Economia

Inovações tecnológicas em Carajás deixam projeto US$ 2 bi mais caro

Técnicas de peneiração a seco e sistema truckless (sem caminhões) permitirão redução de 50% de emissões de gases do efeito estufa

CANAÃ DOS CARAJÁS (PA) - Apontado como um dos projetos mais modernos da indústria da mineração e o maior do setor no mundo em capacidade inicial de produção de minério de ferro, o S11D, projeto da Vale que vem sendo desenvolvido no meio da Floresta Amazônica, teve seu orçamento acrescido em cerca de US$ 2 bilhões para se adequar aos parâmetros do Ibama, segundo o diretor de Projetos Ferrosos Norte da Vale, Jamil Sebe.

Com capacidade para 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e previsão de início de operação em 2016, o projeto está orçado em US$ 19,6 bilhões, dos quais US$ 8 bilhões na mina e na unidade de processamento, e US$ 11,6 bilhões em logística. A Vale começou a trabalhar no projeto conceitual por volta de 2004, mas só deu entrada no processo de licenciamento no Ibama em 2009. Ao longo desses cinco anos, o modelo de produção em que está ancorado o S11D sofreu várias mudanças, na tentativa de reduzir os obstáculos à emissão das licenças ambientais e preservar a Floresta Nacional de Carajás (Flona), no Pará, área de conservação ambiental onde será aberta a mina do projeto.

A licença prévia (LP) foi emitida em junho de 2012 e a licença de instalação (LI), em julho deste ano. As condicionantes impostas pelo Ibama nas duas licenças serão um desafio à parte para a companhia. As duas inovações tecnológicas apontadas como o pulo do gato do projeto são a peneiração a seco, que reduzirá o consumo de água em 93%, e o sistema truckless (sem caminhões), que diminuirá o consumo de diesel em 77%, quando comparados com o modelo tradicional de lavra e transporte de minério. Juntos, eles possibilitarão a redução de emissões de gases do efeito estufa em 50%.

— Sem essas duas inovações, dificilmente teríamos conseguido as licenças — disse Sebe, que acompanhou jornalistas em visita ao projeto nesta terça-feira.

A peneiração a seco foi desenvolvida pelas empresas Metso, Schenk e Haver Boker. Quando o minério sai da mina em Carajás, ele tem um teor de umidade de cerca de 10%. Na lavra tradicional ele seria lavado e peneirado para se separar das impurezas. No novo modelo, a peneira chacoalha de tal forma que consegue "limpar" o minério sem água.

As obras de terraplenagem para a usina começam nesta quarta-feira e ficarão a cargo da construtora Andrade Gutierrez

A repórter viajou à convite da Vale