Edição do dia 14/06/2013

14/06/2013 11h30 - Atualizado em 14/06/2013 11h32

Polícia Militar utiliza violência para reprimir protesto em São Paulo

A Tropa de Choque disparou bombas de gás, bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha. Dezenas de pessoas ficaram feridas.

Uma noite de violência e pânico em São Paulo. O quarto dia de protestos contra o aumento da tarifa do transporte público transformou as ruas da maior cidade do país em um cenário de guerra.

Foram seis horas de protesto. Dessa vez, a polícia endureceu a repressão, agindo com violência. Duzentas pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas. Muita gente que não fazia parte do protesto também ficou no meio de tiros e pedras.

No quarto dia de protestos contra o aumento da tarifa de ônibus, a repressão policial foi mais intensa.

Uma noite que terminou com mais de 200 presos, muitos feridos, e população assustada.

Não era o que o movimento pedia. Os manifestantes se reuniram em frente ao Teatro Municipal. A polícia revistou quem estava de mochila. E já prendeu dezenas de pessoas antes mesmo da passeata.

Quando enfim começou, a marcha seguiu pacífica. Mas a tranquilidade acabou logo. Apenas meia hora depois, quando os manifestantes tentavam subir uma das principais ruas da cidade. 

“A orientação é a que eles não subam a Consolação em direção à Paulista. Isso me parece bastante claro, é só questão de cumprir acordo, agora se não é para cumprir acordo, não reclame do resultado”, declara um policial.

Foi o prenúncio do que viria. Do alto, deu para ver o tamanho da guerra. Os confrontos durariam mais de quatro horas.

Dessa vez, o tumulto acontece no meio de muita gente, no meio da população. A Tropa de Choque disparou bombas de gás, bombas de efeito moral, tiro de balas de borracha. Motoristas ficaram parados no trânsito entre os manifestantes. “Todo mundo preso no posto, tivemos que se abrir aqui dentro para fugir dos gases, estava muito intenso”, conta um homem.

“Todo lugar que você vai você vê policial, você vê gente com rosto tampado”, diz uma mulher .

Os manifestantes começaram a se dispersar, mas os confrontos continuaram.

Após uma hora de confronto na Consolação, de um lado os manifestantes, que estavam mais dispersos, e de outro a polícia, com gás lacrimogêneo, bombas de pimenta e balas de borracha.

Mais um momento tenso no confronto da polícia com os manifestantes. Os manifestantes desceram em direção à cavalaria da Polícia Militar, que estava posicionada na Rua da Consolação. Já eram quase duas horas de confronto. Os manifestantes iam com os braços levantados.

Alguns manifestantes encararam os policiais: “Vocês são cidadãos antes de polícia!”, diz uma menina.

Um jovem foi atingido por bala de borracha a uma curta distância. Uma repórter do jornal Folha de São Paulo foi atingida por uma bala de borracha da tropa de choque. O jornal diz que outros seis profissionais também ficaram feridos. Entre eles, um fotógrafo.

O clima tenso continuou em outros pontos da cidade. Na Avenida Doutor Arnaldo, uma importante avenida da capital paulista, uma região de muitos hospitais, como Hospital do Coração, Hospital Emilio Rias, gente voltando do trabalho, tropa de choque, manifestantes, uma cena impressionante.

O protesto continuou na Avenida Paulista, por onde já tinham passado as outras três manifestações pela redução da tarifa. Até quem voltava para casa, dentro dos ônibus, sofreu com o gás pimenta.

Em um bar, a polícia deu ordem para as pessoas saírem. “Chegaram na borrachada, mandando fechar o bar. Se eu quisesse fazer uma queixa como um cidadão comum conta um policial pela forma que ele me tratou eu posso, porque ele não tem identificação nem a patente que ele tem”, diz um homem.

“A ação da polícia foi extremamente desproporcional e é prova de que o movimento pacífico está sendo duramente reprimido”, declara a ativista Mayara Vivian.

“A Polícia Militar tem o dever legal de agir, e nós estamos agindo e vamos agir sempre que se fizer necessário”, declara um policial.

A Secretaria de Segurança Pública disse que vai investigar a ação da PM no protesto desta quinta. Autoridades falaram sobre a violência das manifestações na cidade.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, determinou a abertura imediata de investigações, pela corregedoria da PM, para apurar os fatos envolvendo agressões de policiais militares a manifestantes e jornalistas.

Enquanto o protesto acontecia, o porta-voz da Polícia Militar falou sobre o direito de manifestação da população. “A Policia Militar faz com que haja o direito de manifestação legitima”, afirma Marcel Soffner

“O que a gente percebe é que é um movimento político, pequeno, mas muito violento?”, diz Geraldo Alckmin, quee nega a cogitação à redução de tarifas.

Em entrevista coletiva, o prefeito Fernando Haddad também negou que haverá redução das tarifas e repudiou a violência. “São Paulo está acostumada com manifestações. Não é novidade para a cidade de São Paulo. O que a cidade não aceita é a forma violenta de se manifestar e se expressar. Com isso, a cidade não compactua. O valor será mantido porque ele está muito abaixo da inflação acumulada”, declara Haddad.

“Eu acho que São Paulo convive muito bem com a educação pacífica, com manifestações, com protestos, com contestações, mas não convive bem com a violência. Quando há violência por parte dos manifestantes, como foi o caso do policial agredido, a população repudiou. Quando há o abuso policial, também a população repudia”, declarou o prefeito Fernando Haddad.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ofereceu ajuda ao prefeito e ao governador e colocou o Governo Federal à disposição para o que for necessário.

O prefeito Fernando Haddad disse que a tarifa foi ajustada abaixo da inflação, que o subsídio ao sistema de ônibus é de R$ 600 milhões e que não haverá redução de tarifa.

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