O dólar comercial fechou alta em relação ao real nesta terça-feira (26), após um resultado inconclusivo nas eleições italianas impulsionarem os investidores a buscar segurança na moeda dos Estados Unidos, considerada um ativo de risco menor.
O dólar fechou em alta de 0,44%, a R$ 1,986 na venda.
A tensões sobre o futuro político da Itália e seus possíveis desdobramentos sobre a zona do euro pesam sobre o sentimento do investidor.
"Não estamos vendo fluxo. O mercado lá fora está ruim, com muita aversão ao risco, então o mercado está renovando máxima", afirmou um operador de um grande banco nacional, em condição de anonimato.
O resultado das eleições parlamentares na Itália feriu o sentimento do investidor, uma vez que os italianos podem ter que voltar às urnas pois nenhum partido conquistou a maioria dos assentos do Senado.
"A sensibilidade de hoje é reflexo de ontem. Dessa vez temos um mercado aqui reagindo ao que está acontecendo lá fora", afirmou mais cedo o operador do Banco Daycoval Luiz Fernando Gênova.
Analistas destacavam, no entanto, que as variações no mercado cambial brasileiro devem permanecer contidas devido à vigilância do Banco Central. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse na segunda-feira que a autoridade monetária vai reagir a qualquer volatilidade nos mercados de câmbio. Ele acrescentou que o governo está trabalhando para ancorar as expectativas de inflação em direção à meta oficial de 4,5% pelo IPCA.
Diante de uma enxurrada de dados e declarações de autoridades brasileiras que alimentavam preocupações com a inflação, o mercado passou a interpretar que o governo aceitaria um real mais valorizado para evitar pressões inflacionárias.
Após as mais recentes intervenções do BC, muitos analistas passaram a enxergar uma nova banda informal de R$ 1,95 a R$ 2.
Nos últimos dias, no entanto, apostas de que o governo usaria um câmbio mais valorizado para segurar a inflação começaram a perder fôlogo.
"A leitura que ficou é que o BC não vai atuar tanto no mercado para segurar a inflação", disse o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira, lembrando de outra fala do presidente do BC, quando ele descartou que o recente fortalecimento do real faz parte de um esforço do governo para baratear as importações e conter a inflação.