12/07/2013 09h30 - Atualizado em 12/07/2013 09h55

Para atrair recursos, BC facilita endividamento de banco em dólar

Com atração de dólar, medida tem potencial de aliviar pressão de alta.
É a quinta medida anunciada pelo governo que facilita ingresso de divisas.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Banco Central anunciou na noite desta quinta-feira (11) uma nova medida que facilita o ingresso de dólares na economia brasileira e que, portanto, tem o potencial de aliviar a pressão de alta da moeda norte-americana.

Por meio de circular publicada no Sistema de Informações do BC, a autoridade monetária alterou o requerimento de capital para exposições sujeitas à variação cambial. Na prática, diminuiu a exigência de recursos que as instituições financeiras precisam para cobrir endividamento em dólar, facilitando assim a busca por empréstimos no exterior.

De acordo com o Banco Central, a medida não reduz a "prudência ou solidez" do sistema financeiro, pois as regras prudenciais brasileiras, ainda de acordo com a autoridade monetária, continuam "significativamente mais conservadoras" que o padrão internacional.

Na quinta-feira, o dólar fechou em queda de 0,61%, a R$ 2,2591 na venda, em meio a expectativas de que o banco central norte-americano pode não reduzir seu programa de estímulos tão cedo como muitos analistas previam. O aumento dos juros no Brasil também contribuiu para manter a atratividade da moeda brasileira.

Medidas do governo
No começo de junho, o Ministério da Fazenda zerou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa. Até aquele momento, a alíquota era de 6%.

Uma semana depois, o governo zerou também o IOF sobre a venda de dólares no mercado futuro – facilitando estas transações – que têm impacto no preço do dólar no mercado à vista.

No fim do mês passado, o BC alterou as regras dos depósitos compulsórios dos bancos (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária), facilitando a venda de dólares pelas instituições financeiras e, com isso, diminuindo a pressão de alta na cotação da moeda norte-americana.

Além disso, a autoridade monetária também passou permitir que os empresários possam buscar empréstimos no exterior para realizar liquidação antecipada de suas vendas externas sem prazo limitado.

Saída de dólares
A retirada de dólares no país superou o ingresso de moeda estrangeira em US$ 780 milhões na primeira semana de julho. Em junho, já havia sido contabilizada a saída líquida de US$ 2,63 bilhões da economia brasileira no que foi a primeira retirada de recursos do país desde fevereiro deste ano.

Economistas avaliam que, além da escassez de recursos direcionados para a economia brasileira, também consequência da retirada de estímulos nos Estados Unidos, a alta do dólar no Brasil está relacionada ainda com as expectativas negativas para o país – que tem se ressentido de um baixo crescimento do PIB e de uma inflação em alta.

Analistas também reclamam que a equipe econômica tem falhado em fornecer indicações mais claras sobre a política fiscal (meta de superávit primário alvejada) e sobre a política monetária (inflação de fato buscada pelo Banco Central). A Standard & Poors, agência de classificação de risco, colocou, em maio, em perspectiva negativa a nota da economia brasileira.

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