Política

Dia Nacional de Lutas divide opiniões nas redes sociais

Participantes dos protestos de junho não se identificam com manifestações de hoje

Sem e com partido: bandeiras e carro de som marcam diferença entre os protestos de junho e os de hoje
Foto: AP e Eliária Andrade (O GLOBO)
Sem e com partido: bandeiras e carro de som marcam diferença entre os protestos de junho e os de hoje Foto: AP e Eliária Andrade (O GLOBO)

RIO - Este ato não vai ser como àquele que passou. Nas redes sociais, esta foi a percepção dominante no Dia Nacional de Lutas, jornada de manifestações pelo país. Usuários que, em junho, se engajaram nos protestos que se espalharam pelo país agora reservam boas doses de crítica, desconfiança e ironia para as passeatas que reúnem centrais sindicais, partidos de esquerda e movimentos sociais.

Militantes, políticos, sindicalistas e ONGs fizeram o contraponto postando elogios e apoio às manifestações desta quarta, apesar de disputas internas estarem ao alcance de um tweet.

A presença de bandeiras de partidos, balões infláveis, bonés, uniformes e carros de som nos protestos foram motivos que geraram desconfiança entre os mais jovens, como escreveu o estudante paraibano Fernando Euclides no mural do seu Facebook: 'Eu, sair de casa para o protesto em João Pessoa, onde tem mais bandeiras de partido do que pessoas? Jamais! Para você ter uma ideia, os protestos são, quase diretamente, contra os partidos, e eles levantam bandeiras lá no meio. Moral da história: o Brasil é o único país em que os partidos políticos vão às ruas contra eles mesmos".

No Twitter, a CUT, central sindical ligada ao PT, chegou à lista de assuntos mais comentados durante a tarde, entre elogios de seus simpatizantes e críticas quanto a uma falta de legitimidade da manifestação que ajudou a convocar. Por lá, Tarcisio Moura estranhou o fato de a greve “não querer atacar a presidente, que é a causa da crise”, enquanto Guilherme Macalossii acusava CUT e a Força Sindical de defenderem “o encampamento estatal dos protestos”. A central comandada por Paulinho da Força chegou a ganhar um apelido nada elogioso na rede: 'A Farsa Sindical precisou se ausentar porque tinha que bater cartão', twittou o ativista e escritor Pedro Sanches.

Políticos também se manifestaram nas redes sobre o Dia Nacional de Lutas. Foi o caso do ex-ministro José Dirceu que anotou no Twitter ser um fato político importante a 'presença da classe trabalhadora nas ruas'. Luciana Genro, dirigente do PSOL, acusou as centrais de 'surfar na onda do levante de junho', apesar de sempre terem apoiado o governo. Já para Roberto Freire, deputado federal e presidente do PPS, a presença de todas as centrais nas manifestações está relacionada a uma 'disputa no movimento sindical por hegemonia'.

Ricardo Nester, que participou das mobilizações de junho e tem mais de 450 mil seguidores na sua conta do Twitter, resumiu em pouco menos de 140 caracteres o sentimento de quem prefere protestar com a máscara do Anonymous e não com o boné do sindicato: 'não tem a característica dos movimentos nas redes sociais, é apenas parasitismo, oportunismo de CUT, MST e partidos'.