(Foto: Lilian Quaino/G1)
Valorização do real, alto custo da energia e altos tributos são os principais causadores da perda de competitividade da indústria do aço no Brasil, disse nesta quinta-feira (9) André Gerdau Johannpeter, CEO do grupo Gerdau, no congresso comemorativo dos 50 anos do Instituto do Aço, que acontece no Rio. Para ele, a previsão de importação de 5,2 milhões de toneladas em 2013 de aço no Brasil mostra que o país não tem condições de competir.
O empresário pediu ao governo a redução de impostos na indústria do aço. Tomando como exemplo a produção de vergalhões, ele informou que o Brasil tem o terceiro melhor custo de produção no mundo, perdendo apenas para Estados Unidos e Rússia. Mas a produção somada aos tributos coloca o produto brasileiro em sexto lugar em custos, atrás ainda de Alemanha, Turquia e China, disse.
O câmbio também tem prejudicado a competitividade da indústria brasileira: "Guerra cambial é uma nova realidade e difícil de ser combatida. A nossa moeda continua valorizada em comparação com concorrentes como a Turquia. Se tivéssemos com uma moeda depreciada, estaríamos mais competitivos", disse.
Murilo Ferreira, presidente da Vale, concordou com Gerdau, afirmando que a venda de aço da Vale no Brasil vem diminuindo. "O inconformismo da Vale é grande. A volatilidade é o pior dos cenários", disse.
O executivo afirmou que, apesar das incertezas que a volatilidade traz, está convencido do sucesso do projeto de minério de ferro em Carajás, com previsão de produzir 90 milhões de toneladas em 2016, com um investimento de US$ 19,5 bilhões.
Murilo Ferreira ressaltou a importância da implantação da siderúrgica Aço Laminados do Pará (Alpa), mas o projeto esbarra na falta de solução logística para o escoamento do produto final.
"O sistema Norte tem importância para a Vale, que já fez a terraplanagem no projeto, mas não é possível ir em frente sem ter uma logística planejada", disse.
A solução, de acordo com o executivo, seria uma hidrovia, mas eclusas estão sem operação há meses. "A Eletronorte enxerga como prioridade a produção de energia. Há dificuldades em relação à hidrovia, mas não somos atores nesse assunto. Os atores principais são o governo federal e o governo do Pará."
Sobre a CSU, do Espírito Santo, Murilo disse que só poderia apoiar o projeto se houvesse alguma liderança que trouxesse mercado e tecnologia, o que ainda não ocorreu.
Para Murilo, a prioridade da Vale é aumentar o market share (participação) de minério de ferro no país.
"A Vale é uma empresa de mineração e não quer liderar nenhum projeto novo no Brasil", disse.