Economia

Crescimento do setor de serviços desacelerou nos primeiros 6 meses deste ano

Somente em abril houve aumento no ritmo, diz IBGE. Em junho, transportes ajudaram setor a subir 8,6%

RIO - O setor de serviços registrou, nos seis primeiros meses de 2013, ritmo de crescimento da receita nominal menor que em 2012, com exceção de abril, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que foi divulgada nesta quarta-feira pela primeira vez pelo IBGE. No primeiro semestre deste ano, o aumento foi de 8,4%. No primeiro semestre de 2012, a variação tinha sido de 10,8%. Nos 12 meses encerrados em junho deste ano, o setor de serviços acumula expansão de 8,9% de sua receita nominal. Esses valores são nominais, ou seja, não descontam a inflação.

— Realmente tem se verificado em 2013 taxas menores que em 2012. Não se pode afirmar que é por causa da renda dos trabalhadores, Há uma influência maior do serviços demandados por empresas — diz o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE Roberto Saldanha.

A taxa de expansão da receita nominal de serviços foi de 8,6% em junho de 2013 frente a junho de 2012, enquanto em junho de 2012 (em relação à junho de 2011) a alta tinha sido maior, de 9,2%. Em maio deste ano, por sua vez, foi menor: 7,6%, contra 10,5% em maio de 2012.

Em abril, a variação foi de 11,6% em 2013 e de 9,1% em 2012. No mês de março, o crescimento chegou a 6,1% em 2013 e 12,7% em 2012. O mês de fevereiro apresentou alta de 7,1% em 2013 e 10,8% em 2012. Em janeiro, a variação foi de 9,7% em 2013 e 12,7% em 2012. A pesquisa sempre avalia o resultado de um mês na comparação com igual mês do ano anterior.

No Rio de Janeiro, a receita nominal do setor de serviços teve alta de 7,7% em junho, frente a junho de 2012, abaixo da média nacional de 8,6%. São Paulo, por sua vez, registrou aumento de 9,8% no período. Isso teve a ver com uma base de comparação elevada em junho de 2012, quando foi realizada a Rio+20. Os serviços prestados às famílias tiveram recuo de 0,7% em junho, frente a junho de 2012.

A maior influência para o desempenho do setor de serviços em junho foi o segmento de transportes, que subiu 9,8% no mês. O setor de transportes respondeu por 3 pontos percentuais da alta de 8,6% de junho. Em seguida, a maior influência vem de de serviços de informação e comunicação, com 2,7 pontos percentuais.

Todas as unidades da federação tiveram crescimento na receita nominal em junho. As maiores altas ocorreram em Mato Grosso (29,7%), Acre (16,3%), Ceará (16%), Mato Grosso do Sul (13,4%) e Distrito Federal (13,2%). Já os piores desempenhos foram registrados em Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco (5,1% em todos), Paraná (4,6%), Piauí (3,2%) e Rio Grande do Sul (1,6%).

Pior desempenho foi em fevereiro, com alta de 7,1%

Os serviços prestados às famílias tiveram variação de 9% em junho, em relação a junho de 2012, enquanto os serviços de informação e comunicação avançaram 7,6%. Os serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram alta de 7,8% e os de transportes, serviços auxiliares dos transportes e dos correios, variação de 9,8%. Outros serviços, por sua vez, subiram 11%.

— Junho foi o mês da Copa das Confederações, com eventos em vários estados. A alta de 10,3% nos serviços de alojamento e alimentação puxou o desempenho do mês — diz Saldanha.

Esta é a primeira divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que acompanha 60% do setor de serviços, deixando de fora serviços financeiros, administração pública, saúde, educação e aluguel imputado (valor que os proprietários teriam direito de receber se alugassem os imóveis onde moram). A pesquisa tem série histórica com início em janeiro de 2012. O segmento representa 31,4% da contribuição relativa no mês, contribuindo com 2,7 pontos percentuais (pp) para a composição do índice geral.

De acordo com Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, os dados da nova pesquisa de serviços do IBGE serão incluídos no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Até o fim de outubro e início de novembro será divulgada uma nota técnica com as explicações de como serão usadas essas informações e qual será o deflator usado.

Existe atualmente um grupo de estudos, que inclui técnicos de Contas Nacionais e da Coordenador de Serviços e Comércio, para avaliar qual o deflator será usado para conseguir o desempenho real do setor de serviços, ou seja, descontando a inflação. Por enquanto, a Pesquisa Mensal de Serviços mede apenas a variação da receita nominal.

— Os serviços vêm ganhando relevância no mundo e o padrão de comportamento a curto prazo não era conhecido no país. Com a Pesquisa Mensal de Serviços, estaremos suprindo uma lacuna. Vai ser uma contribuição importante para o acompanhamento conjuntural de curto prazo no país — afirma a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

Segundo o IBGE, a análise da série de 18 meses revela que as maiores taxas de crescimento ocorreram nos meses de janeiro e março de 2012 (12,7%), abril de 2013 (11,8%) e outubro de 2012 (11,7%). O pior desempenho da série histórica ocorreu em fevereiro de 2013, quando a alta da receita nominal de serviços foi de 7,1%.