10/07/2013 20h29 - Atualizado em 10/07/2013 20h44

Veja repercussão da decisão do Copom de elevar a Selic para 8,5%

Economistas avaliam a decisão como positiva para conter inflação.
Entidades da sociedade civil condenam a alta do juros e seus impactos.

Simone CunhaDo G1, em São Paulo

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar em 0,5 ponto percentual a taxa Selic, por unanimidade, em reunião desta quarta-feira (10). A taxa de 8,5% ao ano é a maior desde maio de 2012.

Economistas esperavam a alta e veem como positiva a decisão do BC para tentar conter a subida da inflação. Já entidades da sociedade civil criticam a decisão por impactar o ritmo da economia e cobram redução de gastos do governo.

Essa é a terceira elevação seguinda da taxa, continuando o ciclo iniciado em abril, quando o juro básico saiu da mínima histórica de 7,25%.

Rogério Mori, escola de economia da FGV-SP
"A decisão vem em linha com necessidade de ajustar o grau de aperto monetário em relação ao cenário de inflação, que ainda está em patamar alto e requer aperto para próximas reuniões. O governo se utilizou de todos os instrumentos que tinha na mão (para conter a inflação), não foi bem sucedido neste processo e agora lança mão do instrumento consagrado. Vai sacrificar o crecimento, mas é uma necessidade que se impõe pela necessidade de controlar a inflação."

Felipe Queiroz, economista da Austin Rating
"Mostra que o BC vislumbra que este ano a inflação deve encerrar num patamr próximo ao do ano passado. A grande preocupação é para 2014 porque tem necessidade de ter maior gasto do governo e é eleição, o que torna a inflação também um problema político. Foi decisão correta, mas também é necessário ter políticas de longo prazo. A alta da Selic é paliativa porque o que reduz a pressão da inflação é o investimento em infraestrutura."

Patrícia Krause, economista da empresa de crédito Coface
"Enxergo de forma bem positiva a decisão do Copom. Se tivesse mantido a taxa por causa do resultado ruim da indústria, atividade fraca, mostraria falta de credibilidade. Se subisse muito, poderia comprometer ainda mais a produtividade. Apesar da desaceleração do IPCA, a inflação ultrapassou a meta, ou seja, cenário é muito incerto ainda para o futuro."

Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL
“Neste momento, o governo brasileiro deveria fazer um sacrifício político e enxugar as despesas públicas para controlar a inflação. Aumentar os juros é um remédio que deve ser usado somente em último caso, porque reduz o consumo, diminui os investimentos e piora a situação das famílias endividadas”, disse Pellizzaro Junior.

Federação das Indústrias do Rio (Firjan)
"Diante de inflação elevada e baixo crescimento, o Sistema Firjan reforça a importância de uma política fiscal norteada pela redução dos gastos correntes e que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre a inflação. Essa política deve ser pautada por mudanças institucionais que sinalizem maior responsabilidade fiscal, incluindo o comprometimento com um superávit primário maior para os próximos anos, livre de artifícios contábeis."

Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“O cenário inflacionário preocupante, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima do teto da meta, justifica a ação dos condutores da política monetária. Posto que a política fiscal não é efetiva para o controle inflacionário – os gastos do governo continuam se expandindo –, acentua-se a necessidade de atuação pela via da política monetária. Contudo, não se pode negligenciar os efeitos negativos da elevação dos juros sobre a recuperação econômica.”

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp
"A medida levará a uma nova revisão  para baixo nas expectativas de crescimento do PIB em 2013, que pode ficar abaixo de 2%. Os governos precisam aumentar a eficiência da máquina, e serem capazes de fazer mais pelas pessoas."

Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT
"A elevação da Selic pela terceira vez consecutiva neste ano é totalmente descabida, uma vez que não há qualquer ameaça de descontrole inflacionário no horizonte. Essa medida é prejudicial para a economia, pois vai frear a expansão do crédito, o fortalecimento da produção e do consumo e a geração de empregos, no momento em que a economia brasileira precisa de estímulos para aumentar o PIB."

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