23/05/2013 12h57 - Atualizado em 23/05/2013 13h52

OMC precisa mudar e ser mais inclusiva, diz diretor brasileiro eleito

Roberto Azevêdo falou no Senado que o órgão precisa discutir temas atuais.
Para o diplomata, há 'vontade política' para possibilitar as mudanças.

Felipe Nérido G1

O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, que assume o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) em setembro, afirmou nesta quinta-feira (23) no Senado que o órgão internacional precisa mudar para se tornar mais inclusivo e discutir temas atuais. De acordo com Azevêdo, desde que a organização foi criada, não houve “resultado negociado multilateralmente”.

 “A organização tem que mudar, tem que discutir temas atuais, tem que atualizar as suas disciplinas, a sua maneira de funcionamento. O núcleo decisório da OMC se alterou. Tem que ser uma organização mais inclusiva, mais diversa, que analise os temas sobre diversas perspectivas e não apenas uma perspectiva homogênea”, disse Azevêdo após audiência pública na Comissão de Relações Exteriores no Senado.

Para o diplomata, existe vontade política no órgão que permita mudanças. “Ou nós mudamos ou a organização vai sofrer seriamente. Portanto há uma convicção de todos os membros de que esse quadro precisa ser mudado. A vontade política está presente, e com vontade política tudo é possível”, declarou.

De acordo com Azevêdo, é preciso evoluir nas negociações de comércio internacionais da OMC, que ele considera “emperradas”. "As negociações estão emperradas há vinte anos. Desde que a organização foi criada, portanto entrou em vigor em 1995, não houve nenhum resultado negociado multilateralmete. Isso é muito grave, temos que mudar esse quadro”, declarou.

Mesmo falando em mudanças, Azevêdo afirmou que pretende fazer poucas alterações nas subdiretorias gerais do órgão. Ele disse ainda não ter definido quem estará à frente dos cargos abaixo do que ele ocupará na OMC. “Não pretendo mudar muito a tradição da organização, da maneira como elas [subdiretorias] vêm sendo ocupadas. A decisão vai ser tomada num futuro próximo”, declarou.

Desafio
Azevêdo também afirmou, durante a audiência, que seu mandato terá como grande desafio superar as dificuldades de negociar num período de multilateralismo, com a participação de diversos atores econômicos.

“Os centros de decisões mudaram e são mais heterogêneos. Antes, o coração das negociações acontecia entre economias com perspectivas muito parecidas [...]. Hoje esse núcleo central mudou e isso dificulta. É um desafio que eu vou ter que tentar superar como diretor geral da OMC”, declarou.

Déficit comercial brasileiro
Azevêdo também minimizou a importância dada ao déficit na balança comercial brasileira, quando o volume de importações supera o de exportações. Para o diplomata, é preciso dar maior atenção à competitividade.

Em abril, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 994 milhões, pior resultado de série histórica medida pela pasta. O número superou o recorde negativo anterior, em 1997, quando o déficit foi de US$ 910 milhões.

“O problema maior é que nós temos que olhar um pouco mais para competitividade. Nós temos uma economia competitiva? Temos condições de dar maior competitividade ou estamos regredindo? Essa é a questão que temos colocar para  o governo brasileiro, não só no setor industrial como no agrobusiness”, declarou.

Para o diplomata, é preciso esforço do governo brasileiro junto ao Legislativo  e ao setor produtivo para promover avanços que aumentem a produtividade e competitividade do país, de modo a tornar o Brasil mais integrado com o comércio internacional.

“Com o passar do tempo, vai tendo desgaste natural do setor produtivo. As reformas têm que ser feitas de forma bem pensada. Se forem feitas reformas, haverá avanços do Brasil nas negociações internacionais”, disse.

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