Qualquer tempinho livre é precioso para Jaqueline.
Recém-contratada pelo Minas, a jogadora de vôlei faz uma ponte aérea entre Belo
Horizonte e São Paulo para matar as saudades da família. Até mesmo a gravação
do programa “Altas Horas”, na capital paulistana, vira uma desculpa para ver o
marido Murilo e o filho Arthur por algumas horas. A bicampeã olímpica aos
poucos vai se adaptando a uma rotina longe dos entes queridos, mas cheia de
recompensas.
- O Arthur ainda não foi para lá (Belo Horizonte), não tive
tempo para levá-lo. Quando eu me estruturar, ele vai ficar comigo. Por enquanto
ele está aqui (em São Paulo) com o Murilo, com a babá, com a minha mãe, com a
mãe dele. Ainda bem que tenho uma estrutura familiar muito boa, que pode me
ajudar, se não seria muito difícil ter de ir lá e deixá-lo sozinho. A gente
fica nessas idas e vindas. Faz parte da nossa profissão. Eu achei que eu não iria
me adaptar a essa situação, tanto que no início falei que não sairia de perto
dele, mas agora estou vendo que dá. Essa é a parte mais difícil, mas estou
tendo um carinho tão grande, todo mundo me ajudando tão bem que eu não estou
nem sofrendo muito nesse início - disse Jaqueline, nos bastidores do programa “Altas
Horas”.
Confira mais atrações do Altas Horas
A ponteira, que passou mais de um ano sem clube para dar à
luz Arthur, está há quase duas semanas morando em Belo Horizonte. Quando não
está treinando junto com as comandadas de Marco Queiroga, Jaque corre para
encontrar e montar seu apartamento. Em breve Arthur se mudará para a capital
mineira, mas o marido Murilo ainda ficará em São Paulo, já que defende o
Sesi-SP.
Dentro de quadra, a adaptação também caminha com
tranquilidade, apesar dos obstáculos. Depois de dois meses sem jogar desde o
fim do Mundial, a ponteira ainda não está no ritmo ideal. Além disso, ela corre
contra o tempo para ganhar entrosamento com as companheiras de equipe.
- Treinei pouco tempo. Demora meses para se entrosar, às
vezes até anos. Temos de entrar no entrosamento forçado, não tem jeito. Vamos
entrar na metade da Superliga, e eu preciso me adaptar e me entrosar o mais
rápido possível. Estou adorando conhecer as meninas lá. Está sendo muito
especial. As jogadoras mais novas me procuram para tirar dúvida de jogo. Eu
acho superlegal. Uma experiência nova para mim - disse Jaque.
Líder nos clubes por que passou e também na seleção
brasileira, Jaqueline assume o papel de espelho para as garotas do Minas, que
também conta com outras experientes jogadoras como as centrais Walewska e Carol
Gattaz.
- O que elas poderem sugar de mim, de tudo por que passei,
dos momentos ruins, dos momentos bons da seleção, por tudo na minha carreira, que
não foi fácil por conta de contusões. Dei muitas voltas por cima. Eu tenho uma
pessoa em que me espelho muito que é a Ana Moser, que teve todos esses problemas
e conseguiu jogar em alto nível, não desisti pelo fato de saber que ela
conseguiu, por que eu também não vou conseguir? Hoje estou aqui jogando e
espero que possa servir de espelho para essas jogadoras mais novas.
Por estar fora de ritmo, Jaqueline ainda é reserva no Minas,
mas já deu novo gás ao time. Antes lanterna da Superliga, a equipe mineira
venceu as duas partidas em que a bicampeã olímpica esteve em quadra. O Minas
tentará a terceira vitória seguida nesta sexta-feira, às 20h15 (de Brasília),
contra o Rio do Sul, em Santa Catarina.
- Dá para esperar muitas surpresas do Minas. É uma equipe
que vai crescer, que é jovem, mesclada com algumas jogadoras experientes. Podemos
surpreender. Tem que ter muito trabalho, cabeça no lugar, porque sabemos que
outras equipes são mais fortes que a nossa, mas vamos batalhar muito para
surpreender - disse Jaqueline.