Economia

Governo já admite que balança comercial fechará 2014 no vermelho

Déficit em novembro foi de US$ 2,350 bilhões, o pior resultado para o mês desde 1994
Embarque de mercadorias no Porto do Rio Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Embarque de mercadorias no Porto do Rio Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA - Em mais um capítulo de deterioração dos números, a balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 2,350 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 1994. As exportações somaram US$ 15,646 bilhões e as importações, US$ 17,996 bilhões.

No acumulado do ano, o comércio exterior apresentou um saldo negativo de US$ 4,221 bilhões, o maior desde 1998, período em que a conta ficou no vermelho em US$ 6,112 bilhões. As vendas externas totalizaram US$ 207,611 bilhões e as importações, US$ 211,832 bilhões.

O diretor do departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Roberto Dantas, disse nesta segunda-feira que o déficit acumulado de janeiro a novembro deste ano, de 4,2 bilhões, leva o governo a projetar, pela primeira vez, a possibilidade de um saldo negativo na balança comercial de 2014. Até então, a expectativa oficial era de um pequeno superávit.

- Embora, tradicionalmente, o número de dezembro seja superavitário, ainda assim não esperamos mais um resultado positivo. Houve mudança de expectativa de superávit, ainda que pequeno, para déficit - disse Dantas, sem revelar qual seria a nova projeção.

A principal razão apontada pelo técnico é a queda dos preços das commodities. Não houve recuperação do preço do minério de ferro e a cotação do petróleo não para de cair.

QUEDA DE 25% DAS EXPORTAÇÕES EM NOVEMBRO

Sem os embarques da safra de grãos e fortemente afetada pela queda dos preços das commodities no mercado internacional, as exportações realizadas em novembro caíram 25% ante o mesmo mês do ano passado. As vendas externas de soja diminuíram 76,6%; minério de ferro, 47,5%; fumo em folhas, 43,2%; e milho em grão, 32,4%.

O cenário externo é outro fator determinante para o desempenho ruim das exportações, principalmente de produtos industrializados, que ainda enfrentam perda de competitividade em terceiros mercados por causa do real valorizado frente ao dólar. As vendas de manufaturados caíram 31,7% e de semimanufaturados, 6,2%. As maiores baixas ocorreram com óleos combustíveis (55,3%), veículos de carga 46,8%), açúcar refinado (40,4%) e automóveis (39,8%).

IMPORTAÇÕES CAEM A TAXA MENOR

Como reflexo do baixo aquecimento da atividade econômica, as importações tiveram uma queda de 5,9% em novembro, com reduções em todas as categorias de itens, à exceção de combustíveis e lubrificantes que tiveram alta de 9,8% ante o mesmo mês de 2013. As compras de bens de consumo diminuíram 9,3%; de matérias-primas e intermediários, 8,3%;e de bens de capital, 8,1%.

Em termos de países, os principais mercados compradores de produtos brasileiros foram, em ordem decrescente, Estados Unidos, China, Argentina, Países Baixos e Alemanha. Do lado dos maiores fornecedores ao Brasil, lideraram o ranking China, EUA, Argentina, Alemanha e Nigéria.

Nos últimos doze meses, a balança registrou um déficit acumulado de 1,572 bilhões, o que indica que o resultado do comércio exterior este ano poderá ser negativo. Mas uma avaliação mais detalhada será feita ainda nesta segunda-feira, pelos técnicos do MDIC, após a entrevista coletiva do ministro indicado da pasta, Armando Monteiro, que substituirá Mauro Borges no cargo.