01/06/2013 06h33 - Atualizado em 14/12/2013 06h23

Tecnologia amplia acessibilidade para deficientes auditivos e visuais

Na ausência de algum sentido, a tecnologia pode ajudar - e muito - a vida cotidiana de pessoas com deficiência. Confira alguns recursos disponíveis

Acessibilidade em celulares (Foto: Divulgação)VozMóvel: sistema especial criado para deficientes visuais (Foto: Divulgação)

A maioria das pessoas não tem ideia da diferença que pequenas ajudas podem fazer no dia a dia. Quem sabe disso melhor do que ninguém são as pessoas com deficiência. Com praticamente todas as mídias voltadas para quem tem todos os sentidos em perfeito funcionamento, a vida de deficientes auditivos e visuais pode se tornar bastante complicada. Mas, aos poucos, especialistas conseguem diminuir a distância entre aparelhos eletrônicos e esse público.

Hoje, várias tecnologias e técnicas disponíveis buscam permitir a utilização de eletrônicos por deficientes. Uma das mais importantes delas, a audiodescrição, tornaria a TV mais acessível aos cerca de 16 milhões de deficientes visuais do Brasil. No entanto, ela ainda caminha a passos lentos no país.

Esse auxílio é feito por um profissional que descreve verbalmente o que acontece na cena, sem sobrepor as falas. A voz é transmitida por um canal de áudio exclusivo que as TVs analógicas não suportam. Para ter acesso ao recurso, é preciso ter TV digital.

A portaria 188/10 do Ministério das Comunicações estabelece uma cota progressiva de audiodescrição nos programas de TV. No momento, as TVs abertas estão obrigadas a transmitir apenas duas horas semanais de audiodescrição entre 6h e 2h da manhã. E o futuro não parece muito melhor. A regra chega ao seu auge em 2020, quando apenas 20 horas semanais de programação audiodescrita serão obrigatórias para as concessionárias. No cinema e no teatro não há obrigatoriedade, o que torna o auxílio ainda mais escasso.

Outro recurso muito útil e mais popularizado é o de closed captions, ou legenda oculta, que podem ser lidas por surdos. No entanto, surdos-mudos, que não podem ser completamente alfabetizados em português, dependem da linguagem de sinais, mais conhecida como Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Antonio Borges, professor do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ que trabalha no desenvolvimento de softwares para deficientes, critica a pouca abrangência da audiodescrição, dada sua importância para quem tem problemas para enxergar. “Quando se está assistindo a um espetáculo, a pessoa é apresentada a elementos visuais. A cena pode estar em silêncio, mas há coisas acontecendo visualmente. Os deficientes perdem esses detalhes. A pessoa pode até deixar de entender o enredo por causa disso”, afirma.

Em teatros, a audiodescrição funciona de forma semelhante a uma palestra com tradução simultânea, em que o participante recebe um rádio especial na entrada e ouve as informações transmitidas ao vivo por um profissional especializado. No Brasil, poucas casas oferecem o recurso.

Para os surdos a necessidade é outra, e as soluções também. Pode-se adotar um sistema de legendas semelhante às closed captions, ou recorrer ao intérprete de Libras, mais adequado para surdos de nascimento. A audiodescritora Graciela Pozzobon lamenta a pouca abrangência dos sistemas.

“Na maioria dos locais a audiodescrição existe por iniciativas pontuais da produção, não do espaço cultural, o que é uma pena”, diz. Para Graciela, é fundamental para o acesso de deficientes garantir que as casas de espetáculos ofereçam a audiodescrição e a interpretação em Libras como padrão.

Além de TV e teatro, hoje também já se trabalha para que deficientes visuais possam usar smartphones. Antes, com as teclas físicas e o sinal em relevo no número 5, cegos podiam usar telefones com certa facilidade, mas os celulares touch complicaram as coisas. Hoje, Claudinei Martins coordena o Projeto VozMóvel do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) comenta que tarefas simples podem ser um tormento para deficientes, como saber o nível de carga da dp celular.

“Eles ficavam com os celulares ligados na energia por medo de ficar sem bateria”, comenta Martins. O software que ele e sua equipe desenvolvem é um aplicativo para sistemas Android, que, segundo ele, pode ser aprendido rapidamente pelo usuário. Na tela inicial, com apenas um toque, o deficiente visual pode ligar, acessar histórico de chamadas, contatos, mandar mensagem de texto, saber data e hora e verificar níveis de sinal e bateria. Ainda em testes, o produto deve ser lançado no fim do ano.

Confira aqui locais com acessibilidade a deficientes.

BRASÍLIA
Caixa Cultural
O prédio é totalmente acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, possuindo rampas, plataformas e ausência de desníveis no acesso ao prédio. Cegos podem contar sinalização em Braille em banheiros e elevadores. A casa ainda está em processo de instalação de piso tátil. Outras unidades da Caixa Cultural (Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo) são acessíveis apenas a cadeirantes.

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