Economia

Taxa de desemprego fica estável em 5,8% em maio. Renda do trabalhador recua

Indicadores apontam para mudança no ritmo de melhora do mercado de trabalho influenciado pelo cenário econômico, diz IBGE

RIO – A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país ficou em 5,8% em maio, informou o IBGE. Em abril, tinha registrado o mesmo percentual. Na comparação com maio do ano passado, o índice também registrara 5,8%. É o primeiro mês de estabilidade na taxa desde dezembro de 2009 na comparação interanual.

Na passagem de abril para maio, houve queda de 0,3% na renda do trabalhador, para R$ 1,863,60. Esta é a terceira queda consecutiva da renda do trabalhador. Já na comparação com maio do ano passado, houve crescimento de 1.4%. A massa de rendimento real habitual ficou estável em relação a abril e somou R$ 43,3 bilhões, relata a instituição, que estimou o contingente de desocupados em maio em cerca de 1,4 milhão de pessoas nas seis regiões.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado caiu 0,1% em relação ao mês anterior. Em comparação com maio do ano passado, houve alta de 1,8%.

Segundo Cimar Azeredo, da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, vários indicadores apontam para uma mudança no ritmo de melhora do mercado de trabalho influenciado pelo cenário econômico. Ele lembrou de variáveis como o nível de emprego, que cresce em ritmo inferior ao observado nos últimos quatro anos quando se comparam os cinco primeiros meses do ano.

Já o aumento do emprego com carteira desacelerou de 3,9% , em maio de 2012, para 1,8%, em maio deste ano. A taxa de desocupação também reduziu o ritmo de queda. Era de 6,4% na média de janeiro a maio de 2011, passou para 5,8% no mesmo período em 2012 e agora está em 5,7%.

— O mercado de trabalho vinha num ritmo de avanço e esse avanço se desfez. Todas as vezes que há mudança no ritmo da desocupação e do nível de emprego isso é preocupante. Em termos de evolução da taxa de desocupação, quando se compara 2012 para 2013 deixa muito a desejar — afirma, ressaltando que ao contrário do ano passado, o tradicional momento de inflexão da taxa de desemprego ainda não ocorreu.

Para o economista e professor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia, o sinal é claro de que o mercado de trabalho está perdendo fôlego, em uma situação muito próxima a de 2012. No entanto, segundo ele ainda é cedo para dizer que o desempenho dele será pior do que no ano passado.

— O mercado de trabalho de trabalho claramente desacelerou, mas não está pior, as pessoas continuam sendo absorvidas — afirma, frisando que houve aumento do emprego com carteira e queda de 4,9% no contingente de trabalhadores sem carteira.

— O mercado de trabalho está num ponto de incerteza e vai depender muito do que vai acontecer na economia — acrescenta.

A economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thais Marzola Zara, considera que a desaceleração do mercado de trabalho já era esperada e que há uma sinalização de que, na comparação interanual, a taxa de desemprego pode começar a apresentar taxas negativas. Para ela, a queda no contingente de trabalhadores sem carteira pode estar relacionada à desoneração da folha de pagamento do governo, que estimulou a formalização, ou ao fato de que num período de crise, os sem carteira são os primeiros a serem dispensados.

— A massa salarial real habitualmente recebida está estagnada desde novembro. Isso ocorre pela inflação e pelo fato da população ocupada não estar se expandindo de forma expressiva — afirma.

Pelos dados já divulgados do Caged, a geração de vagas de empregos formais caiu 9,25% em abril, em relação ao mesmo mês de 2012, confirmando as previsões. Foram criadas 196.913 vagas, contra 112.450 de março, alta de 75%. No acumulado do ano, foram criados 549.064 postos, incluindo as vagas declaradas fora do prazo. Em 12 meses, 1,087 milhão de empregos com carteira assinada foram criados no país.