Economia

Índice de Desenvolvimento Humano no país cresceu 47,5% em 20 anos

Brasil deixou de figurar entre países com índice ‘muito baixo’ em 1991 e alcançou patamar ‘alto’ em 2010

BRASÍLIA — O Brasil apresentou um avanço de 47,5% no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) ao longo das últimas duas décadas, de 1991 a 2010. Nesse período, a classificação do IDHM no Brasil passou de muito baixo (0,493) para alto (0,727). No entanto, dos três componentes do índice, a educação, embora tenha apresentado o maior crescimento (+ 128,3%), ainda é o que recebe a nota mais baixa, de 0,637.

O índice compreende três indicadores de desenvolvimento humano – longevidade, educação e renda – e varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano. Os dados constam do Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, divulgado nesta segunda-feira por meio de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O IDHM é calculado com base em dados dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. Uma análise da parte inferior do ranking, onde estão os municípios com menor índice do país, revela a evolução do indicador nas últimas duas décadas. À luz dos critérios adotados nesta edição do Atlas, o Pnud recalculou o índice das décadas anteriores, chegando aos seguintes resultados: em 1991, 85,8% dos municípios brasileiros fariam parte do grupo de muito baixo desenvolvimento humano, isto é, com pontuação inferior a 0,500. Em 2000, esse percentual já tinha caído para 70% e, em 2010, despencou para apenas 0,57%, o equivalente a 32 municípios brasileiros.

Considerado o país como um todo, o índice da população com 18 anos de idade ou mais que concluiu o ensino fundamental aumentou de 30,1% para 54,9%. Já a população de 18 a 20 anos de idade com o ensino médio completo passou de 13% para 41%. No caso do IDHM Renda, o índice passou de 0,647 para 0,739 no período analisado. Segundo o estudo, a renda mensal per capita aumentou de R$ 447,56 para R$ 793,87.

O IDHM Longevidade, por sua vez, passou de 0,662 para 0,816 no mesmo período. Em duas décadas, a esperança de vida ao nasceu cresceu de 64,7 anos para 73,9 anos.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o IDHM mostrou uma evolução expressiva nas últimas duas décadas e que a educação é o componente que mais avançou, com crescimento de 128%. Ele ressaltou que a grande contribuição para o resultado foi o fluxo escolar de crianças e jovens. No que diz respeito a crianças de 5 a 6 anos, afirmou, quando o indicador começou a ser analisada, 37,6% das crianças estavam na escola. Agora, esse índice é de 91,1%. No entanto, na faixa de 15 a 17 anos, disse, o percentual de pessoas com ensino fundamental completo é de 57,2%, o que ainda impõe ao país um imenso desafio, a seu ver.

- Tivemos, de fato, uma grande evolução e, quando a gente olha na perspectiva histórica em que estamos, o futuro é muito promissor - ressaltou.

O presidente do Ipea e ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, disse que o quadro do Brasil ainda é desafiador. Ele disse que a fotografia ainda é ruim, mas o filme aponta avanços. Ele ressaltou que, nos últimos dois anos (período após o recorte da pesquisa), os indicadores sociais e do trabalho seguem avançando e que programas de transferência de renda, como Bolsa Família, tiveram apenas um papel de coadjuvante na melhoria da renda e do IDHM como um todo.

— Eu daria um Oscar de ator coadjuvante para o Bolsa Família — disse Neri. — Estamos num momento crítico de mudanças. Acho que o Brasil, o chamado das ruas, nos pede respostas. E acho que esse trabalho identifica lugares. A resposta para o Brasil não é uma só.