Economia

Gargalo no ensino médio ainda representa um dos maiores desafios

Entre jovens de 18 e 20 anos, a proporção com ensino médio completo aumentou de 13% para 41% ao longo das duas décadas

RIO, RECIFE E BELÉM - Se o grande desafio do Brasil é a educação, o maior gargalo é o ensino médio, afirmam os especialistas. Entre jovens de 18 e 20 anos, a proporção com ensino médio completo aumentou de 13% para 41% ao longo das duas décadas. Mas, ainda assim, os números mostram que, de cada cem jovens na faixa de 18 a 20 anos, 59 ainda não tinham terminado essa etapa. No caso das crianças de 5 e 6 anos matriculadas na escola, por exemplo, a frequência subiu de 37,3%, em 1991, para 91,1%, em 2010. Já o percentual dos jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo passou de 20% para 57,2% no mesmo período.

— Hoje, se todas as crianças que saem do ensino fundamental quiserem ir para o ensino médio, não há vaga. Além disso, o programa é muito difícil de ser acompanhado. Ele visa ao ensino universitário, quando existem algumas profissões que deveriam ser aprendidas no ensino médio. Falta vaga e um currículo mais profissionalizante. Isso faz com que grande parte da população vá para o mercado de trabalho apenas com o ensino fundamental — afirma a professora de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Tatiane Menezes.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o IDHM mostrou uma evolução importante e que a grande contribuição veio do fluxo escolar, com mais alunos progredindo na idade certa e concluindo a escola. Ele diz que diminui cada vez mais o número de jovens que abandonam os estudos:

— O problema é que você tem hoje 8,5 milhões de jovens no ensino médio e 3,5 milhões que estão na escola, mas estão defasados, ainda no ensino fundamental. Para esta situação, temos um conjunto de políticas, como a escola em tempo integral e a formação continuada de professores.

Esforço compensado

Capixaba, Magno Sarlo tem 52 anos e, desde 1996, vive em Niterói (RJ), onde tem uma loja de revenda de motos. Apesar de não ter concluído o ensino superior, formou três filhos nos últimos 10 anos: a mais velha é fisioterapeuta; o segundo é engenheiro mecânico; a terceira é advogada e a caçula também se forma em Direito daqui a três anos.

— Agora, estou conseguindo vislumbrar uma qualidade de vida melhor: consigo viajar e ainda quero me formar — planeja ele, que chegou a cursar cinco períodos de Administração.

— Meu filho (Thiago Aragão Sá) trabalha há 11 anos numa multinacional, onde começou como estagiário. Ele fez pós-graduação na PUC e na FGV, é casado com uma mestranda. Ele vai dar um futuro para o filho dele muito melhor do que o que eu pude dar a ele.