Edição do dia 12/05/2013

12/05/2013 21h44 - Atualizado em 12/05/2013 21h44

Blitz nacional encontra pontos de ônibus caindo aos pedaços

País afora, as reclamações se repetem. Professor inovou em ponto disponibilizando revistas, jornal, lixeira, copos descartáveis e água.

Milhões de brasileiros pegam condução para o trabalho em pontos de ônibus caindo aos pedaços.  Por que, em tantas cidades, a manutenção é tão ruim? E se for montado um ponto de ônibus todo arrumadinho, será que os usuários vão cuidar bem dele?

Milhões de brasileiros usam os pontos de ônibus e sofrem com eles!

São Paulo, a maior capital do país, tem cerca de 19 mil pontos. Em um giro pela cidade, o Fantástico viu paradas de vários tipos. E alguns estragados.

“Não tem banco, não tem estrutura, sempre tem buracos por perto, acesso é difícil”, conta Gisele Aparecida dos Santos, professora de educação infantil.

Na Vila Brasilândia, na zona norte paulistana, o presidente da associação de moradores aponta mais um problema: “Lixo em todo canto. O muro arrebentado, que serve de armadilha para a prática de crimes”.

País afora, as reclamações se repetem. No Ceará, um morador enviou ao Fantástico imagens de um ponto,  à beira da estrada, em Morada Nova. “Seria um local para as pessoas se acomodarem e se sentarem, mas foi destruído por vândalos, que o quebraram”, ele conta.

Em Belém, faz sol o ano todo e chove quase todo dia. A maioria das paradas de ônibus não têm cobertura. E nos pontos de ônibus onde a prefeitura instalou as coberturas, também tem muita reclamação. Em um ponto, por exemplo, a estrutura foi montada em um trecho sem calçada, e há muito mato em volta. Muitos passageiros vão para a beira da pista para pegar os ônibus.

Em uma avenida de Teresina, o Fantástico encontrou situações opostas. De um lado, um ponto de ônibus com cobertura e banquinho, do outro lado, os usuários só contam mesmo com a ajuda dos vendedores ambulantes.

"Constrangedor, triste... A gente fica disputando lugar e sombra na barraca do senhor", diz a vendedora Fabiana da Silva.

Cuiabá tem 2,5 pontos de ônibus, mas a maioria não tem abrigo para o passageiro se proteger da chuva e do sol forte. E alguns que têm o abrigo apresentam problemas.   Um deles é o campeão de reclamações. Parte da estrutura de ferro está ameaçando cair ao lado a fiação elétrica exposta.

“É difícil, não tem iluminação, quando chove aqui o pessoal fica todo tomando chuva”, reclama um passageiro.

Segundo o Ministério das Cidades, cada prefeitura é responsável por criar uma legislação para os pontos, de acordo com a necessidade local. 

O professor de arquitetura Marcelo Barbosa analisou alguns pontos em São Paulo. “Não existe uma norma específica que defina que tem que ter um ponto. Tem as normas de acessibilidade, de ergonomia. Então, tem que ter uma cobertura eficiente contra os raios de sol e a incidência de chuva, tem que ter um assento bom, pode ser um banco mesmo. Tem que ter um piso adequado aos cadeirantes e portadores de deficiência visual. E tem que ter uma estrutura resistente para isso durar”, explica.

A capital paulista tem pontos em boas condições, com coberturas, bancos, alguns até com painel digital, que mostra quanto tempo falta para a chegada do ônibus. Mas são minoria. A prefeitura diz que para instalar um ponto como esses  analisa a demanda dos passageiros, além da estrutura e espaço das calçadas.

Alguns pontos velhos estão sendo trocados. Mas o modelo novo já sofre críticas. “Ele é bonito. Só que não é prático. Não protege que está esperando do sol”, diz uma jovem.

E que tal um ponto de ônibus com revistas, jornal, lixeira, copos descartáveis e água pra beber, lavar as mãos?

Ele existe em Campinas, interior de São Paulo. A iniciativa foi do professor aposentado Ahmed Atia El-Dash. Ele aproveitou o muro da casa que está construindo para o filho morar e mudou completamente o ponto feio e sujo, que também era alvo de vândalos.

“Foi surpresa, fiquei uns dias afastada e quando voltei estava lindo, maravilhoso”, diz Luci Pitoli da Silva, empregada doméstica.

“Lê uma reportagem, toma um copo de água, está limpo, claro, às vezes saio mais tarde também, era escuro e agora tem a luz”, diz Odinéia Santos, empregada doméstica.

“Faz quatro semanas, não tem uma gota de lixo no chão mais. Não quebraram nada”, conta o professor.

Será que a fórmula daria certo em uma grande capital? O Fantástico decidiu fazer o teste. Em um ponto de ônibus no Centro do Rio, colocamos flores, álcool gel para limpar as mãos, água, almofadas e até quadrinhos de decoração.

“Se durar uma hora é muito”, diz Paulo Roberto da Silva Soares, segurança.

Com uma câmera escondida, observamos as reações. Alguns ficaram desconfiados. Outros tiraram fotos. Mas teve gente que soube aproveitar o espaço. Durante as três horas que ficou montado, o ponto foi preservado.

“Muito bonito, uma coisa diferente, que poderia ser feita em todos os lugares”, analisa Rita de Cássia Ribeiro, assistente de vendas.

“Isso aqui é feito com dinheiro público, que sai do nosso bolso. Então a gente tem que cuidar como se fosse nosso, porque é nosso”, diz Patrick Martins de Araújo, fuzileiro naval.

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