13/06/2013 17h28 - Atualizado em 13/06/2013 21h00

Assembleia em São José aprova acordo firmado entre sindicato e GM

Aprovação permite que unidade dispute aporte de R$ 2,5 bilhões.
Proposta será oficialmente enviada ao Comitê Diretivo da GM nos EUA.

Suellen FernandesDo G1 Vale do Paraíba e Região

Trabalhadores aprovaram acordo firmado entre a GM e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. (Foto: Suellen Fernandes/G1)Trabalhadores do primeiro e segundo turnos aprovaram acordo firmado entre a GM e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. (Foto: Suellen Fernandes/G1)

Os trabalhadores do primeiro e segundo turno da General Motors, em São José dos Campos, aprovaram na tarde desta quinta-feira (13), em assembleia, o acordo firmado entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos na última segunda-feira (10) e que permite que o investimento de R$ 2,5 bilhões seja disputado pela unidade. A decisão dos funcionários será enviada para o Comitê Diretivo da GM nos EUA e o destino do aporte deve ser anunciado em julho pela empresa.

O pacto aprovado praticamente por unanimidade, por volta das 15h30, contempla apenas novos contratos de trabalho e prevê piso salarial de R$ 1.700 e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 10 mil. Os valores serão corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o acordo terá validade inicial de 2 anos - podendo ser prorrogado por até 6 anos a partir do início da produção. Foram convocados para a assembleia cerca de 4.500 operários.

O acordo não conseguiu reverter o pacto de janeiro que não assegura o emprego de 750 trabalhadores do Montagem de Veículos Automotores (MVA) a partir de dezembro, prazo previsto pela GM para encerramento das atividades da fábrica. Um Programa de Demissão Voluntária (PDV) deve ser aberto na próxima semana.

Presidente do sindicato fala com os metalúrgicos durante assembleia. (Foto: Carlinhos Brasil/TV Vanguarda)Presidente do sindicato explica proposta aos
operários. (Foto: Carlinhos Brasil/TV Vanguarda)

Para assegurar a estabilidade dos demais empregados, o acordo impossibilita a transferência de novos contratados para os demais setores da fábrica, cujo piso salarial é maior.

Para Antônio Ferreira de Barros 'Macapá', presidente do sindicato, apesar do acordo não ser o ideal, o resultado da assembleia foi positivo. "Tivemos uma assembleia participativa e democrática. Acredito que o acordo nos deixa em condições iguais para competir pelo investimento", afirmou. Ele explicou que apesar dos votos não considerarem o terceiro turno - que ainda não foi consultado por assembleia -, o volume registrado nesta tarde torna a proposta tecnicamente aprovada pelos trabalhadores.

Se for escolhida pela GM, a unidade de São José vai gerar 2.500 empregos diretos a partir de 2017. Outros dois países e duas plantas no Brasil disputam a preferência da montadora. O modelo que será fabricado, um compacto com grande volume de produção, é mantido sob sigilo.

Programa de Demissão
Para reduzir o impacto da demissão de ao menos 750 trabalhadores, o sindicato negocia o PDV com a GM com foco em aposentados e pré-aposentados.

De acordo com o sindicato, a unidade conta com 130 funcionários aposentados e 900 em fase de pré-aposentadoria - o número supera o número médio de demissões previstas.

Para os demais trabalhadores, a GM enviou uma proposta que prevê 36 meses adicionais de convênio médico após o desligamento e 10 salários.

Avaliação
Na GM há 24 anos, o analista de qualidade Altair Vieira votou favorável ao pacto. "Votei na tentativa de garantir o meu emprego e o dos meus colegas. Quanto ao pessoal do MVA, acredito que é preciso continuar a luta até o fim, para garantir todos empregos", afirmou ao G1.

Para Renato André da Silva, há 8 anos na unidade PowerTrain, a proposta não é ideal. "Votei a favor. Já trabalhei no MVA, mas acredito que as demissões são algo que não é possível reverter mais, infelizmente", disse.

Opinião diferente tem o operário Ivan Caetano de Souza, da unidade que produz a picape S10. "Todos votaram a favor porque estão no limite, com a corda no pescoço. Mas não podemos negar que esse foi o pior acordo que já aconteceu", afirmou o trabalhador que está há 15 anos na GM e se absteve na assembleia.

A GM afirma que  o futuro do complexo industrial de São José dos Campos, que emprega cerca de 6 mil trabalhadores, depende do acordo e consequente atração de novos investimentos. Para tentar atrair o aporte, a Prefeitura de São José dos Campos ofereceu benefícios como a isenção de impostos e a construção de um distrito industrial para alocar fornecedores da cadeia produtiva da montadora na cidade.