Economia

Roberto Azevêdo mostra otimismo com rodada de Doha, mas admite que negociação levará tempo

Novo diretor da OMC, que assume o cargo em setembro, afirma que reunião em Bali, na Indonésia, servirá para retomar conversa

RIO - O futuro diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou nesta terça-feira que o avanço das negociações da rodada de Doha é possível, mas isso deve levar algum tempo. O embaixador ressaltou ainda que a questão cambial é um problema enfrentado por vários países, mas que a entidade não vai encontrar uma solução para isso. O tema, segundo ele, é do âmbito dos chefes de Estado.

Em evento na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), promovido em parceria com a Câmara de Comércio Americana do Rio (Amcham Rio), ele se mostrou otimista com a próxima reunião da entidade, em Bali, na Indonésia, que ocorre em dezembro. No entanto, o encontro não vai resolver todos os problemas, acredita o diretor.

— Conseguir resultados em poucos meses é um desafio, mas não é impossível (...) Devemos ter resultados em facilitação de comércio, algo em agricultura e em administração de cotas tarifárias. Haverá um resultado economicamente significativo e uma sinalização de confiança — disse.

Azevêdo, que assume o cargo em primeiro de setembro, admitiu que ainda não há uma solução hoje para a rodada de Doha, mas que é preciso conversar. Segundo ele, desde 2008 não se discute sobre a retomada das negociações de Doha.

— O que está faltando é horizontalização, os assuntos são debatidos aqui e ali. É preciso começar a olhar para a negociação de maneira mais estratégica, mais sistêmica. Essa conversa estratégica de avaço nas negociações nunca aconteceu. Espero conseguir fazer isso.

Na sua avaliação, a principal dificuldade nas negociações hoje é a percepção dos países desenvolvidos que os emergentes hoje são seus “pares” e por isso não merecem ajuda nem tratamento diferenciado na OMC.

— Para eles (os países desenvolvidos), são países que têm que ser tratados em pé de igualdade. (...) Esta é uma divergência neste momento ainda muito difícil de ser enfrentada.