Seis da manhã, hora de acordar e começar mais um dia na escola agrícola Dom Fragoso, em Independência, no centro-sul do Ceará. A rotina começa com um momento de reflexão.
A manhã segue com o café e depois, os alunos, todos de famílias de agricultores, se preparam e seguem para a aula de campo. Rosberg Chaves explica sobre o biodigestor, um equipamento que permite a geração de gás liberado com decomposição do esterco dos animais.
O dia a dia dos alunos da escola agrícola é bem diferente da escola comum. Eles fazem o ensino médio e técnico por meio da metodologia da alternância. São 12 dias na escola e o restante do mês em casa, colocando em prática o que aprenderam.
O objetivo da escola é aproximar os moradores do sertão da realidade de onde vivem. A instituição mantém projetos acessíveis a muitos agricultores como a suinocultura, a bovinocultura e o funcionamento de cisterna para aproveitar água da chuva.
A escola Dom Fragoso é mantida pelos pais e outras parcerias como Fetraece, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura, e a associação Dom Hélder Câmara, que trabalha com projetos sociais no Nordeste.
Quando começou a funcionar, há 11 anos, a escola tinha apenas 40 alunos. O interesse foi crescendo, o projeto aumentando e hoje já mais de 100 alunos em três salas de aula não só de Independência, mas de outros 20 municípios do Ceará.
Este é o caso de José Gadelha, que vem de Chorozinho, no leste do Ceará. São 8 horas de viagem, mas o sacrifício é compensador, já que o que ele aprende, não teria acesso em outras escolas.
Mais de 500 alunos já passaram pela escola Dom Fragoso e quem estudou por lá, pode também dar uma contribuição. Eliézio Belizário foi aluno e agora dá aulas de zootecnia. Trocou de papel porque acredita na filosofia da escola: formar gerações conscientes da importância do campo, mesmo com todos os desafios da natureza.