Economia

Produção industrial no país teve avanço de 1,8% em abril, diz IBGE

Em 12 meses, resultado representa recuo de 1,1%

RIO - A produção industrial brasileira avançou 1,8% em abril, informou o IBGE nesta terça-feira. A indústria foi uma das responsáveis pelo baixo crescimento de apenas 0,6% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos no país) no trimestre, mostraram os dados oficiais na semana passada: de janeiro a março, o setor recuou 0,3%, puxado sobretudo pelo mau desempenho da indústria extrativa mineral (-2,1%). Em 12 meses, a retração é de 1,1%. Já na comparação a abril de 2012, há expansão de 8,4%.

Os números da pesquisa apontam um início de 2013 totalmente diferente do que o fim de 2012, segundo André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE. O patamar de produção da indústria em abril está 2,9% superior ao de dezembro.

O resultado da produção industrial de abril veio acima das projeções dos analistas, que variavam entre 0,5% e 1,7%, e dá sinais positivos, já que houve expansão em todas as categorias de uso da indústria e em 17 dos 27 ramos pesquisados. Com a entrada de abril, o que era queda de 0,5% agora registra crescimento de 1,6% no ano de 2013.

— O que chama a atenção em abril é o perfil disseminado do crescimento, há predomínio de taxas positivas — diz André Macedo. — Com a entrada de abril, tem um cenário de melhora de comportamento. Mas se considerarmos os indicadores de confiança ainda temos que aguardar com cautela para saber se o movimento até abril da indústria é consistente ou não – destacou.

O setor de bens de capital - indicador de investimentos - teve alta de 3,2% da produção em abril, frente a março. No acumulado do ano, a alta é de 13,4%. Frente a abril de 2012, a expansão foi de 24,4%. Segundo Andre Macedo, o segmento de bens de capital é o principal destaque positivo do resultado, diante da magnitude do desempenho e do crescimento consecutivo há quatro meses. Na sua avaliação, os incentivos dados pelo governo, como redução de taxas de juros de financiamento via BNDES, ajudam a explicar a expansão na produção de bens de capital.

Os setores de veículos automotores, máquinas e equipamentos e alimentos foram os três principais destaques entre as atividades industriais na passagem entre março e abril. A alta em veículos automotores foi de 8,2%, após uma alta de 6,9% em março. O ganho acumulado nesses dois meses no setor foi de 15,6%. Os outros dois impactos positivos relevantes para o mês são máquinas e equipamentos (7,9%) e alimentos (4,8%). Em máquinas e equipamentos, teve contribuição de investimentos, mas também de eletrodomésticos. Juntos, os três setores têm peso de um terço da produção industrial. Individualmente, o segmento de veículos automotores corresponde a 50% dos bens de consumo duráveis e a 10% da indústria.

A alta de 8,4% da produção industrial em abril, frente a abril de 2012, foi a maior expansão na comparação anual desde agosto de 2010, quando o ganho foi de 8,6%. Nesse resultado, houve algum impacto de efeito calendário, já que abril deste ano teve dois dias úteis a mais que abril do ano passado.

Construção civil reage

A indústria da construção civil deu sinais positivos na pesquisa. A produção de bens de capital para a construção avançou 18,4% em abril, frente a igual mês de 2012. Os insumos para a construção, por sua vez, tiveram alta de 9,7% na mesma base de comparação, puxados por material elétrico, minerais não metálicos e tintas, entre outros. O indicador é parte do cálculo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que é o indicador de investimento no Produto Interno Bruto (PIB).

Em março, havia sido registrado um avanço de 0,7%, que foi revisado para 0,8%. O resultado foi então recebido como sinal de que o ritmo de recuperação da economia brasileira ainda não ganhou força. Assim como a produção industrial, o resultado do PIB decepcionou e levou especialistas a revisarem suas apostas de crescimento para 2013.

O boletim Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central (BC), mostrou que os economistas das instituições financeiras hoje apostam que a economia vai crescer 2,7%, menos que os 2,93% estimados na semana passada. Nesta segunda-feira, também o Itaú ajustou suas projeções de avanço do PIB: em vez de 2,8%, acreditam num crescimento de 2,4% em 2013 após a divulgação dos dados do IBGE.

Após o resultado decepcionante do PIB, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano, a taxa básica de juros da economia, a Selic, em decisão unânime, para atacar a inflação.