Em um dia marcado por forte volatilidade no mercado de câmbio brasileiro, o dólar fechou em alta novamente, mesmo com Banco Central tendo voltado a atuar para conter os ânimos dos investidores.
A moeda norte-americana encerrou o dia com alta de 0,10%, cotada a R$ 2,1311. Veja a cotação
Na abertura dos negócios, o dólar chegou a cair 2%, reagindo à redução a zero da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros em renda fixa, mas mudou de direção e passou a subir.
Ao mesmo tempo em que analistas acreditam que a medida, anunciada na noite de terça-feira pelo governo, pode reduzir a pressão de alta sobre o dólar no curto prazo, eles ressaltam que o cenário internacional e fundamentos ruins da economia brasileira devem continuar pesando sobre o câmbio no decorrer doano.
Por volta das 12h, com o dólar perto de R$ 2,15, o Banco Central anunciou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a uma venda futura de dólares – e a cotação da moeda perdeu força. A queda, no entanto, não se sustentou.
Na intervenção desta terça-feira, o BC vendeu 27,5 mil contratos da oferta total de 40 mil, com vencimento em 1º de julho de 2013. A operação movimentou o equivalente a US$ 1,377 bilhão. Na sexta-feira passada, o BC já havia feito um leilão semelhante, quando o dólar chegou perto de R$ 2,15.
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O anúncio do leilão desta terça aconteceu na esteira da piora no exterior e de comentários da presidente Dilma Rousseff de que o governo não tem medidas para segurar o dólar.
"Essa aceleração (da alta do dólar) foi por causa da Dilma falando que não tem medida para segurar o dólar. Acho que isso está dando fôlego para essa alta", afirmou à Reuters o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.
IOF
Na mínima do dia, o dólar chegou a R$ 2,0849, com queda de 2% logo no início dos negócios, movimento que perdeu força após a euforia inicial com a redução do IOF. Na máxima do dia, a moeda bateu R$ 2,1496.
"Estamos tirando um imposto que não deveria nem existir. Retomamos uma política de crescimento de juros, o que deve atrair investidores no longo prazo, mas não fez reforma fiscal, não combateu a inflação", afirmou à Reuters o gerente de câmbio da Icap Corretora, Italo dos Santos.
Analistas acreditam que a redução do IOF pode reduzir a pressão de alta sobre o dólar no curto prazo, mas que o cenário internacional e fundamentos ruins da economia brasileira devem continuar pesando sobre o câmbio no decorrer do ano.
A valorização do dólar tem sido generalizada nos mercados mundiais devido a sinais de recuperação da economia norte-americana, que alimentam expectativas de que o Federal Reserve, o banco central do país, comece a reduzir seu programa de estímulo já em suas próximas reuniões. Somente em maio, o dólar avançou 7,04% ante o real.
No exterior, nesta quarta-feira, divisas com perfil ligados à exportação de commodities perdiam força ante o dólar. Apesar da possibilidade de mais entradas de dólares no mercado brasileiro com a redução do IOF, agentes do mercado alertavam para a qualidade desses ingressos e para possível aumento da volatilidade no câmbio devido à medida.
O déficit em transações correntes do Brasil subiu 55% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, fazendo com que o rombo em 12 meses superasse 3% do PIB pela primeira vez em mais de uma década.