Economia

Aeroportuários entram em greve e mantêm apenas 30% do efetivo considerado essencial

A partir desta quarta-feira, paralisação ocorre em todos os 63 aeroportos administrados pela Infraero, com exceção de Guarulhos, Campinas e Brasília. Em Congonhas, mobilizações serão mais ativas
Embarques nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, ambos no Rio, deverão ser afetados pela greve Foto: Andrew Harrer / Bloomberg
Embarques nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, ambos no Rio, deverão ser afetados pela greve Foto: Andrew Harrer / Bloomberg

RIO - O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) iniciou à 0h desta quarta-feira uma greve nacional em todos os 63 aeroportos administrados pela Infraero (ou seja, o movimento não ocorrerá em Guarulhos, Campinas e Brasília). Diante da ameaça do sindicato, a estatal entrou com pedido de liminar no Tribunal Superior do Trabalho (TST), para obrigar a entidade a manter 100% do efetivo nas atividades essenciais. No entanto, não será atendida imediatamente.

Segundo Francisco Lemos, presidente da entidade, o pedido não chegou às suas mãos, portanto, a greve será iniciada com 30% dos funcionários, efetivo essencial mínimo para não paralisar por completo as operações.

— Não recebemos a liminar, mas nossa responsabilidade é manter o efetivo mínimo para que as condições de segurança para os usuários não sejam afetadas. — A greve começa pequena, mas na manhã de quarta-feira já teremos mobilizações intensas. O aeroporto que mais deve ter transtornos será Congonhas.

O objetivo da paralisação é fazer avançar a negociação do dissídio salarial da categoria, parado desde maio. Apesar da presença do percentual mínimo de 30% do pessoal, ele não descarta transtornos aos passageiros:

— Com esse efetivo você não consegue manter o aeroporto totalmente funcionando, deve ter algum problema, como atrasos e cancelamentos, embora esse não seja o nosso objetivo — disse.

O sindicato representa 13,6 mil funcionários da estatal. O grupo luta por um reajuste de 16% — o que daria um aumento real de 9,5%, já descontada a inflação. Além disso, o sindicato pretende melhorias em benefícios como auxílio-creche.

— A categoria está muito unida pelo aumento, ainda mais depois que os diretores da Infraero condenaram um aumento à própria diretoria de 26% — disse.

Infraero diz ter plano de contingência

A estatal foi orientada pelo governo a se precaver a fim de evitar prejuízos aos passageiros e gerar atrasos e cancelamentos de voos em cascata em todo o país. A previsão é que a decisão judicial seja anunciada amanhã cedo. Em caso de descumprimento, o Sindicato será multado.

A Infraero afirmou na terça-feira que tem um plano de contingência preparado para a greve dos aeroportuários, informou a empresa por meio de nota.

Disse também que, caso seja necessário, vai acionar um plano de contingência para manter os serviços essenciais e a operacionalidade dos aeroportos. Funcionários do quadro administrativo e que trabalham em regime de escala serão remanejados para reforçar as equipes nos horários de maior movimento. O plano envolve outros órgãos que atuam nos aeroportos, como Receita Federal e Polícia Federal, segundo a Infraero.

Segundo a empresa, o plano será aplicado em caso de necessidade e "inclui o remanejamento de empregados (...) para reforçar as equipes nos horários de maior movimento de passageiros e aeronaves". Procurada pouco depois da 0h de quarta-feira, ninguém foi encontrado para comentar.

A paralisação não envolve os trabalhadores dos aeroportos concedidos (Brasília, Guarulhos e Viracopos). Mas, eles poderão ser impactados, caso haja problemas nos principais terminais administrados pela Infraero, como Congonhas, Galeão e Confins (Belo Horizonte).