Na casa de Luís Soares moram sete pessoas. A energia elétrica do imóvel corre o risco de ser cortada por falta de pagamento. Na cozinha, a dispensa está praticamente vazia e a geladeira só serve para guardar garrafas d'água, reflexos do desemprego.
Em dezembro, 1,8 mil trabalhadores foram demitidos da Usina Pau D'Alho, em Ibirarema, que fechou as portas por questões financeiras. Na ocasião, um acordo trabalhista foi firmado entre a empresa, os sindicatos e o Ministério Público do Trabalho.
O acordo previa o pagamento de salários atrasados, 13º salário e o Fundo de Garantia, que não era depositado pela usina desde 2009. A primeira das cinco parcelas do acordo deveria começar a ser paga no dia 30 de maio.
A usina deve mais de R$ 20 milhões só para os trabalhadores. No ano passado, a Justiça deu um crédito de confiança para a empresa e um prazo para que pagasse a dívida trabalhista, mas o acordo não foi cumprido. Agora, caberá a três sindicatos pedirem à Justiça que cobre a empresa e, se for o caso, penhore os bens dos donos.
Para quem aguarda há quase seis meses pelo pagamento que tem direito, cada dia a mais de atraso se torna uma eternidade. “Eu trabalhei para isso e acho que mereço receber”, diz Soares.
Nenhum representante da usina foi encontrado para comentar a situação. Por orientação dos sindicatos, os ex-funcionários devem entrar com uma ação coletiva na Justiça.
