Economia

Evento da EMC aponta tendências no armazenamento de dados

Agilidade, maior segurança e controle de dispositivos móveis são as chaves para a nuvem cair definitivamente no gosto de corporações e usuários finais

LAS VEGAS – Mantendo a tendência que se repete desde 2002, o evento anual da EMC continua crescendo ano após ano. A edição de 2013, realizada no hotel-cassino The Venetian, em Las Vegas, contou com mais de 13 mil participantes provenientes de 105 países — em sua esmagadora maioria nerds de carteirinha. Com faturamento mundial de US$ 21,7 bilhões em 2012, a EMC cresceu 9% em comparação ao ano anterior, quando registrou US$ 20 bi. A previsão para 2013 é que chegue aos US$ 23,5 bilhões.

Investindo 12% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento, e 10% em aquisições de novas tecnologias, a empresa teve receita de US$ 5,39 bi no primeiro trimestre de 2013. A América Latina, apesar de contribuir com apenas 3,7% desse total (US$ 200 milhões), foi a região que apresentou maior crescimento ano a ano na empresa — 27%, contra 8% registrados pela América do Norte e 4% pela região Ásia-Pacífico.

Ao longo do evento EMC World 2013, a companhia fortaleceu sua visão de “software-defined storage” (SDS), ou armazenamento de dados definido por software, na tradução. Comparando com 2012, quando lançou mais de 40 produtos novos ou atualizados, a EMC apresentou apenas oito no corrente ano, sendo um deles considerado pelos analistas como de grande impacto: a plataforma ViPR de SDS. “É um produto revolucionário”, declarou Dave Goulden, presidente da EMC.

— Big Data, nuvem, mobilidade e redes sociais são as tendências que ditarão o futuro dos sistemas de armazenamento de dados — disse em sua palestra no evento Joe Tucci, chairman e CEO da EMC, executivo calejado que tem conseguido transmutar a empresa nos últimos dez anos, de uma companhia mais concentrada em hardware, para uma empresa também voltada para software. — E o ViPR é uma conquista nessa transição, sendo um software que gerencia hardware tradicional.

Com o objetivo de reduzir os custos e a complexidade dos sistemas de guarda de informações, a plataforma ViPR permitirá aos clientes da EMC implementar armazenamento usando hardware mais simples, tal como fez o Google em seus primórdios, numa jogada genial.

“Virtualizar tudo” parece ter se tornado a febre do momento na indústria de TI. Disponibilizar recursos na nuvem — virtualizar nada mais é do que isso — é algo que vem funcionando bem para servidores e para redes. “Virtualizar o armazenamento era o próximo passo natural. E é isso que está acontecendo com a filosofia de SDS”, disse numa das conferências Trevor Caldwell, gerente de TI de uma empresa financeira de Austin, no Texas.

Como empresa de armazenamento de dados, a EMC deparou-se nos últimos anos com quatro grandes desafios: Big Data, em que se lida com grandes bancos de dados; Fast Data, em que esses dados precisam ser consultados e atualizados com grande velocidade; a nuvem computacional, em que essas informações estão em computadores virtualizados; e dispositivos móveis, que permitem manipular essa montanha de dados a qualquer tempo e de qualquer lugar.

— Logo de início, parecia um desafio insuperável controlar todas essas variáveis. Mas após grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, conseguimos — diz Rob Sadowsky, diretor de soluções tecnológicas da RSA, que seis anos atrás se tornou a divisão de segurança da EMC. — Não existe fórmula mágica e cada caso requer análises específicas. Mas a palavra-chave é controle. Coletando informações sobre o fluxo dos dados dentro da organização e aplicando “analytics” sobre essas informações, podemos estabelecer pontos de controle e, se necessário, criptografar os dados mais sensíveis.

Preocupação com a segurança digital

Sadowsky aponta também a necessidade de compartilhar informações entre os membros do fechado clube dos especialistas em segurança de informações digitais, com estratégias que adentram até nos domínios da espionagem.

— É claro que temos gente nossa infiltrada em comunidades de hackers em várias partes do mundo, e isso nos permite coletar inteligência sobre os riscos que ameaçam os valiosos ativos de dados de nossos clientes — revela Sadowsky.

Com relação à atuação das áreas de TI nas grandes empresas, a EMC também está promovendo um verdadeiro turbilhão em termos de agilidade interna nas estruturas muitas vezes engessadas dessas grandes corporações.

— Com as equipes de TI apresentando lentidão ao atender aos pedidos internos de máquinas virtuais dentro de uma corporação, os setores solicitantes passaram a apelar por conta própria para serviços externos de virtualização, rompendo as normas internas das empresas — relata Rodrigo Gazzaneo, gerente de nuvem e aplicativos da EMC para a América Latina. — Isso assustou as áreas de TI, pois perdiam o controle sobre os ativos de dados da empresa.

A solução que a EMC propôs para este problema foi desenvolver software para definir recursos de computação, rede e armazenamento, reduzindo drasticamente o tempo de atendimento a uma demanda à área de TI numa empresa de grande porte.

— Com isso desencorajamos os usuários corporativos de procurarem soluções fora de suas empresas — explica Brian Whitman, gerente sênior de vSpecialists da EMC para as Américas. — Pessoas falham, é normal. Reunindo cinco ou seis técnicos para montar às pressas uma configuração computacional urgente solicitada por uma área nobre em uma corporação era quase uma receita de bolo para dar alguma coisa errada. Mas se o atendimento a essa demanda for automatizado, as coisas ficam muito mais ágeis e menos suscetíveis a erros. Este é o futuro das áreas corporativas de TI e a EMC entra nessa equação proporcionando uma variedade de escolhas, que darão grande agilidade ao processo.

Quanto ao futuro próximo na tecnologia de hardware para armazenamento de Big/Fast Data, Whitman aponta os drives de estado sólido, vulgo SSD, como determinantes para grandes reduções no tamanho dos equipamentos nos data centers,

— Em termos de Fast Data, se antes necessitávamos de 20 drives convencionais de 1TB (Terabyte) para fornecer respostas ultravelozes às consultas feitas a um único disco rígido também de 1TB, hoje utilizamos apenas um ou dois drives SSD no lugar daqueles 20 — esclarece. — Com isso, falando em termos leigos, se antes precisávamos de um armário inteiro no rack de um data center, hoje precisamos apenas de uma única prateleira nesse mesmo rack. Essa miniaturização de espaços é a mais forte tendência para o futuro imediato, fortalecida ainda mais pela queda dos preços dos drives SSD.

Veja os vídeos do GLOBO no EMC World 2013 no link < http://bit.ly/emc2013video >.