Os trabalhadores do primeiro e segundo turno da General Motors, em São José dos Campos, aprovaram na tarde desta quinta-feira (13), em assembleia, o acordo firmado entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos na última segunda-feira (10) e que permite que o investimento de R$ 2,5 bilhões seja disputado pela unidade. A decisão dos funcionários será enviada para o Comitê Diretivo da GM nos EUA e o destino do aporte deve ser anunciado em julho pela empresa.
O pacto aprovado praticamente por unanimidade, por volta das 15h30, contempla apenas novos contratos de trabalho e prevê piso salarial de R$ 1.700 e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 10 mil. Os valores serão corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o acordo terá validade inicial de 2 anos - podendo ser prorrogado por até 6 anos a partir do início da produção. Foram convocados para a assembleia cerca de 4.500 operários.
O acordo não conseguiu reverter o pacto de janeiro que não assegura o emprego de 750 trabalhadores do Montagem de Veículos Automotores (MVA) a partir de dezembro, prazo previsto pela GM para encerramento das atividades da fábrica. Um Programa de Demissão Voluntária (PDV) deve ser aberto na próxima semana.
operários. (Foto: Carlinhos Brasil/TV Vanguarda)
Para assegurar a estabilidade dos demais empregados, o acordo impossibilita a transferência de novos contratados para os demais setores da fábrica, cujo piso salarial é maior.
Para Antônio Ferreira de Barros 'Macapá', presidente do sindicato, apesar do acordo não ser o ideal, o resultado da assembleia foi positivo. "Tivemos uma assembleia participativa e democrática. Acredito que o acordo nos deixa em condições iguais para competir pelo investimento", afirmou. Ele explicou que apesar dos votos não considerarem o terceiro turno - que ainda não foi consultado por assembleia -, o volume registrado nesta tarde torna a proposta tecnicamente aprovada pelos trabalhadores.
Se for escolhida pela GM, a unidade de São José vai gerar 2.500 empregos diretos a partir de 2017. Outros dois países e duas plantas no Brasil disputam a preferência da montadora. O modelo que será fabricado, um compacto com grande volume de produção, é mantido sob sigilo.
Programa de Demissão
Para reduzir o impacto da demissão de ao menos 750 trabalhadores, o sindicato negocia o PDV com a GM com foco em aposentados e pré-aposentados.
De acordo com o sindicato, a unidade conta com 130 funcionários aposentados e 900 em fase de pré-aposentadoria - o número supera o número médio de demissões previstas.
Para os demais trabalhadores, a GM enviou uma proposta que prevê 36 meses adicionais de convênio médico após o desligamento e 10 salários.
Avaliação
Na GM há 24 anos, o analista de qualidade Altair Vieira votou favorável ao pacto. "Votei na tentativa de garantir o meu emprego e o dos meus colegas. Quanto ao pessoal do MVA, acredito que é preciso continuar a luta até o fim, para garantir todos empregos", afirmou ao G1.
Para Renato André da Silva, há 8 anos na unidade PowerTrain, a proposta não é ideal. "Votei a favor. Já trabalhei no MVA, mas acredito que as demissões são algo que não é possível reverter mais, infelizmente", disse.
Opinião diferente tem o operário Ivan Caetano de Souza, da unidade que produz a picape S10. "Todos votaram a favor porque estão no limite, com a corda no pescoço. Mas não podemos negar que esse foi o pior acordo que já aconteceu", afirmou o trabalhador que está há 15 anos na GM e se absteve na assembleia.
A GM afirma que o futuro do complexo industrial de São José dos Campos, que emprega cerca de 6 mil trabalhadores, depende do acordo e consequente atração de novos investimentos. Para tentar atrair o aporte, a Prefeitura de São José dos Campos ofereceu benefícios como a isenção de impostos e a construção de um distrito industrial para alocar fornecedores da cadeia produtiva da montadora na cidade.