato, total que chegou a crescer para cerca de 3 mil, ainda segundo policiais, no momento em que os manifestantes encaravam o breu na região da sede da Assembleia Legislativa (AL), por onde passaram antes de protestar em frente à construção abandonada do Hospital Central – obra do governo estadual parada há 28 anos.

Por sua vez, um dos organizadores do ato, o universitário Caiubi Kuhn, falou num total de 10 mil pessoas. Marcada via redes sociais, o evento havia recebido a confirmação da participação de 13.100 pessoas até a tarde desta sexta-feira.

Antes de passar pelo prédio da AL, os manifestantes receberam apoio de moradores e pessoas que estavam trabalhando em alguns dos prédios da Avenida do CPA, que piscavam as luzes dos apartamentos em resposta à chamada do grupo.

No caminho, eles também entoaram palavras contra o senador Blairo Maggi (PR), cuja empresa Amaggi se localiza na mesma área. “Ô Maggi, presta atenção, com o meu dinheiro, não”, cantavam.

Manifestantes se sentaram em frente à construção do Hospital Central, parada há anos. (Foto: Renê Dióz / G1)Manifestantes se sentaram em frente à construção do Hospital Central, parada há anos. (Foto: Renê Dióz / G1)

Já em frente à obra do Hospital, no local onde deveria funcionar a guarita da unidade, o grupo se sentou por um minuto. “Ô Silval, cara de pau, termina a obra do Hospital Central”, cantava o grupo, que logo partiu em direção à Praça das Bandeiras, na Avenida do CPA, cantando o Hino Nacional.

Manifestantes ocuparam entrada da OAB, onde acontecia festa de 80 anos da entidade. (Foto: Renê Dióz / G1)Grupo ocupou a frente da OAB, que comemorava os
80 anos da entidade. (Foto: Renê Dióz / G1)

OAB
Enquanto se dirigia à Praça, o grupo passou pela sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso, entidade que na noite desta sexta comemorava seus 80 anos de existência. Parte dos manifestantes logo começou a entoar gritos de guerra contra a OAB, ignorando o apoio da entidade – cujo presidente Maurício Aude esteve presente na passeata dos 45 mil.

Ao perceber a presença dos estudantes e as palavras de ordem hostis à entidade, um grupo de advogados deixou o salão onde ocorria a solenidade e se dirigiu aos manifestantes, entre eles o vereador por Cuiabá Renivaldo Nascimento (PDT), que passou cerca de 10 minutos discutindo com alguns manifestantes exaltados após ser questionado sobre a verba total (salário, verba de gabinete, etc.) recebida pelos membros do Legislativo Municipal.

“Nós temos que separar o joio do trigo”, argumentou o vereador, embora sem muito êxito em se fazer ouvido pela maior parte dos manifestantes que o cercavam. “O senhor é do Poder Judiciário, tem que fiscalizar”, chegou a dizer um deles.

Vereador discute com manifestantes durante protesto em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)Vereador discute com manifestantes durante protesto em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)

Outro advogado que se acercou dos manifestantes foi o presidente do Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo, Antônio Wagner. Além de considerar as pautas do movimento em geral incoerentes e pouco específicas, ele se mostrou indignado com o discurso dos manifestantes contra as instituições.

“Essa história de que o gigante acordou é uma conversa fiada”, criticou, lembrando que os sindicatos de movimentos sociais vêm há muito tempo lutando de maneira sistemática por grande parte das pautas que o atual movimento jovem abrange de maneira vaga.

Protestos
Após passar pela OAB, o grupo finalmente chegou à Praça das Bandeiras, em número reduzido, e começou a dispersar-se na volta para casa.

Esta foi a segunda manifestação realizada na capital do estado esta semana. Na quarta-feira (26), um grupo de aproximadamente 1.800 pessoas caminhou da Praça Alencastro até a Câmara Municipal de Vereadores.

A manifestação novamente teve pauta ampla, com foco nas reivindicações por melhorias no transporte coletivo e na política de tarifas no sistema (com pedido de ampliação do passe livre), mas abrangendo também protestos contra a unificação das secretarias de cultura e turismo na cidade e contra o descaso na administração da rede pública de saúde.

Grupo ainda se prepara para novas manifestações em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)Grupo ainda se prepara para novas manifestações em Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)

No dia seguinte, na sessão da Câmara, os vereadores aprovaram cinco projetos referentes ao transporte coletivo, entre eles o que amplia o uso do passe-livre estudantil. Na sessão, que contou com a presença de vários estudantes da capital, os parlamentares votaram a favor da proposta que permite usar o passe-livre estudantil em qualquer horário e aos alunos de pós-graduação da rede pública e privada de ensino do município. Um grupo de 300 alunos acompanhou a votação.

Neste sábado, os líderes devem se reunir para definir novos protestos.

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